Florianópolis - Ninguém pode dizer que a estudante Taís Regina Bitencourt tema desafios e não seja persistente. Com 17 anos, ela surpreendeu a família ao resolver fazer um curso na área de mecânica. Pais e irmãos torceram o nariz quando ela anunciou a decisão, pois se trata de uma área ainda eminentemente masculina. Tanto é verdade, que no primeiro ano conviveu com 24 colegas e no segundo, 46, todos homens. E entre essa turma toda, quem foi a selecionada para disputar a Olimpíada do Conhecimento, a maior competição de educação profissional das Américas? Ela, a Taís. Pois a moça venceu a etapa estadual e agora está num ritmo intenso de preparação, na ocupação de mecânica de refrigeração, para a etapa nacional, que será realizada de 12 a 18 de novembro, em São Paulo. São oito horas diárias de treinamento. E será entre chaves e parafusos que, nesta terça-feira, dia 6, ela pretende comemorar o 20º aniversário.

A família nunca chegou a ser contra a escolha de Taís. Apenas achou a opção um pouco estranha. Ocorre que graxa e óleo no sangue está um pouco na genética. Primeiro porque o pai é motorista de caminhão. Mas o empurrão mais forte veio do irmão mais velho, Douglas, hoje com 24 anos, que estudava no SENAI, mas não tinha tempo para digitar seus trabalhos. Ele redigia à mão e pedia à irmã que transcrevesse no computador. Ele não fazia ideia do quanto aquela semente estava germinando.

Com a torcida intensa de pais, irmãos e colegas de aula, Taís carrega a esperança da medalha de ouro no nacional e da vaga brasileira para o torneio internacional, que será ano que vem, na Alemanha. Nas provas, os estudantes devem executar tarefas propostas e são avaliados pela excelência na execução dos projetos, conhecimento, habilidades e atitudes. Contam pontos o planejamento, o bom aproveitamento dos recursos e a organização do ambiente de trabalho.