Legislação deve mudar para favorecer interação entre setores público e privado, afirma Raupp

Em debate no ENAI, ministro de Ciência e Tecnologia defendeu o fortalecimento das parcerias entre empresas e universidades e disse que o cenário brasileiro em inovação é promissor

O ministro de Ciência e Tecnologia, Antônio Raupp, defendeu mudanças na legislação brasileira para promover interação entre empresas públicas e privadas em projetos de pesquisa. A declaração foi dada durante o 7º Encontro Nacional da Indústria (ENAI), organizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), em Brasília. Segundo ele, a relação entre as duas esferas permitiria avanços importantes em inovação, mas a legislação não está plenamente estabelecida. “Entendo que estamos em uma bela fase para deslanchar. Não estamos no marco zero, estamos no meio do caminho com perspectiva de andar”, disse com otimismo. 

Segundo Raupp, programas do governo de apoio à inovação, que contaram com recursos da Fundação de Apoio a Pesquisa, Ensino e Extensão (Finep) e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), estimularam, por exemplo, a cooperação entre empresas e universidades. Esse é – na avaliação do ministro – um caminho importante para fortalecer a pesquisa e o desenvolvimento no país. João Alberto Denegri, diretor de Inovação da Finep, observou que há uma reação muito positiva por parte dos empresários em relação a essas políticas. 

“Cerca de 2,3 mil empresas realizam pesquisa e desenvolvimento no Brasil. Desse total, entre 700 e 800 possuem laboratórios, muitas delas em parceria com universidades. São características que apontam desenvolvimento”, argumentou Denegri, que defendeu maior integração entre as diferentes estratégias de governo, como unir em um mesmo programa linhas de crédito, subvenção, financiamento, entre outros. “Isso é algo novo e que devemos explorar mais”, afirmou. 

Presidente da Cristália, empresa do setor farmacêutico, Ogari Pacheco, lembra que a relação entre empresas e universidades, apesar dos bons resultados, muitas vezes é conflituosa devido a distancia entre os interesses acadêmicos e corporativos. “Construímos um conceito científico muito voltado à captação de projetos e pouco ao desenvolvimento”, critica. 

A indústria farmacêutica brasileira, de acordo com Pacheco, vive um cenário econômico positivo, de aumento de demanda, principalmente por parte do governo federal. Contudo, os produtos são fabricados no Brasil a partir de princípios ativos importados. “As matérias-primas chinesas e indianas são muito competitivas. Mas enquanto houver mercado haverá investimento”, diz. A Cristália investe 7% do seu faturamento em pesquisa e desenvolvimento. 

O debate Política Industrial e Tecnológica: Qual o balanço? contou ainda com a presença do secretário-executivo do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), Alessandro Teixeira, e do presidente da Associação Brasileira da Indústria de Plástico (Abiplast), José Ricardo Roriz Coelho. O ENAI vai até amanhã, 6 de dezembro.

Relacionadas

Leia mais

Brasil precisa aperfeiçoar legislação de preços de transferência, diz Robson Braga de Andrade
Minuto da Indústria destaca a nova legislação trabalhista que valoriza a negociação coletiva
Nova legislação trabalhista representa avanço significativo para modernizar economia brasileira

Comentários