Participação de importados na economia é recorde em 2012

Coeficiente que mede a participação dos importados no consumo doméstico atingiu 21,6% no ano passado, 2,1 pontos percentuais acima de 2011, o maior valor registrado desde o início do levantamento

A participação dos produtos importados na economia brasileira atingiu novo recorde em 2012, revela o estudo Coeficientes de Abertura Comercial, divulgado nesta segunda-feira (4) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). O coeficiente de penetração das importações, que mede a participação dos importados no consumo doméstico, atingiu 21,6% no ano passado, 2,1 pontos percentuais acima de 2011, o maior valor registrado desde o início do levantamento, em 1996. "Tal participação evidencia a perda de competitividade dos produtos industriais nacionais frente aos importados", assinala a CNI.

Cresceu também, pelo terceiro ano consecutivo, informa a pesquisa, realizada trimestralmente em colaboração com a Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex), o coeficiente de exportação, que corresponde à participação das vendas externas no faturamento da indústria. Atingiu 20,6% em 2012, superando 20% pela primeira vez, desde 2007. O coeficiente de exportação representou crescimento de 1,2 ponto percentual em comparação a 2011, mas permanece 2,3 pontos percentuais abaixo do recorde de 22,9% observado em 2004.

A CNI explica que, em 2012, "a desvalorização cambial ocorrida no início do ano e as desonerações tributárias em vários setores da indústria de transformação deram suporte aos maiores ganhos com as receitas provenientes das exportações e auxiliaram o crescimento do índice".

PERDENDO MERCADOS - Para o gerente-executivo da Unidade de Pesquisa e Competitividade da CNI, Renato da Fonseca,  a constatação de que o crescimento do coeficiente de penetração das importações foi maior do que o coeficiente de exportação significa, na prática, que a indústria brasileira não só está perdendo mercados lá fora como sofrendo maior concorrência dos importados no mercado doméstico.

"A desvalorização cambial é apenas parte da explicação do crescimento dos dois coeficientes. O Brasil possui uma ineficiência sistêmica que precisa ser combatida, como tributação dos investimentos, uma carga tributária elevada e complexa, custos trabalhistas altos e uma educação básica ruim. São fatores que reduzem a competitividade, levando à perda de mercados", pontua Fonseca.

O economista da CNI Marcelo Azevedo completa com a afirmação de que o aumento dos importados representa não apenas um sintoma da perda de competitividade do produto nacional como dificulta a recuperação da atividade industrial brasileira. "Na medida em que parte do aumento da demanda interna vem sendo atendida por importados, vai ser preciso ampliar esta demanda para reativar a produção, que está reagindo lentamente", sublinha Azevedo.

POR SETORES - O coeficiente de penetração das importações registrou maior crescimento, com 6,4 pontos percentuais acima de 2011, nos setores de informática, eletrônicos e óticos. Foi significativo, igualmente, nos segmentos de máquinas e materiais elétricos (mais 4,8 pontos percentuais), farmoquímicos e farmacêuticos (4,6 pontos percentuais acima) e de máquinas e equipamentos (também mais 4,6 pontos percentuais).

A pesquisa da CNI abrange a participação dos importados no total dos insumos adquiridos pela indústria, que é o coeficiente de insumos importados, e o coeficiente de exportações líquidas. Este último coeficiente é obtido pela razão entre o saldo das exportações da indústria menos as importações de insumos e o valor da produção do setor.

Assim como o coeficiente de penetração das importações, o coeficiente de insumos importados bateu recorde em 2012, atingindo 23,2%, um aumento de 1,9 ponto percentual sobre 2011. Na indústria de transformação houve alta de dois pontos percentuais, com nove setores apresentando coeficientes superiores a 25%.

Manteve-se estável, contudo, o coeficiente de exportações líquidas, que fechou 2012 em 6,1%, quando havia atingido 6,2% no ano anterior. A marca de 2012 é bem inferior ao nível máximo já registrado pela pesquisa, de 11,8%, ocorrido em 2005, informa o estudo da CNI.

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