Brasil e França discutem prevenção da exploração sexual na Copa e Olimpíadas

A campanha terá o slogan “Não desvie o seu olhar!”

Representantes da rede ECPAT France (End Child Prostitution And Trafficking– Fim da Prostituição e Tráfico de Crianças) e do Conselho Nacional do SESI anunciaram nesta terça-feira (23.10) a realização de uma campanha de prevenção da exploração sexual de crianças e adolescentes no Brasil, com foco nos grandes eventos esportivos que o Brasil sediará nos próximos anos. A ação terá início em 2013 e envolverá cerca de 20 países – França, Holanda, Alemanha, Áustria, Polônia, Bulgária, Bélgica, Brasil, Italia, Ucrânia, Suíça, Espanha, Madagascar, Romênia, República Tcheca, Kênia, África do Sul, Reino Unido, Senegal e Estônia. 

A campanha terá o slogan “Não desvie o seu olhar!” e deverá atingir pessoas que pretendem viajar para o Brasil para acompanhar os jogos da Copa das Confederações, a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos. A iniciativa contará com aporte de recursos da União Européia e terá, ainda, apoio de entidades da sociedade civil e de empresas como a Air France e Carrefour. “Estão previstos eventos de mobilização, ações em redes sociais, mídia e a sensibilização de profissionais do setor turístico para que não aceitem a prática do crime e denunciem”, disse Phillippe Galland, diretor da ECPAT France. 

A primeira ação da campanha foi a promoção do seminário internacional “A Exploração Sexual e os Grandes Eventos Esportivos”, que aconteceu hoje, em Paris. O evento, promovido pelo Conselho Nacional do SESI, Fundação Scelles e ECPAT France, teve o objetivo de discutir ações conjuntas entre governos, sociedade e terceiro setor para a prevenção dos casos de exploração sexual no Brasil, em função da Copa do Mundo e das Olimpíadas. 

Cerca de 120 pessoas participaram do seminário, que contou com a participação de painelistas franceses e brasileiros. Dentre eles, o presidente da ECPAT France, Xavier Emmanuelli; o presidente da Fundação Scelles, Yves Charpenel; o diretor do Escritório de Organização Internacional do Trabalho na França, Jean-François Trogrlic; o embaixador para os Direitos do Homem do Ministério de Relações Exteriores da França, François Zimeray; da secretária de Direitos Humanos da Presidência da República, Angélica Goulart; da assessora Especial do Ministério do Turismo, Suzana Dieckmann; e do presidente do Conselho Nacional do SESI, Jair Meneguelli. 

Exploração sexual x eventos esportivos 

Um dos pontos altos do evento foi a apresentação de um diagnóstico encomendado pelo Conselho Nacional do SESI sobre a relação entre as denúncias de exploração sexual no Brasil e a taxa de entrada de turistas estrangeiros no Brasil. O responsável pela pesquisa, o pesquisador e doutor da Universidade Johns Hopkins, Miguel Fontes, analisou dois estados brasileiros, a partir de dados fornecidos pelo Ministério do Turismo: Bahia e São Paulo. A escolha se deu em função das principais motivações dos turistas que frequentam os dois estados. Mais de 46% dos turistas estrangeiros que vão à Bahia, estão em busca do Turismo de Lazer, enquanto em São Paulo, 56% dos turistas vão a negócios, ou seja, a trabalho. 

O levantamento verificou que, em São Paulo, há uma denúncia de exploração sexual para cada 372 turistas estrangeiros. Já na Bahia, é feita uma denúncia para cada grupo de 2.500 turistas. De acordo o pesquisador Miguel Fontes, “não é possível fazer uma projeção concreta para a Copa do Mundo, mas é possível falar de uma tendência de um agravamento da exploração sexual em função do aumento do fluxo turístico”. 

Mais de 600 mil turistas são esperados no Brasil durante a Copa de 2014 e, nesse mesmo período, cerca de 3 milhões de turistas nacionais também deverão circular pelo país. “É um estudo conservador porque fala de um turista ‘geral’. Ainda não há dados confiáveis com o perfil desses viajantes, como gênero e renda. Esperamos, depois de um evento como esse, contar com os parceiros da rede para fazermos estudos qualitativos sobre o tema”, disse Fontes. 

A pesquisa também concluiu que programas de inserção socioeconômica, como o ViraVida (desenvolvido pelo SESI),  campanhas de sensibilização contra a exploração sexual e ações de combate ao turismo sexual são, efetivamente, as soluções mais viáveis para o enfrentamento do problema. Além disso, a pesquisa também revelou que 20% dos casos de exploração sexual têm relação direta com baixos índices de desenvolvimento humano (IDH).

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