Vagas em cursos de qualificação sobram em Mato Grosso

Em contrapartida, há déficit de mão de obra qualificada em setores como indústria, comércio e construção civil

Baixa escolaridade, deficiências no ensino formal e o medo de perder benefícios assistenciais e previdenciários estão entre os fatores que explicam um fenômeno que vem chamando a atenção em Mato Grosso, especialmente na Capital.

Enquanto sobram vagas nos cursos gratuitos profissionalizantes oferecidos pelo Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego), falta mão de obra qualificada em setores como indústria, comércio e, principalmente, na construção, por causa das obras da Copa de 2014.

De acordo com dados do Serviço Nacional da Indústria (SENAI-MT), das 70.102 vagas oferecidas este ano, a partir do mês de fevereiro, cerca de 25 mil, ou 35%, ainda não foram preenchidas. A situação é mais séria entre os portadores de necessidades especiais (PNEs), para os quais foram destinadas 5% das vagas, em torno de 3,5 mil. Dessas, menos de 200 foram preenchidas.

O programa oferece uma diversidade grande de curso, mais de 300 modalidades. Nas últimas semanas, a equipe do SESI-MT vem percorrendo os bairros de Cuiabá, fazendo plantões com postos de matrículas instalados nos Centros de Referências em Assistências Social (CRAS).

De acordo com o documento intitulado Educação Para o Mundo do Trabalho, lançado este mês pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), que tem como base estatísticas do IBGE, 40,9% dos trabalhadores mato-grossenses têm no máximo o ensino fundamental.

Desses, 27,3% pararam entre a 5ª 8ª séries e apenas 13,6% chegaram ao final dessa etapa da educação formal. Com ensino médio são 37%, e apenas 4,9% com ensino superior. Os dados são de 2011 e fazem referência aos 141.766 trabalhadores da indústria.

Conforme a mesma pesquisa, o Estado tem uma população de 212.116 jovens com idade entre 18 e 24 anos com ensino médio incompleto. Desses, 123.348 estão no mercado de trabalhado, mas somente 53.774 ainda frequentam a escola. A maioria, 158.342, já pararam de estudar.

Fazendo o caminho inverso nesse universo descrito, Graziele Jorge de Queiroz, 18 anos, abraçou a oportunidade de se capacitar e ter um emprego, enquanto se prepara para o curso superior. Ela, que cursa Edificações pelo SENAI e estagia em uma grande construtora, que ser engenheira civil especializada em pavimentação.

Criada pelos avós, a dona de casa Rosalina e o pedreiro Lúdio Gonçalves, Graziele trabalha desde os 14 anos. O primeiro emprego dela, como aprendiz, também foi em construtora. Lá, conta, mesmo sendo lotada no setor financeiro, tinha acesso aos projetos de pavimentação de ruas e rodovias.

A possibilidade de trabalhar com cálculos elaborando e executando grandes projetos a fascina. Por enquanto, como estagiária, ela passa as manhãs no canteiro de obras de um edifício residencial, auxiliando a equipe de engenharia no planejamento, fiscalização e liberação de serviços.

A partir de 2014, como está concluindo o ensino médio, planeja conciliar a faculdade de engenharia com um trabalho na área para a qual está se capacitando.

Relacionadas

Leia mais

Cursos técnicos ou de qualificação? SENAI tem milhares de vagas abertas em todas as regiões do país
Veja quais são as 6 áreas que mais vão contratar trabalhadores com qualificação técnica
De qualificação técnica a mestrado e doutorado: o SENAI tem muito mais cursos do que você imagina!

Comentários