Perspectivas continuam promissoras

Confirmado o cronograma de implantação da refinaria de petróleo Premium II, somado a outros reforços importantes para sua economia, o Ceará prossegue em sua trajetória de crescimento

Em 2012, a economia mundial tende a reduzir seu crescimento para aproximadamente 2,5% em função da crise externa que atinge, sobretudo, países da União Europeia. Nesse cenário, a perspectiva para a economia brasileira este ano, segundo o ministro da Fazenda Guido Mantega, é superar 2,5%, embora economistas garantam que dificilmente a geração de riquezas no Brasil cresça além dos 2% em 2012. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) aposta no índice de 2,1% para a economia do país e de apenas 1,6% para a indústria. Quanto à economia cearense, a previsão é mais otimista. As projeções do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece) para o Produto Interno Bruto (PIB) do estado, em 2012, indicam incremento de até 5%, mais que o dobro da performance esperada para a economia brasileira.
 
Esse índice pode vir a ser ainda maior, à medida que ocorrer o reaquecimento do setor industrial este ano. Investimentos do governo do estado e da iniciativa privada, face à demanda gerada por novos empreendimentos em curso, tendem a promover a expansão da indústria, proporcionando maior dinamismo econômico ao Ceará.
 
Responsável por 24,5% do PIB, o setor industrial cearense tem como base principal a indústria da transformação. Dados do Instituto de Desenvolvimento Industrial (INDI), órgão ligado à Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), revelam que esse segmento responde hoje por 52,7% das riquezas produzidas pela indústria. Desse modo, o desempenho da indústria de transformação será decisivo na performance do setor industrial de nosso estado em 2012.
 
A perspectiva é positiva em relação ao comércio exterior. De acordo com a última edição do Ceará em Comex – estudo elaborado mensalmente pelo Centro Internacional de Negócios (CIN) da FIEC –, nossas exportações somaram 614,5 milhões de dólares no primeiro semestre de 2012, superando os 610,3 milhões de dólares obtidos em igual período do ano passado e atingindo o maior valor para o período desde 1999. Entre janeiro e junho, a corrente de comércio exterior do estado, que corresponde à soma de todas as exportações e importações, somou 1,75 bilhão de dólares, sendo o maior resultado dos últimos dez anos.
 
A alta das exportações cearenses foi puxada, preponderantemente, por produtos que, tradicionalmente, compõem a pauta exportadora principal do Ceará: calçados, couros e castanha de caju. Juntos, os três itens acumularam mais de 357 milhões de dólares em vendas externas, mais da metade de tudo que o estado enviou nos seis primeiros meses do ano para o mercado externo.
 
Na liderança, estão calçados, com 165,9 milhões de dólares captados. Em segundo lugar, vêm couros e peles, que somaram 103 milhões de dólares exportados. Em seguida, castanha de caju se destaca com 88,3 milhões de dólares em vendas externas, segundo dados do MDIC. O desempenho desses três setores e mais o de ceras vegetais – outro segmento representativo nas exportações cearenses – representa em torno de 70% de total exportado ao longo do semestre.
 
De janeiro a junho de 2012, as importações cearenses registraram um salto de 22,4%, chegando a 1,14 bilhão de dólares – valor aproximadamente 22% superior aos 939 milhões de dólares importados no primeiro semestre de 2011. Em contrapartida, a balança comercial cearense (diferença entre o que foi exportado e importado) ficou negativa em 535 milhões de dólares.
 
Dados do MDIC indicam que as importações foram puxadas pela compra de combustível e derivado, que cresceu 249% no primeiro semestre de 2012 face ao mesmo período de 2011. Somam-se a isso as aquisições no mercado internacional de outros setores como ferro e aço, trigo, geradores e eletroeletrônicos e máquinas e metal-mecânico. A boa notícia é que a maioria dos produtos adquiridos no mercado internacional serve de insumo destinado a ampliar a competitividade da indústria do estado, incrementando ainda mais sua economia.
 
Segundo o superintendente do CIN, Eduardo Bezerra Neto, parte dos importados é formada de matérias-primas que serão beneficiadas por indústrias locais e depois reexportadas com maior valor agregado, a exemplo dos laminados de ferro. No caso dos geradores, a perspectiva do titular do CIN é que eles servirão de insumo para viabilizar a instalação de novos parques eólicos no Ceará.
 
Petrobras confirma refinaria
A confirmação neste mês de julho de que a Refinaria Premium II não será mais adiada e que será cumprido o cronograma inicial do Plano de Negócios da Petrobras para o período 2011-2015, com início de suas operações previsto entre o final de 2017 e meados de 2018, reforça o cenário positivo para a economia do Ceará. Desde, claro, que a novela tenha um final feliz, diante de tantas idas e vindas. Considerado empresa-âncora do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP), o empreendimento promete alavancar a estrutura socioeconômica cearense. As previsões do Banco Central é que, sozinha, a Premium II será responsável por produzir um impacto adicional de 25,2% no PIB do estado, com o incremento de 11,1 bilhões de dólares na economia.

A refinaria do Ceará terá capacidade de processar 300 000 barris de petróleo por dia, abastecendo o mercado com óleo diesel 10 ppm (63,5% da produção), nafta petroquímica (15,3%), querosene de aviação (12,6%), coque (2,8%) e óleo bunker (1,6%).
 
O Ceará tem outras cartas na manga para continuar ampliando suas riquezas, como a Companhia Siderúrgica de Pecém (CSP). A perspectiva apontada em recente boletim regional divulgado pelo Banco Central, com base em dados da Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará (Adece), é que o empreendimento representará um reforço de mais 4 bilhões de dólares ao PIB estadual.
 
A cravação das primeiras estacas ocorreu em 17 de julho, dando início à construção do empreendimento.

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