Não dá mais para adiar a reforma da Previdência, diz diretor da CNI

Para José Augusto Fernandes, diretor de Políticas e Estratégias da CNI, crises econômica e da Previdência demandam uma reforma urgente

A população brasileira está cada vez mais consciente da necessidade de implementar mudanças no regime previdenciário. Pesquisa feita pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) aponta que 75% dos brasileiros preferem mudanças nas regras do que pagar mais impostos. E as crises econômica e da Previdência exigem uma reforma urgente, avalia o diretor de Políticas e Estratégia da CNI, José Augusto Fernandes.

O diretor alerta que o governo precisa fazer um trabalho estruturado de comunicação à população. "As evidências dos países da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) demonstram que as pessoas estão mais dispostas a aceitar reformas da previdência quando são bem informadas sobre o custo, funcionamento da Previdência e regras das mudanças", afirma. Confira a entrevista completa sobre o tema:

AGÊNCIA CNI DE NOTÍCIAS - O governo instalou na última semana uma comissão com sindicalistas para discutir a Previdência. Não é a primeira vez que um grupo é formado para debater o tema. O senhor acredita que desta vez será possível avançar com a questão?

JOSÉ AUGUSTO FERNANDES - Não dá mais para adiar a reforma. Chegou o momento em função da gravidade da crise. Quando olhamos para frente, a dívida em relação ao PIB (Produto Interno Bruto) está crescendo ano a ano. Precisamos sustar esse crescimento. Se deixarmos para fazer isso daqui alguns anos, o governo terá cada vez mais dificuldade de honrar seus compromissos. O que estamos buscando é a solvência do país. E uma parte da resolução é dissolver o problema da Previdência. É algo que vários países do mundo fizeram nos últimos dez anos.

AGÊNCIA CNI DE NOTÍCIAS - O momento político permite que haja a aprovação da reforma?

JOSÉ AUGUSTO FERNANDES - Reformas na Previdência sempre são difíceis de serem aprovadas. Nenhum país aprova como se estivesse comemorando uma festa de fim de ano. Exigem um processo de comunicação muito estreito entre as lideranças políticas, entre os formuladores e é preciso convencer a população. Sempre vai ser um tema que divide, mas em geral, a população termina se convencendo da importância da reforma.

AGÊNCIA CNI DE NOTÍCIAS - O que vai acontecer se não forem feitas mudanças no regime previdenciário?

JOSÉ AUGUSTO FERNANDES - Uma solução é aumentar a carga tributária global da economia. Mas a carga do Brasil já é extremamente elevada e, para ter uma carga capaz de resolver o problema, o país vai deixar de crescer, o que agravará ainda mais os problemas da Previdência. Uma das formas de financiar melhor a Previdência é quando a economia cresce, já que você tem mais gente empregada que vai financiar o aumento do número de pessoas se aposentando. Ou seja, a discussão da Previdência é sobre a capacidade no futuro de você receber adequadamente o valor da sua aposentadoria ou pensão. Se o país deixa de fazer essas mudanças agora, essa conta vai aparecer mais adiante e as gerações futuras não vão conseguir se aposentar adequadamente.

REPRODUÇÃO DA ENTREVISTA - As entrevistas publicadas pela Agência CNI de Notícias podem ser reproduzidas na íntegra ou parcialmente, desde que a fonte seja citada. As opiniões aqui veiculadas são de responsabilidade do autor. Em caso de dúvidas para edição, entre em contato pelo e-mail [email protected].

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