País precisa retomar negociações internacionais para aumentar participação no comércio global

O câmbio é uma variável importante para as exportações e importações

A receita para aumentar a fatia do Brasil no comércio internacional requer a participação mais ativa do Brasil das negociações multilaterais, o fechamento de acordos bilaterais e mudanças nas regras do Mercosul. Essa foi uma das conclusões  do Fórum Estadão Brasil Competitivo, realizado nesta terça-feira (15), em São Paulo. No evento, organizado pela Agência Estado e jornal Estadão em parceria com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), os participantes concordaram que o câmbio é uma variável importante para as exportações e importações. Mas não resolve os problemas estruturais do país. 

“É grave o fato do Brasil ficar de fora de fóruns de negociação que estabelecem regras do comércio internacional”, afirmou Sandra Rios, diretora do Centro de Estudos e Integração e Desenvolvimento (Cindes), e consultora da CNI. “Os fóruns que discutem tarifas são importantes, mas não definem as regras de expansão do comércio”, complementou. 

O diretor de Desenvolvimento Industrial da CNI, Carlos Eduardo Abijaodi, reforçou que o Brasil não deve se isolar e precisa tomar para si o papel de líder da América Latina. Nesse sentido, afirmou que o país pode incentivar que os parceiros do Mercosul concordem em flexibilizar as normas do bloco regional para negociar acordos de interesse mútuo, como o com a União Europeia, que se arrasta desde 1995.  “Se Brasil, Paraguai e Uruguai estão prontos para fazer uma oferta, que façam. Depois de algum tempo todos do Mercosul terão entrado no acordo com a Europa", disse. Ele ressaltou que o Mercosul é importante, teve um papel de destaque no aumento das exportações brasileiras, mas hoje é insuficiente para alavancar as vendas externas brasileiras. 

Para Vera Thorstensen, professora da Fundação Getúlio Vargas (FGV), é preciso voltar a negociar mesmo que a competitividade da indústria não melhore no curto prazo. “Temos de fazer tudo ao mesmo tempo, melhorar a competitividade e negociar acordos bilaterais e cobrar do governo as reformas necessárias”, disse. Ela ressaltou a necessidade de o Brasil voltar a estreitar relações com os Estados Unidos, maior parceiro comercial. “Eles têm interesse em retomar o diálogo". 

CÂMBIO - A economista Zeina Latif, da Gibraltar Consulting, defendeu que o câmbio não é o único fator que inibe o comércio exterior brasileiro. “Não basta definir uma taxa de câmbio que favoreça os exportadores e achar que tudo estará resolvido, pensar que os outros países passarão a comprar da gente a despeito das nossas deficiências tributárias, logísticas, de infraestrutura. Temos de ganhar competitividade, baratear os custos de produção, melhorar a infraestrutura e o sistema tributário. Daí sim o câmbio terá uma importância maior, de diferencial”, analisou. 

Para o presidente da Associação Brasileira de Comércio Exterior (AEB), José Augusto de Castro, o governo não tem uma política de comércio exterior. Nesse cenário, destacou ele, defender uma mudança no câmbio é a opção mais lógica para o empresariado no curto prazo. 

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