Governo, academia e setor empresarial devem trabalhar juntos para estimular agenda de inovação no país, diz Paulo Mól

É a partir de investimentos em inovação que as empresas ganham produtividade e competitividade. Por isso, os investimentos em inovação são ainda mais necessários em períodos adversos

Inovação é um imperativo do mercado e não é por outra razão que os empresários inovam – ou pelo menos deveriam inovar. É a partir de investimentos em inovação que as empresas ganham produtividade e competitividade. Por isso, os investimentos em inovação são ainda mais necessários em períodos adversos.

No entanto, o cenário que se apresenta nas empresas brasileiras requer atenção. Seis em cada dez líderes que comandam negócios inovadores no Brasil avaliam como baixo o grau de inovação da indústria. A conclusão está em pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) , realizada com cem executivos de pequenas, médias e grandes empresas.

Os motivos que levam ao panorama negativo se enquadram em quatro eixos: pouca cultura de inovação nas empresas; falta de profissionais qualificados; insuficiência de recursos financeiros, especialmente nas modalidades de maior risco; ambiente de negócios inadequado para a pesquisa, o desenvolvimento e a inovação (P,D&I).

O estudo revela algo novo, pois transcende o argumento de que é necessário aprimorar a política pública. Traz a responsabilidade para o empresário, que precisa ocupar o seu espaço nessa agenda; e para a academia, que deve se mover em direção à inovação, que é quando o conhecimento, de fato, tem valor de mercado.

Trata-se, portanto, de uma agenda para o país, de um esforço coordenado para alavancar os gastos com Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação das empresas, melhorar a formação dos cursos de engenharia, simplificar o acesso ao financiamento, estreitar a relação entre a academia e as demandas tecnológicas da indústria.

A Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI) é algo novo e caminha nessa direção. Promove a interlocução entre os setores público e privado, mas é preciso avançar mais.

O relato dos entrevistados sinaliza, no entanto, uma situação muito positiva: a compreensão de que cabe às empresas contribuir para a inovação. Para metade dos líderes empresariais de pequenos e médios negócios, falta cultura de inovação na indústria brasileira.

Para os empresários, a formação de recursos humanos pode melhorar. Esse é um bom exemplo da necessidade de trabalho conjunto entre academia e empresa. Para 89% dos entrevistados, os profissionais não entram no mercado de trabalho suficientemente capacitados, reflexo da desconexão entre as habilidades requeridas pelas empresas – excelência técnica, habilidades de gestão, criatividade, proatividade e comunicação – e os conteúdos administrados na academia.

Foi no tema financiamento à inovação que as empresas reconheceram avanços. Entre as que inovam, 55% utilizaram recursos captados em instituições públicas na composição de fundos, principalmente em forma de crédito. Mas também é necessário ampliar os recursos não reembolsáveis, ideais para projetos mais ousados e de maior risco.

A pesquisa mostra que para 76% dos entrevistados os entraves legais dificultam a promoção da inovação na indústria. Esse é o recado mais contundente da pesquisa e a grande contribuição que o setor público pode dar à agenda de inovação: simplifique. Seja para a obtenção de incentivos fiscais, importação de equipamentos e tecnologia, acesso ao recurso público, ou registro de patente.

O que é muito animador na pesquisa é que, apesar da previsão de baixo crescimento para o país e de um ambiente pouco propício à inovação, 57% das empresas pretendem aumentar os investimentos nos próximos cinco anos. Sem dúvida, a inovação é o meio mais estratégico para a indústria crescer e colher resultados mesmo em cenários adversos.

Paulo Mól é superintendente nacional do Instituto Euvaldo Lodi - IEL
Artigo publicado em 4 de junho no site da Folha de S. Paulo

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