MUDANÇA DO CLIMA
A agenda de mudança do clima deixou a esfera estritamente ambiental e hoje influencia diretamente a competitividade econômica
A indústria brasileira apresenta o segundo melhor desempenho em termos de emissões de gases de efeito estufa (GEE) entre os setores econômicos, de acordo com a 3ª Comunicação Nacional do Brasil à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima. Esse esforço posiciona o setor como parte das soluções para a consolidação da economia de baixa carbono no país.
Com a ratificação do Acordo de Paris, em 2016, o Brasil se comprometeu a reduzir em 37% as emissões absolutas de GEE até 2025 e também indicou a redução de 43% até 2030, conforme apresentado em sua Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC).
Estudos desenvolvidos pela CNI mostraram que os investimentos para a implementação da NDC são da ordem de US$ 36 bilhões para o setor sucroenergético, e de US$ 81 bilhões para o setor elétrico.
Os impactos das mudanças climáticas para a indústria estão relacionados às necessidades de grandes investimentos, ao desenvolvimento de tecnologia e a eventos climáticos extremos (secas, enchentes e deslizamentos de terra), que já impactam a competitividade das empresas e trazem à tona a necessidade do gerenciamento de risco.
Assim, o foco deve ser a melhoria da eficiência da indústria, sem gerar riscos aos negócios, e o enfraquecimento das cadeias produtivas e das exportações.
Entre 1996 e 2015, as perdas econômicas globais geradas por impactos da mudança do clima somaram US$ 3,08 trilhões, causando cerca de 528 mil mortes. No Brasil, os eventos climáticos extremos representaram perdas de até R$ 355,6 bilhões entre 2002 e 2012, segundo estudo do Itaú, de 2017.
Se por um lado, há grandes perdas econômicas, por outro, há também oportunidades de negócios. Entidades internacionais, a exemplo da Climate Policy Initiative (CPI), indicam que os fluxos financeiros globais voltados para ações de redução de emissões de GEE e adaptação aos impactos da mudança do clima ultrapassaram a marca de US$ 500 bilhões de dólares entre 2017 e 2018.
Para o Brasil, que possui diferenciais competitivos positivos em relação aos seus principais competidores internacionais, é grande o potencial para a geração de novos negócios que podem contribuir para a consolidação de uma economia de baixo carbono.
Isso representa oportunidade para a indústria, setor que possui o maior poder de alavancagem econômica - a cada R$ 1 produzido, são gerados R$ 2,32 na economia brasileira. As empresas industriais são também responsáveis por 21% do PIB nacional e pela geração de cerca de 10 milhões de empregos.
Diante dessa conjuntura, em 2018, a CNI, em parceria com o governo federal, elaborou um conjunto de recomendações para a consolidação da agenda de baixo carbono e adaptação industrial à mudança do clima.
Essas propostas estão baseadas em sete pilares estratégicos: governança, financiamento, competitividade, energia, tecnologia e inovação, florestas e adaptação à mudança do clima.
Mensagens-chave
A simples taxação de emissões de GEE deve ser rejeitada. A indústria já possui elevada carga tributária.
A implementação pela indústria dos compromissos assumidos pelo Brasil no Acordo de Paris requer uma avaliação integrada dos seus efeitos sobre a competitividade da sua cadeia de valor.
O financiamento é chave para a mudança estrutural requerida.
O setor de florestas e mudança no uso da terra tem grande relevância para as atividades de mitigação de emissões e adaptação industrial às mudanças climáticas.
A adoção de tecnologias para mitigação de emissões e adaptação industrial aos impactos da mudança do clima deve considerar a realidade da indústria brasileira.
As variações climáticas impactam a indústria pelo seu efeito sobre a disponibilidade de recursos naturais, energia e infraestrutura.
Estudos e análises
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Propostas da Indústria para a Agenda de MRV de Inventários de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa
Fevereiro/2021
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Mecanismo de Desenvolvimento Sustentável e Competitividade Industrial
Novembro/2020
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Financiamento para o Clima: Guia para Otimização de Acesso pela Indústria.
Novembro/2020
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Indústria Resiliente - Um Guia para a Indústria se Adaptar aos Impactos da Mudança do Clima - Diretrizes Gerais
Novembro/2020