Brasil precisa redesenhar matriz da educação para estimular competitividade da indústria

Afirmação foi feita por diretor de Educação e Tecnologia da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Rafael Lucchesi, que também defendeu o PRONATEC como “motor de mudança do quadro atual”

“O Pronatec é um motor de mudança do quadro atual” - Rafael Lucchesi

O passo decisivo para a educação no Brasil virar um fator chave de aumento da produtividade do trabalhador é a mudança da matriz educacional do país. A afirmação foi feita nesta segunda-feira (30) pelo diretor de Educação e Tecnologia da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Rafael Lucchesi, durante o debate “Produtividade no mercado de trabalho – a importância da educação”, no Exame Fórum 2013, realizado pela revista Exame, da Editora Abril, em São Paulo. 

“É necessário se conscientizar de que a indústria brasileira se modernizou e isso tem reflexos sobre o modelo de educação. O eletricista hoje não apenas opera com fios, ele tem de acompanhar processos, tem de operar sistemas complexos, máquinas computadorizadas. Por isso a nossa grande agenda é redesenhar a matriz da educação no Brasil”, avaliou. Lucchesi complementou que o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) do governo federal, cujo principal parceiro é o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), é um “motor de mudança do quadro atual”. 

Segundo dados do SENAI, a estrutura educacional do chão de fábrica no Brasil hoje compõe-se de 53% de trabalhadores que possuem cursos de até 200 horas, 23% que têm cursos de 300 horas a 450 horas e 18% de operários que fizeram cursos de 800 horas a 2 mil horas. Só 5% dos trabalhadores que formam o chão de fábrica são engenheiros. “Então, está claro que sim, precisamos de mais engenheiros, mas que também precisamos, e muito, de profissionais de nível técnico muito qualificados”, ressaltou Lucchesi. 

Por conta dessa demanda, o SENAI deve duplicar, até 2014, o número de matrículas, para quatro milhões por ano. Lucchesi citou o estudo Mapa do Trabalhado Industrial, feito pelo SENAI no ano passado, que mostrou que, até 2015, o Brasil precisará capacitar 7,2 milhões de trabalhadores da indústria, dos quais 1,1 milhão de novos trabalhadores. 

MAIS RECURSOS - O coordenador do Centro de Políticas Públicas do Instituto de Ensino e Pesquisa (INSPER), Naercio Menezes Filho, que participou do debate promovido pela Exame, salientou ainda a necessidade de incrementar a gestão dos recursos públicos destinados à educação. “Temos propostas de aumentar os recursos federais para a educação, mas isso não vai se refletir na melhoria da qualidade se não tivermos uma gestão melhor”, definiu. 

O presidente da IBM Brasil, Rodrigo Kede Lima, acrescentou que o trabalhador brasileiro tem capacidade para ser competitivo em nível global, só precisa de orientação e educação de qualidade. “Uma comparação da produtividade do trabalhador da IBM do Brasil com seus pares do Japão, dos EUA, da Europa, mostra que estamos bem, em alguns casos até melhores do que lá fora, graças muito ao treinamento contínuo dos funcionários, em gestão, línguas, capacidades técnicas”, afirmou. Segundo ele, há mais brasileiros atuando em unidades da IBM em outros países do que estrangeiros na filial brasileira.

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