CNI apoia retomada do processo de retaliação aos Estados Unidos no caso do algodão

Os EUA forçaram o Brasil a adotar a medida quando decidiram não pagar a compensação aos cotonicultores brasileiros, acordada em 2010, e descumprir as recomendações da Organização Mundial do Comércio (OMC)

A disputa é a única pendência entre Brasil e EUA no sistema de solução de controvérsias da OMC

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) apoia a decisão do governo brasileiro de retomar o processo de retaliação contra os Estados Unidos (EUA) no caso dos subsídios ao algodão americano. Os EUA forçaram o Brasil a adotar a medida quando decidiram não pagar a compensação aos cotonicultores brasileiros, acordada em 2010, e descumprir as recomendações da Organização Mundial do Comércio (OMC). A CNI entende que o impacto econômico da retaliação é negativo para os setores produtivos americano e brasileiro, mas considera que o Brasil ficou sem alternativas diante da posição americana.

Para a CNI, é positiva a decisão da Câmara de Comércio Exterior (CAMEX) de iniciar uma consulta pública sobre propriedade intelectual e estabelecer um prazo até o final de fevereiro de 2014 para a decisão final sobre a retaliação. O processo resguarda os direitos do Brasil na OMC, permite ao governo brasileiro e à indústria avaliar os impactos da retaliação para o País e concede aos EUA mais dois meses para cumprir com suas obrigações.

Há quatro anos, o Brasil ganhou na OMC o direito de impor medidas contra importações e contra direitos de propriedade intelectual, caso os EUA não reformassem sua política de subsídios à produção, comercialização e exportação de algodão. Para evitar as sanções, os dois países acordaram que os EUA pagariam uma compensação de US$ 12,25 milhões por mês para o Instituto Brasileiro do Algodão (IBA) enquanto os subsídios condenados pela OMC persistissem ou até que o Congresso americano aprovasse a Farm Bill, a lei agrícola dos EUA. No entanto, a lei está em debate desde 2012.

A Casa Branca alega que seu orçamento está bloqueado pelo Congresso e, por isso, não tem recursos para fazer o pagamento. No entanto, a fonte dos recursos dessa compensação não é o orçamento público, mas a agência de crédito americana, Commodities Credit Corporation,  a mesma usada pelo governo para subsidiar a produção agrícola.

SOLUÇÃO IMEDIATA - A CNI entende que o Executivo americano tem os recursos e os instrumentos para resolver o problema. A solução imediata seria a retomada das transferências para evitar a retaliação brasileira. A definitiva seria trabalhar no Congresso para aprovar a Farm Bill ainda em 2013 ou em janeiro de 2014.

A disputa do algodão é a única pendência entre Brasil e EUA no sistema de solução de controvérsias da OMC. A CNI defende uma solução mutuamente acordada para o impasse e o aprofundamento da relação comercial e de investimentos entre os dois países, inclusive pela negociação de acordos de livre comércio, para evitar a dupla tributação e para eliminar vistos para empresários e turistas.
 

CRONOLOGIA
2013 EUA suspendem pagamento de compensação em outubro e Congresso não aprova Farm Bill
2012 Congresso dos EUA encerra legislatura sem aprovar a Farm Bill
2010 Brasil e EUA firmam acordo de compensação para evitar retaliação até aprovação da Farm Bill
2009 OMC autoriza Brasil a retaliar os EUA
2008 Brasil vence quarta etapa do processo jurídico (apelação de implementação)
2007 Brasil retoma o caso e vence terceira etapa do processo jurídico (painel de implementação)
2006 Brasil e EUA tentam solucionar a disputa no âmbito da Rodada Doha
2005 Brasil vence segunda etapa do processo jurídico (apelação)
2004 Brasil vence primeira etapa do processo jurídico (painel)
2002 Brasil inicia disputa contra os EUA

Relacionadas

Leia mais

SENAI CETIQT forma novos classificadores de algodão em Mato Grosso
Curso na Companhia de Fiação e Tecelagem Gaúcha foca no algodão
ABAPA recebe capacitação para classificação do algodão

Comentários