No Brasil, maior parte da verba pública destinada à inovação vai para bolsas de estudo

Verba reservada para inovação passou de R$ 4 bilhões, em 2000, para R$ 25,8 bilhões em 2013

Nos últimos anos, a verba reservada para inovação cresceu no Brasil. Passou de R$ 4 bilhões, em 2000, para R$ 25,8 bilhões em 2013. Porém, o governo federal optou por destinar a maior fatia de recursos públicos à inovação para bolsas de estudo. A conclusão está em levantamento feito pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) , com base em dados do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Em 2013, 72,5% da dotação orçamentária brasileira para pesquisa e desenvolvimento (P&D) foram destinados ao avanço de conhecimento. Na Coreia do Sul, essa fatia é de 24,4%. Já nos Estados Unidos, apenas de 15,4%. Nessas duas últimas nações, referências em inovação, a maior parte do dinheiro público é alocada em áreas que envolvem pesquisa aplicada, projetos industriais e de alto impacto e valor agregado como, por exemplo, defesa, setor espacial e saúde.

Em 2013, o total da verba pública brasileira para P&D, de R$ 25,8 bilhões, representava 1,38% do total do orçamento executado pela União. Ao descontar tudo o que foi investido em bolsas de estudo e pós-graduação, aos projetos de inovação sobrou 0,57% do total do orçamento. Apesar de a maior parte dos recursos de inovação ir para avanço do conhecimento, chamam atenção os critérios de avaliação dos cursos de engenharia utilizados pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) no triênio 2010-2012. Ali, destacam-se os pesos mais altos para publicações, quantidade e qualidade de teses. Por outro lado, ao avaliar os cursos, o que menos conta é a aplicação dessas teses, desenvolvimento de produtos e impacto tecnológico. 

No Brasil, o investimento público em P&D ainda tem pouco reflexo no investimento empresarial. No Japão, por exemplo, enquanto 19% dos investimentos são públicos, 81% são privados; na China, essa relação é de 22% de público para 78% de privado; na Coreia são 23% públicos para 77% privados; na Alemanha, 31% dos investimentos são públicos para 69% privados. Do outro lado da gangorra, o pior exemplo é o da Argentina onde 79% dos gastos com inovação são públicos e 21% privados; na Rússia são 70% públicos e 30% privados e no Brasil a relação é de 59% de gastos públicos para 41% privados. 

Para a CNI, dosar melhor essa distribuição é questão de estratégia, para que gasto público em inovação alavanque o gasto privado. “Estamos na contramão dos países que apostaram em inovação e hoje são referência nessa área, como Japão, China, Coeria, Alemanha e Estados Unidos. Lá, a alocação dos recursos públicos estimula o investimento das empresas”, aponta Rafael Lucchesi, diretor de educação e tecnologia da CNI. 

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