Produtos industriais brasileiros perdem espaço na África, aponta CNI

As vendas de mercadorias manufaturadas e semimanufaturadas a países africanos caíram mais de 30%, de US$ 6,57 bilhões para US$ 4,57 bilhões, de 2008 para 2013

Apesar da crescente demanda da África por bens industrializados, as exportações de bens manufaturados do Brasil para o continente estão em queda. Levantamento feito pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra que as vendas de mercadorias manufaturadas e semimanufaturadas a países africanos caíram mais de 30% – de US$ 6,57 bilhões para US$ 4,57 bilhões –, de 2008 para 2013. Nesse período, a participação de produtos industrializados na pauta de exportações também apresentou queda neste período: de 77,79% para 65,94%. Para a CNI, o quadro é preocupante.

Os desafios para o Brasil ampliar o comércio de bens industrializados para países africanos foi um dos temas debatidos por empresários e especialistas durante o Seminário África Negócios, realizado pela CNI, na segunda-feira (25), em São Paulo. 

Para o diretor de Políticas e Estratégia da CNI, José Augusto Coelho Fernandes, é preciso avançar em ações que impulsionem o comércio e investimentos, com prospecção de mercados, facilitação de comércio e financiamento para exportação e investimentos. “Há uma enorme necessidade de entendermos como o Brasil pode ter uma presença maior na África. Estamos dando um passo adiante para termos uma visão comum”, disse. 

PERDA RELATIVA – Além da redução nos embarques, o Brasil também tem perdido espaço para concorrentes no comércio para a África. O levantamento da CNI mostra que as exportações mundiais para os mercados africanos têm crescido, em média, 7,5% a.a., de 2010 a 2013, chegando a US$ 592 bilhões. Nesse período, porém, os embarques nacionais cresceram apenas 6% a.a., enquanto as vendas de concorrentes cresceram em ritmo bem mais intenso. A Índia, por exemplo, cresceu suas vendas a taxas superiores a 22% ao ano, no período. 

A comparação entre as exportações brasileiras e chinesas à África ilustram a perda de espaço nos mercados do continente. Numa lista de 20 produtos industrializados, que representam os 20 setores que mais tiveram aumento nas vendas para países africanos entre 2010 e 2013, o Brasil ampliou sua participação em apenas seis: combustíveis minerais, óleos e produtos para destilação; cereais; navios, barcos e outras estruturas flutuantes; artigos de ferro ou aço; óleos e gorduras de origem animal; e pérolas, pedras e metais preciosos. A China, por sua vez, ampliou sua fatia em 17 das categorias. 

Para a gerente-executiva de Facilitação de Negócios da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), Ana Paula Repezza, o grande desafio é levar ao setor privado informações sobre os mercados africanos, indicando as necessidades de produtos e os desafios em cada país. Ela considera preocupantes a perda de fatias de mercado para concorrentes. “O momento de entrar na África é agora, para repetir o que grandes multinacionais fizeram no Brasil há 30 anos, para explorar o grande potencial do mercado interno”, afirma. 

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