Gilberto Dimenstein defende mudanças no sistema educacional brasileiro

Para ele, o sistema educacional não vai conseguir preparar as pessoas para o trabalho se continuar jogando conteúdos que não fazem sentido para a vida concreta dos estudantes

O mundo do trabalho quer pessoas quem saibam gerir o conhecimento que adquiriram ao longo da vida, que tenham autonomia para continuar aprendendo e consigam refletir sobre o que fazem em busca de melhores resultados. O diagnóstico é do especialista em educação Gilberto Dimenstein, que participou como palestrante da reunião do projeto Educação para o Mundo do Trabalho, organizada pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) no dia 7 de agosto.

Para ele, o sistema educacional não vai conseguir preparar as pessoas para o trabalho se continuar jogando conteúdos que não fazem sentido para a vida concreta dos estudantes. “Quando um jovem começa a trabalhar, é como se ele nunca tivesse estudado. Isso não está correto”, afirma.

Depois da palestra de Dimenstein, os 80 participantes se reuniram em grupos de trabalho para elaborar sugestões para o projeto Educação para o Mundo do Trabalho, da Confederação Nacional da Indústria (CNI). A iniciativa tem o objetivo de propiciar que os jovens adquiram conhecimentos, competências e habilidades indispensáveis ao seu desenvolvimento como cidadãos e como agentes produtivos. Sua diferença em relação a projetos já desenvolvidos por governos e outras organizações é o prazo do resultado das ações: um e dois anos. Três grupos da população são o foco dessas ações: jovens entre 18 e 24 anos que estão no ensino médio, jovens entre 18 e 24 anos que não estudam e nem trabalham, e trabalhadores da indústria que não possuem ensino médio.

Até setembro, serão realizadas reuniões nos 26 estados e no Distrito Federal para recolher sugestões de empresários, professores, estudantes e outras lideranças interessadas no tema. Ao final, elas serão organizadas pela CNI na forma de um plano.

APROXIMAÇÃO – Presente ao debate, a pedagoga da Universidade Petrobras Mila Joia contou que a empresa do setor de petróleo sofre com a falta de trabalhadores qualificados. Segundo ela, o plano de negócios para a exploração do pré-sal tem necessidade de incentivar a qualificação de trabalhadores. “Se os trabalhadores chegarem mais bem preparados, a empresa pode se ocupar mais com sua atividade fim para ter melhores resultados”, diz.

Beto Chaves coordena o Papo de Responsa, um programa da Polícia Civil do Rio de Janeiro para prevenção da violência nas escolas, e lembra que o trabalho está incluído num contexto de proteção dos jovens contra a vulnerabilidade. “Além do saber fazer, os jovens precisam estar preparados para se relacionarem com outras pessoas. Muitas vezes, a dificuldade de estar num ambiente de trabalho vem daí”, diz.

Hydnéa Ponciano integra a equipe técnica da CNI que apoia os estados na organização das reuniões. De acordo com ela, apesar de existirem especificidades em cada estado, é muito provável que as ações sugeridas ao durante em todas as reuniões se repitam. “Faremos um trabalho em âmbito nacional para consolidar o que está sendo proposto. Nossa previsão é ter o plano pronto no final de outubro”, explica.

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