Indústria fecha 2012 com queda nas horas trabalhadas e aumento da ociosidade

Apesar de alta no faturamento do setor, pesquisa indica queda nas horas trabalhadas e na utilização da capacidade instalada. Emprego ficou estável na comparação com 2011

A indústria de transformação teve um desempenho ruim em 2012.  Apesar da alta de 2,4% no faturamento do setor, as horas trabalhadas na produção caíram 1,5%, a utilização da capacidade instalada recuou 0,9 ponto percentual e o emprego ficou estável em 2012 na comparação com 2011. As informações são da pesquisa Indicadores Industriais, divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) nesta quarta-feira, 6 de fevereiro.

"O ano não foi bom. A expectativa de crescimento econômico foi frustrada", disse o gerente executivo da Unidade de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco.  Ele explicou que a retração da atividade industrial é resultado da queda no investimento e da baixa competitividade brasileira.

No ano passado, a massa real de salários aumentou 5,1% e o rendimento médio real, que inclui salário, abonos, participação nos lucros e outros ganhos do trabalhador, cresceu 5,3% em relação a 2011. "A alta do rendimento médio real foi mais do que o dobro da expansão do faturamento real do setor", observa a pesquisa. Castelo Branco acrescentou que a retração da atividade não costuma ter impacto imediato sobre os indicadores vinculados ao mercado de trabalho, o que justifica a manutenção do emprego e o aumento dos salários.

De acordo com o estudo, em 2012 o faturamento cresceu em 12 dos 19 setores pesquisados. O maior aumento foi registrado na indústria de papel e celulose, em que o indicador aumentou 28,2% na comparação com 2011. No mesmo período, a maior queda, de 14,5%, ocorreu no setor de outros equipamentos de transporte, que reúne fabricantes de carrocerias, aviões, navios e reboques.

A média de utilização da capacidade instalada no ano passado ficou abaixo do registrado em 2011 em 13 setores. A indústria de outros equipamentos de transporte foi a que mais reduziu a utilização da capacidade instalada. Nesse setor, o indicador caiu 8,1 pontos percentuais em relação a  2011. No setor madeira, a utilização da capacidade instalada aumentou 3,9 pontos percentuais em 2012 frente a 2011.

Com a retração na atividade, o emprego caiu em 11 dos 19 setores pesquisados. A queda mais expressiva do indicador ocorreu na indústria de produtos de metal, em que o indicador teve um recuo de 6,8% em 2012 frente a 2011.  "O setor de produtos de metal chama atenção pelo registro de queda em todos os indicadores de atividade em 2012 na comparação com o ano anterior", informa a pesquisa. Nesse setor, o faturamento real diminuiu 2,7%, as horas trabalhadas na produção caíram 5,9% e a utilização da capacidade instalada foi 1,1 ponto percentual menor do que a de 2011.

DESEMPENHO MENSAL - Conforme a pesquisa, os indicadores da indústria passaram a maior parte de 2012 se alternando entre taxas positivas e negativas de variação na comparação com o mês anterior. Mas os dados positivos, como os registrados em dezembro, foram insuficientes para reverter o desempenho ruim do ano passado.

Depois de três meses consecutivos de alta, o emprego na indústria ficou estável frente a novembro, na série com ajuste sazonal. No mesmo período, as horas trabalhadas na produção aumentaram 0,8% e o faturamento real subiu 3,1%.  Ainda na série com ajuste sazonal, a indústria operou com 80,9% da capacidade instalada no último mês do ano passado.

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