Produtividade e inovação são decisivas para a expansão da indústria

Especialistas avaliam que, se quiser alcançar competitividade, país ainda precisa superar questões como custo da mão de obra e deficiências na infraestrutura

A indústria brasileira só conseguirá enfrentar a concorrência e ampliar a participação no mercado internacional se aumentar a produtividade e a capacidade de inovação. Essa é a conclusão do painel O futuro da indústria brasileira , realizado hoje durante o 7º Encontro Nacional da Indústria (ENAI), que reúne mais de 1.500 líderes industriais no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília. 

Durante o painel, o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, antecipou que o governo está preparando um novo conjunto de medidas de incentivo à inovação. “A indústria brasileira tem condições de criar coisas novas e desenvolver cadeias produtivas de nível global”, afirmou Coutinho. Segundo ele, entre essas cadeias estão as de petróleo e gás, de biocombustíveis, de tecnologia da informação e as áreas de saúde e aeroespacial. 

O diretor de Educação e Tecnologia da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Rafael Lucchesi, lembrou que as empresas brasileiras convivem com custos elevados. Ele lembrou que o preço da mão de obra no Brasil aumentou 226% nos últimos dez anos, ante 11% no México. “Apesar das medidas do governo para desonerar a produção, os custos continuam sendo um entrave para a competitividade”, disse. 

LIÇÃO DE CASA – Lucchesi disse que o país precisa superar problemas antigos como as deficiências na infraestrutura e a complexidade da legislação trabalhista. “O Brasil não fez a lição de casa”, destacou. Além disso, acrescentou, há outros dois problemas que precisam ser superados: “As empresas têm baixa cultura de inovação e o dispêndio público para inovação está concentrado na pesquisa acadêmica”. 

Para o presidente do Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI), Jorge de Paula Ávila, o principal desafio do país é a inovação. Ele informou que, neste ano, serão registradas mais de 1 milhão de patentes na China. No Brasil, serão apenas 15 mil. “Isso significa que não estamos transformando o conhecimento em valor”, disse Ávila. 

O vice-presidente executivo da Unidade de Petroquímicos da Braskem, Rui Chamas, defendeu a criação de incentivos especiais para o desenvolvimento de cadeias industriais globais. “É preciso ter uma política industrial focada”, destacou o executivo. 

O presidente da indústria TECSIS, Bento Massachico Koike, disse que o Brasil precisa identificar vocações e estimular essas competências. “Se temos tantas vantagens naturais, não podemos cair na tentação de nos transformarem em um exportador de commodities”, disse Koike. Instalada em Sorocaba, no interior de São Paulo, a TECSIS produz e exporta equipamentos de alta tecnologia para geração de energia eólica. 

O 7º Encontro Nacional da Indústria, organizado pela CNI, começou hoje e se encerra amanhã, com debates sobre infraestrutura, tributação e legislação trabalhista.

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