BIOECONOMIA
A indústria pode ser protagonista no uso eficiente e sustentável dos recursos naturais e no aproveitamento da biodiversidade brasileira
Aproximadamente 40% da economia global é fundamentada em produtos derivados da biodiversidade e seus componentes. Inovações relacionadas ao uso sustentável da biodiversidade são conduzidas pela indústria na produção de biocombustíveis e na fabricação de insumos para setores como o alimentício, químico, têxtil, farmacêutico e de cosméticos.
O Brasil é o país que detém a maior biodiversidade do mundo, o que deve ser visto como um ativo econômico com muitas oportunidades de negócios. Transformar esta vantagem comparativa em competitiva exige investimento, conhecimento e estratégia para tornar o país uma potência em bioeconomia. A indústria tem papel fundamental na exploração dessas oportunidades, cabendo ao governo a regulação adequada.
Uma das iniciativas necessárias é a valoração da biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos. Ao quantificar o valor econômico da biodiversidade, pode-se propor políticas públicas que a conservem e estimulem seu uso sustentável, de modo a inserir esta atividade em um modelo de desenvolvimento que traga benefícios sociais e econômicos.
Essa perspectiva econômica contribui para uma melhor gestão e restauração dos recursos naturais. Segundo o Panorama Ambiental da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), se não houver novos esforços para frear a perda de biodiversidade, mais de 10% desses recursos serão perdidos em quarenta anos, até 2050. A perda da biodiversidade e o declínio dos serviços ecossistêmicos são fatores de riscos para o setor produtivo, que, cada vez mais, tem buscado meios para diminuir seus impactos na biodiversidade.
A aprovação do marco regulatório de Acesso ao Patrimônio Genético e ao Conhecimento Tradicional Associado, em 2015, foi o primeiro passo nessa trajetória. O desafio agora é a construção de políticas de uso sustentável com base nesse marco. Empresas de diversos segmentos demonstram interesse em ampliar investimentos no uso da biodiversidade. Esse é o momento de agir para impulsionar essa tendência.
Mensagens-chave
Empreendimentos que envolvam o uso sustentável da biodiversidade necessitam de instrumentos de financiamento e estímulo ao capital de risco.
O novo regime legal de acesso aos recursos genéticos possibilita um cenário mais atrativo para investimento em pesquisa com a biodiversidade brasileira. É fundamental, no entanto, o desenvolvimento de instrumentos de financiamento e estímulo ao capital de risco para empreendimentos que envolvam o uso sustentável da biodiversidade.
O uso sustentável da biodiversidade minimiza riscos ambientais e gera oportunidades para as empresas.
O setor empresarial tem papel fundamental no enfrentamento dos problemas ambientais, incluindo a perda da biodiversidade. O uso sustentável da biodiversidade minimiza o risco de extinção das espécies exploradas comercialmente, proporcionando oportunidades de negócios com sustentabilidade.
É fundamental que existam investimentos em P&D relacionados à biodiversidade.
A ampliação de investimentos da indústria em biodiversidade passa pela formação de ecossistemas de inovação. Esses ecossistemas devem estruturados em P&D, para desenvolvimento de novos bens e serviços com base em recursos da biodiversidade.
É essencial a participação da indústria nas discussões sobre o acesso a patrimônio genético no país.
A Lei da Biodiversidade possibilitou o ingresso da indústria nas discussões sobre patrimônio genético. Essas discussões contribuem ativamente para a construção de políticas públicas que influenciam o ambiente de negócios.
Agenda prioritária 2023
Analisar e elaborar posicionamento sobre a internalização do Marco Global de Biodiversidade de Kunming-Montreal no Brasil considerando a realidade nacional.
Articular com governo e partes interessadas para a internalização do Marco Global de Biodiversidade de Kunming-Montreal em plano nacional de metas para a biodiversidade.
Defender o posicionamento da indústria, assim como articular com o governo federal e partes interessadas, em colegiados nacionais e comitês internacionais relacionados à biodiversidade e bioeconomia.
Elaborar e realizar curso de capacitação sobre o marco legal da biodiversidade (Lei 13.123/2015), em pelo menos três regiões do país.
Articular com governo federal e partes interessadas para estabelecimento de uma governança para bioeconomia no Brasil.
Articular com base industrial para disseminação de metodologias utilizadas para avaliar impactos, dependências e riscos dos negócios sobre a biodiversidade.
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