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18 de Janeiro de 2018 às 14:30

"Avanço da biotecnologia depende de políticas públicas de investimento", alerta especialista

Inovação já causa impactos em setores relevantes da economia – como saúde humana, agronegócio e meio ambiente –, mas pode evoluir mais ainda

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Você imagina o mundo sem vacinas e novos medicamentos? Ao combinar engenharia genética, biologia celular e ciência da computação, a biotecnologia moderna possibilita inovações que eram impensáveis até bem pouco tempo. Aqui vão alguns exemplos: produção de novos medicamentos e vacinas em larga escala utilizando microrganismos, obtenção de plantas muito mais produtivas e resistentes a pragas e a estresses climáticos, desenvolvimento de testes diagnósticos mais precisos e menos invasivos e utilização de bactérias e fungos modificados para eliminar poluentes em diferentes ambientes. 

A partir da biotecnologia, é possível manipular seres vivos ou partes deles e, assim, gerar produtos e processos cuja obtenção não era possível, ou viável, pelos métodos tradicionais da indústria química e da agricultura. Segundo o professor Carlos Alberto Moreira-Filho, especialista em biotecnologia e professor da Universidade de São Paulo (USP), esta inovação está dinamizando setores clássicos da economia, como o farmacêutico e o de agroindústria. “Nos últimos 10 anos, tivemos muito ganhos na medicina diagnóstica, na área de vacinas e de novas terapias, e no diagnóstico por imagem. Na agricultura, novas variedades de plantas resistentes a pragas e ao estresse hídrico, por exemplo”, diz Moreira-Filho. 

Na agroindústria, Moreira-Filho menciona os benefícios da biotecnologia para o uso de agrotóxicos em menor escala, além do aumento da produtividade. “Precisamos levar em conta o crescimento populacional nas próximas décadas e todas as consequências disso, como o aumento do consumo de alimentos”, explica. 

Na primeira parte do estudo do Indústria 2027, a biotecnologia se destacou como inovação com impactos disruptivos nos setores químico, farmacêutico e na agroindústria já no presente, tendo ficado atrás apenas da tecnologia de materiais avançados. Moreira-Filho justifica que o destaque desta inovação se deve ao fato de a biotecnologia estar relacionada a setores tradicionais da economia, com grande volume de investimento e de negócios, cuja taxa de retorno depende crescentemente de inovações tecnológicas. “Além disso, trata-se de uma área de convergência tecnológica, o que significa que inovações em outras áreas, como computação e novos materiais, devem continuar a ocorrer para que a biotecnologia também avance”, contextualiza.  

O especialista também adverte que, para que a biotecnologia evolua, são necessárias políticas públicas de investimento em áreas do conhecimento que contribuem para a biotecnologia, como genômica, biologia celular e e-Science. “É preciso um investimento continuado em programas de pesquisa e formação de recursos humanos. Continuidade é, muitas vezes, mais importante do que quantidade”, conclui. 

A biotecnologia é uma das inovações disruptivas avaliadas pelo projeto Indústria 2027. Que mudanças ela vai continuar causando setores como a farmacêutica? Acompanhe as novidades e fique por dentro!

Por Sarita González

Ilustração: Rafael James