MUDANÇA DO CLIMA
A agenda do clima tornou-se protagonista invariável da relação entre os países e o carbono caminha para ser a nova commodity mundial
Para limitar o aumento da temperatura global em 1,5°C até o final do século, os países signatários do Acordo de Paris estão sendo demandados a apresentar metas cada vez mais ambiciosas de redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE). Isso porque os efeitos devastadores das mudanças climáticas já são uma realidade e estão sendo contabilizados em perdas humanas e financeiras.
Para o setor industrial, os impactos da mudança do clima estão ligados principalmente à necessidade de grandes investimentos, ao desenvolvimento de tecnologias para a redução de emissões de gases de efeito estufa (GEE) e a eventos climáticos extremos, como secas, enchentes e deslizamentos de terra.
Os países têm reconhecido a urgência dessa agenda e apresentaram, por meio das suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), medidas para conter o aquecimento até 2030, com vistas à neutralidade climática até 2050. Portanto, as mudanças climáticas têm exigido cada vez mais capacidade adaptativa dos setores econômicos e ações coordenadas e multidisciplinares dos governos.
A agenda do clima tornou-se protagonista invariável da relação entre os países e o carbono caminha para ser a nova commodity mundial. A tendência global é de uma mudança brutal nos serviços de infraestrutura, no acesso a financiamentos, nas condições de atração de investimento externo e nos requisitos de admissão a mercados consumidores internacionais, levando-se em consideração toda a cadeia de valor dos produtos.
Do ponto de vista de redução das emissões de GEE, a pandemia de Covid-19 teve um efeito pontual, mas deixou profundas marcas nos países que, como o Brasil, precisam implementar pacotes de recuperação ambiciosos e sustentáveis, sem espaço fiscal e com regras de acesso a financiamento externo cada vez mais rigorosas. E diante desse cenário, o financiamento do clima desempenha um papel crítico ao ajudar os países em desenvolvimento a combater as mudanças climáticas e se adaptar aos seus impactos.
A indústria é parte relevante de uma agenda positiva de retomada do desenvolvimento econômico sustentável do país; um agente catalisador das potencialidades brasileiras, capaz de dinamizar um ciclo virtuoso de geração de emprego e renda em direção a uma economia de baixo carbono.
Diante dessa conjuntura, a CNI elaborou um conjunto de recomendações a serem desenvolvidas conjuntamente entre governo e indústria, visando acelerar a implementação de programas e tecnologias necessários ao avanço rumo à redução de emissão de GEE, nos curto e médio prazos, e à neutralidade climática, em 2050 para a consolidação da agenda de baixo carbono.
Essas propostas estão baseadas em 4 pilares: transição energética, mercado de carbono, economia circular e conservação florestal.
Mensagens-chave
A definição de uma estratégia de país ampla e integrada com políticas que criem um ambiente favorável para investimentos é chave estrutural para reduzir as emissões de GEE.
O estabelecimento de governança institucional e coordenação de esforços entre governo e setor produtivo é fundamental para garantir mais transparência e cumprimento dos compromissos assumidos no âmbito do Acordo de Paris.
O aumento do percentual de energias renováveis e biocombustíveis na matriz energética, o investimento em novas tecnologias de baixo carbono, como o hidrogênio e CCS, são ações imprescindíveis para consolidar a economia de baixo carbono do país.
A produtividade e competitividade da indústria brasileira por meio da promoção e valorização de práticas alinhadas ao conceito de Economia Circular contribui para a redução das emissões de GEE.
A conservação florestal é relevante pelo princípio do desmatamento evitado e consequente armazenamento de carbono.
Agenda prioritária 2022
Debater a estratégia de descarbonização da indústria nacional.
Articular a aprovação de lei para regulamentar o mercado regulado de carbono, e apoiar sua implementação.
Implementar o Programa Aliança II, uma parceria da CNI com a Eletrobras que tem como objetivo melhorar a eficiência energética de processos industriais.
Publicar estudo contendo a atualização da arquitetura de financiamento climático global.
Capacitar a indústria nacional quanto à difusão de informações, conhecimentos e boas práticas para a promoção de um sistema nacional de Mensuração, Relato e Verificação (MRV) de emissões e remoções de gases de efeito estufa (GEE).
Publicar estudo contendo experiências internacionais, oportunidades e desafios para desenvolvimento e uso do Hidrogênio no Brasil.
Articular a participação da indústria brasileira na 27ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 27), visando ampliar a representação do setor nos debates.
Estudos e análises
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