Planejamento da infraestrutura precisa ouvir necessidades do setor produtivo

O objetivo é estimular a produção e garantir a competitividade da economia do país

Sérgio Longen, senadora Kátia Abreu, governador André Puccinelli, Robson Braga de Andrade, vice-governador José Eliton de Feguerêdo Júnior, e Olivier Gerard

A indústria e os demais segmentos do setor produtivo brasileiro precisam de um sistema de infraestrutura logística integrado e eficiente para estimular a produção e garantir a competitividade da economia do país. Para avançar nessa direção, segundo o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, o Brasil precisa planejar já o futuro de sua estrutura de transportes, observando as necessidades das cadeias produtivas regionais. "A redução do déficit da infraestrutura é questão-chave para o crescimento vigoroso e sustentado do Brasil, e para aumentar a competitividade da indústria nacional”, defende. 

Os gargalos e desafios da infraestrutura brasileira foram discutidos neste terça-feira (29), na CNI, no lançamento do Projeto Centro-Oeste Competitivo, um detalhado diagnóstico do sistema logístico da região. Quarto da série de estudos regionais de competitividade, o Centro-Oeste Competitivo identifica 10 eixos prioritários, englobando 108 obras em diversos modais (rodovias, ferrovias, hidrovias e portos), que exigem R$ 36,4 bilhões em investimentos. Se fossem concluídos, esses projetos propiciariam uma economia de R$ 7,2 bilhões em custos com transporte, com base na movimentação de cargas projetada para 2020. 

“A falta de planejamento estratégico está nos prejudicando" - Kátia Abreu

PARCERIA – O Projeto Centro-Oeste Competitivo  é resultado de parceria da CNI com as federações estaduais da indústria e da agricultura da região, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).  A presidente da CNA, senadora Kátia Abreu, relatou que o custo do frete no Brasil subiu 204% nos últimos dez anos, muito mais que o aumento de 82%  registrado nos Estados Unidos e de 54% na Argentina. Segundo ela, isso é consequência direta da baixa eficiência e integração precária da infraestrutura de transportes do país. “A falta de planejamento estratégico está nos prejudicando, o país precisa ter planejamento futuro”, defendeu. 

O governador de Mato Grosso do Sul, André Puccinelli, elogiou o esforço conjunto de CNI e CNA com as federações estaduais da indústria e da agricultura para desenvolver um projeto que identifique os gargalos e ofereça ao poder público subsídios para planejar melhor a logística do Centro-Oeste e do país. Ele citou, por exemplo, a relevância da Hidrovia do Paraguai, um dos dez eixos prioritários identificados pelo Projeto Centro-Oeste Competitivo, no escoamento da produção sul-mato-grossense e a necessidade de ampliar o seu uso. “Hoje mais de 80% do minério da região de Corumbá saem pela hidrovia, mostrando a importância desta rota”, afirmou. 

DESENVOLVIMENTO REGIONAL – O presidente da Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul (Fiems), Sérgio Longen, destacou a ação conjunta do setor produtivo para identificar gargalos comuns, que prejudicam o escoamento da produção industrial e agrícola. Ele argumenta que as altas taxas de crescimento da economia do Centro-Oeste exigem que as obras estruturantes saiam já do papel, para evitar o agravamento dos gargalos existentes. “Precisamos ser os indutores dessas ações, reduzindo o custo logístico e garantindo a competitividade de nossa produção”, afirmou. 

Na opinião do presidente da Federação das Indústrias de Goiás (Fieg), Pedro Alves de Oliveira, o Centro-Oeste precisa de obras urgentes para comportar o crescente fluxo de cargas na região. O Projeto Centro-Oeste Competitivo, afirma, sinaliza para o poder público as soluções para os gargalos de infraestrutura que precisam ser solucionados prontamente. “Um grande salto nas obras de infraestrutura precisa ser dado para que não se puxe o freio-de-mão do grande desenvolvimento econômico e social que a região tem experimentado”, disse. 

O diretor-secretário da Federação das Indústrias de Brasília (Fibra), Márcio Franca, apontou como projetos prioritários a ampliação e melhorias das malhas rodoviárias para integrar as cadeias produtivas do Centro-Oeste. Ele afirmou que o caminho para que as obras saiam do papel com mais celeridade é pela união dos governadores da região para que, por meio das bancadas estaduais no Congresso Nacional, repassem as prioridades para o governo federal. “Sem a integração da infraestrutura e da economia da  região ficará mais difícil o Centro-Oeste crescer”, argumentou. 

Para o presidente da Federações da Indústrias do Mato Grosso (Fiemt), Jandir Milan, o Projeto Centro-Oeste Competitivo é o mais completo diagnóstico sobre a infraestrutura de logística da região. O mérito, segundo ele, é  a indicação dos gargalos que, se eliminados, trariam a maior redução dos custos logísticos para os produtores industriais e agrícolas da região. “Temos a oportunidade de concluir uma série de projetos que podem redesenhar a logística do país e que devem ser priorizados pelo governo federal numa região que está crescendo”,  defende. 

O governador do Mato Grosso do Sul, André Puccinelli, elogiou o esforço da CNI e da CNA

PODER PÚBLICO - Parlamentares da região Centro-Oeste lembraram que um projeto ambicioso, como o Centro-Oeste Competitivo, ajudará  o poder público no planejamento da infraestrutura de transportes do país. O senador Delcídio Amaral (PT-MS) lembrou que as deficiências na logística brasileira corroem as vantagens competitivas que o setor privado tem na linha de produção ou na lavoura. Destaca, porém, que o Brasil está “tropeçando” em infraestrutura e logística, com dificuldades e elevados custos para escoar a produção nacional. “As empresas têm tecnologia, inovação e pesquisa, mas perdem competitividade com a falta de rodovias, de ferrovias, de hidrovias e portos”, disse. 

A senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO) avaliou que, ao poder contar com um instrumento de planejamento da infraestrutura regional, como o Projeto Centro-Oeste Competitivo, a Superintendência de Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco) poderá alocar de forma mais inteligente e eficaz os recursos do Fundo Constitucional de Desenvolvimento do Centro-Oeste (FCO). “Um projeto que oriente as ações do FCO é muito bem-vindo, porque esse ano recursos destinados à infraestrutura foram realocados por falta de projetos”, afirmou. 

O senador Valdemir Moka (PMDB-MS), por sua vez, estimulou os empresários a apresentarem o Projeto Centro-Oeste Competitivo para governos federal e dos estados, como forma de reivindicarem as obras e eixos logísticos prioritários para as cadeias produtivas regionais. “O setor privado faz o dever de casa, como fez aqui, e leva o seu diagnóstico apontando para o setor público onde investir para eliminar os gargalos do Centro-Oeste e do país”, afirmou. 

Veja como foi o lançamento do projeto Centro-Oeste Competitivo nesta terça (29), em Brasília. O evento foi transmitido ao vivo aqui pelo Portal da Indústria: 

Relacionadas

Leia mais

As mais lidas da semana na Agência CNI de Notícias
SENAI apresenta soluções inovadoras para uso racional e sustentável da água
Sistema Indústria apoia Movimento Abril Verde

Comentários