SENAI firma parceria com a Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha para projetos de inovação
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25 de Outubro de 2017 às 16:30
CNI, SENAI, SESI e IEL colaboram com políticas inovadoras para o país
Sistema Indústria atua de forma integrada para reverter o atraso nas políticas de pesquisa e desenvolvimento. Segundo o diretor Rafael Lucchesi, o desafio é fazer da inovação uma estratégia permanente das empresas. Leia na terceira e última parte do especial O Brasil que Inova


Uma lâmina alveolada de papel com revestimento de cera reduziu em até 80% o custo da produção de mel e aumentou a resistência do produto em relação às traças. O projeto custou R$ 253 mil e só saiu do papel em razão do então Edital SENAI SESI de Inovação, que destinou recursos, ofereceu consultoria e deu suporte de infraestrutura à Cooperativa para o Desenvolvimento da Apicultura do Nordeste (Coodapis), instituição que conduziu o trabalho inovador no interior de Pernambuco. A iniciativa incluiu também a criação de um equipamento para fabricação das lâminas em escala industrial. Reformulado em 2017, o Edital passou a se chamar Edital de Inovação para a Indústria, e é só um exemplo da atuação do Sistema Indústria no desenvolvimento da inovação no país.
As quatro instituições do Sistema Indústria estão integradas em uma ampla agenda voltada para políticas de pesquisa, desenvolvimento e inovação em busca de reverter o histórico atraso do Brasil, que aparece apenas na 69ª posição mundial no ranking dos países mais inovadores. A Confederação Nacional da Indústria (CNI), o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), o Serviço Social da Indústria (SESI) e o Instituto Euvaldo Lodi (IEL) acumulam diferentes iniciativas, a maior parte integrada à Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI), para modificar essa triste realidade do país, que sofre com a falta de investimento e de incentivos à inovação por parte dos governos.
Coordenada pela CNI, a MEI tem como principal objetivo estimular a estratégia inovadora das empresas brasileiras e ampliar a efetividade das políticas de apoio à inovação, por meio da interlocução entre a iniciativa privada e o setor público, destaca o diretor de Educação e Tecnologia da CNI, Rafael Lucchesi, que acumula também os cargos de diretor-geral do SENAI e diretor-superintendente do SESI.
“O advento da Mobilização Empresarial pela Inovação teve um papel importante no desenvolvimento dessa cultura empreendedora no país. A MEI é liderada pela CNI, conta com a participação dos principais CEOs brasileiros e tem um papel muito importante de estabelecer uma interlocução com os principais gestores do governo federal na agenda de inovação”, afirma Lucchesi.

LIDERANÇAS – O Comitê de Líderes Empresariais da MEI é constituído por 200 das maiores lideranças empresariais do país. O grupo se reúne periodicamente em encontros com a presença de representantes do governo federal onde são discutidos e definidos caminhos para potencializar a inovação no setor empresarial brasileiro, bem como avaliar as ações já em curso de estímulo à agenda no país. Entre as iniciativas da MEI destacam-se diagnósticos e estudos, colaboração com políticas do governo, apoio para empresários inovarem e imersões para ecossistemas de inovação no Brasil e no exterior em grupos que reúnem integrantes de empresas, governo, agências de fomento e universidades.
A diretora de Inovação da CNI, Gianna Sagazio, lembra que a MEI tem trabalhado para desenvolver uma estrutura de financiamento e um marco regulatório mais avançado para o país. “Entendemos que muitos avanços foram feitos nos últimos anos, mas ainda temos que avançar em aspectos como marco regulatório. Os países inovadores tratam a inovação como estratégia de desenvolvimento do país, uma vez que a inovação requer investimentos de longo prazo”, enfatiza Gianna.
Integrante da MEI e diretor-executivo da PPI Multitask, Marcelo Pinto conta que a MEI foi decisiva para abrir portas e alavancar a adoção de tecnologias inovadoras na empresa de manufacturing e automação. “Depois de uma imersão à Alemanha, em 2016, voltei com ideias e bagagem para implementar a Indústria 4.0 em nossa produção, a partir de melhorias incrementais. A Alemanha usa tecnologias que estão ao nosso alcance, mas é preciso buscá-las para inovarmos no Brasil e é isso que a MEI nos proporciona com as imersões”, destaca.
“Estou hoje em um novo espaço de mercado graças àquela imersão. Acelerei muito a inovação na empresa e estou realizando projetos de Indústria 4.0. Não estaria tão bem preparado se eu não tivesse feito a imersão. Consegui rever processos internos de inovação e criei um produto específico para a Indústria 4.0, que já estamos comercializando”, acrescenta Marcelo Pinto.

Foi por meio do Inova Talentos que o então estudante Gustavo Santos produziu um sistema inovador de compressão variável para otimizar motores de carro quando utilizado o combustível etanol. Engenheiro mecânico na Boch, ele participou como bolsista do programa e acabou contratado pela multinacional para dar continuidade ao projeto que desenvolveu no interior de São Paulo em uma das plantas da empresa alemã.
De acordo com o superintendente nacional do IEL, Paulo Mól, o principal foco do Inova Talentos é convencer o setor empresarial a criar um movimento voltado para a inovação. “O objetivo é fazer com que cada vez mais as empresas se tornem inovadoras. O aluno bolsista do Inova Talentos sai, no mínimo, treinado em competências e habilidades requeridas no mercado e a relação custo-benefício para as empresas é enorme”, observa. “No mundo todo, o grosso das inovações acontece nas startups. No Brasil, elas estão desprotegidas, não têm acesso a recursos suficientes”, acrescenta Mól.
GESTÃO DA INOVAÇÃO - A gestão da inovação é a chave para que o fluxo das ideias e a execução dos projetos de PD&I sejam eficientes e minimizem os riscos associados. Para apoiar as empresas, o IEL desenvolveu um processo com nove etapas e seis soluções. Uma delas, o diagnóstico da maturidade em gestão da inovação, é disponibilizado gratuitamente no site iel.org.br/gestaodainovacao.
Outra ação de incentivo à agenda de inovação é o Convênio CNI, SESI, SENAI e Sebrae, que, por meio de 25 federações e regionais do Sebrae, realiza consultorias para micro e pequenas empresas industriais. São mais de R$20 milhões para 800 empresas, em projetos de até R$ 25.700, em que as empresas têm a maior parte do valor subsidiado.
INSTITUTOS DE INOVAÇÃO – Com soluções voltadas à indústria do futuro, a rede de 25 Institutos SENAI de Inovação revoluciona há cinco anos a maneira de inovar no país e a cultura de inovação. Integradas a empresas e à academia, as unidades passaram a ser importantes atores no ecossistema de inovação brasileiro ao investir em pesquisa aplicada e no uso do conhecimento científico para o desenvolvimento de novos produtos e processos inovadores que chegam ao mercado consumidor.
É o caso do Instituto SENAI de Inovação em Automação da Produção, sediado no campus integrado do SENAI-Cimatec em Salvador, que desenvolve anualmente inúmeros produtos inovadores. Um dos destaques é o chamado Flatfish, um robô autônomo, produzido em parceria com a Shell, capaz de planejar e executar missões para verificar dutos de exploração de petróleo no fundo do mar. O equipamento será uma importante ferramenta na exploração de óleo e gás em águas profundas, permitirá a redução de custos de operação e levará maior segurança operacional e ao meio ambiente.

O SENAI tem ainda um importante papel no Programa Brasil Mais Produtivo, promovido em parceria com o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC). O projeto começou a levar a Indústria 4.0 para empresas, por meio de tecnologias que elevam a produtividade e reduzem os custos. São os casos das indústrias alimentícias de Santa Catarina Lunã e Rineli, que, em poucos meses, registraram queda nos desperdícios por meio de um sistema de digitalização e conectividade desenvolvido pelo programa que permite o monitoramento em tempo real de toda a produção.
QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL – A preparação de profissionais inovadores com o perfil requisitado por empresas mais tecnológicas também é uma preocupação do Sistema Indústria. Afinal, essas empresas estão cada vez mais alinhadas à realidade da Indústria 4.0. A capacitação é voltada tanto para alunos das escolas do SESI e do SENAI quanto para executivos e empresários, que frequentam cursos do IEL como o de gestão da Inovação. Em outra vertente, o Fórum IEL Profissionais Inovadores tem trazido à tona nas cidades por onde passa os desafios do mercado de trabalho e debates entre especialistas sobre as profissões e seus futuros.
Futuro que o SESI quer garantir com maior segurança e saúde para os trabalhadores. Por isso, a instituição se tornou referência em soluções técnicas e tecnológicas para desafios de SST. Os oito Centros de Inovação SESI no país desenvolvem estudos avançados nas áreas de prevenção da incapacidade, economia para saúde e segurança, ergonomia, tecnologias para a saúde, entre outras capacidades. Essas unidades atuam junto a parceiros internacionais de referência como o Instituto Finlandês de Saúde Ocupacional (FIOH), a Universidade John Hopkins, dos Estados Unidos, e a TNO, da Holanda.
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Por Diego Abreu
Edição: Aerton Guimarães
Fotos: José Paulo Lacerda e Miguel Ângelo
Da Agência CNI de Notícias
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