O poder público brasileiro deve definir um conjunto enxuto de prioridades claras, dotadas de metas e prazos para implementação, para que o país elimine os gargalos da competitividade nos próximos quatro anos. Com um número pequeno de reformas, o governo federal pode concentrar esforços e otimizar sua capacidade de articulação de ministérios e agentes políticos para alcançar os resultados necessários. “É preciso encontrar onde está a não-competitividade e exigir do governo que tenha essa visão clara das prioridades”, disse Jorge Gerdau Johannpeter, presidente do Conselho de Administração do Grupo Gerdau.
A construção urgente dessa agenda de reformas foi defendida, nesta quarta-feira (5), durante o painel Como garantir que a agenda de competitividade seja implementada , o segundo realizado no 9º Encontro Nacional da Indústria (ENAI). O debate reuniu ainda Luiz Fernando Furlan, membro do Conselho de Administração da BRF- Brasil Foods, e do consultor Gustavo Morelli, diretor da Macroplan. Os debatedores concordaram que, além de enxuta, a agenda precisa de uma estrutura central de governança para coordenar, definir metas e cobrar resultados. “Prioridade é preciso ter pouca, senão dispersa-se a ação. E definir prioridades é questão de gestão”, disse Furlan.
Os empresários reconhecem que, diante do amplo leque de reformas e medidas necessárias para melhorar o ambiente de negócios brasileiro, eleger um número reduzido de prioridades impõe um desafio ao governo. A falta de articulação entre ministérios, que nem sempre definem prioridades comuns, é um empecilho para executar ações da agenda de competitividade. “A agenda de competitividade exige coordenação interministerial e uma instância de governança para isso”, avaliou Morelli.
MODELO PRIVADO – Um caminho para que o poder público seja mais eficiente na definição de prioridades e execução de ações pode ser a adoção de práticas do setor privado. Os debatedores lembraram que as empresas, antes de tomar decisões, avaliam as opções para optarem pelo melhor projeto e que o governo tem aproveitado práticas gerenciais das empresas. É preciso, no entanto, adotar um modelo transparente de metas, definição de responsabilidades e prestação de contas dos resultados obtidos. “O setor poder público pode contar com a expertise do setor privado para melhorar a gestão de projetos e a qualidade do gasto público", disse Gerdau.
Outro ponto crucial para colocar a agenda de competitividade em marcha, segundo os empresários, é o apoio da Presidência da República. A criação de uma instância central de coordenação e governança que envolva o setor empresarial, sob a batuta de um executivo indicado pela presidente, é o ponto central da proposta da Confederação Nacional da Indústria (CNI) para o tema. “As prioridades precisam estar na agenda do presidente”, comentou Morelli.
REFLEXÕES PARA O PAÍS - O Encontro Nacional da Indústria, que ocorre anualmente desde 2006, é a maior reunião de líderes empresariais e representantes de sindicatos e associações industriais de todo o país. No evento, empresários, representantes do governo, líderes políticos e acadêmicos refletem, debatem e propõem ações sobre os temas que têm impacto no desempenho da indústria e da economia brasileiras. O ENAI expõe a agenda do setor produtivo e fortalece o diálogo entre os empresários, o governo e os outros segmentos da sociedade.
PROPOSTAS DA INDÚSTRIA - Confira o site com todos os estudos organizados pela CNI com as sugestões do setor para o próximo governo. Nele é possível fazer o download dos estudos em PDF ou dos infográficos que resumem as 42 propostas.
MULTIMÍDIA - O Portal da Indústria transmite a 9ª edição do ENAI ao vivo. Você também pode acompanhar a cobertura completa do evento nos perfis da CNI no Facebook e no Twitter, além de acessar as principais fotos no Flickr.
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