Para participar de uma olimpíada, os atletas passam meses ou até anos treinando com o objetivo de superar suas próprias metas e também as dos outros competidores. Em se tratando de conhecimento, não é diferente. Imagine horas de treinamentos diários com professores supervisores, momentos de motivação, acompanhamento psicológico. Tudo isso para aperfeiçoamento da técnica e da preparação dos alunos de forma integralizada visando à etapa nacional da Olimpíada do Conhecimento, uma competição de educação profissional que reúne os melhores estudantes do Brasil de cursos técnicos e de aprendizagem profissional do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac).
A Olimpíada do Conhecimento, organizada pelo SENAI, é a maior competição de educação profissional das Américas, e vai reunir mais de 700 estudantes em São Paulo, de 12 a 18 de novembro. Durante quatro dias, os alunos serão testados em provas que simulam desafios do dia a dia do trabalho em 60 ocupações profissionais da indústria, do comércio e do setor de serviços.
A delegação do SENAI/CE é composta por 19 alunos de seis escolas, verdadeiros atletas do conhecimento que, após vencerem as provas estaduais, disputarão em diversas áreas com competidores de todas as partes do país. O clima de motivação nessas unidades é a máxima da preparação dos alunos.
Uma das coordenadoras de equipe da delegação cearense na Olimpíada do Conhecimento, a analista educacional Andreza Rezende destaca que o grupo está bastante empolgado para superar os próprios limites e ter uma boa nota na competição nacional. Conforme Andreza, a dedicação dos alunos é grande, uma vez que já passaram pelas seletivas estaduais, competindo com outros alunos do próprio estado e, agora, estão na etapa de intensificação dos treinamentos e aperfeiçoamento das técnicas.
Os alunos que vão para a Olimpíada do Conhecimento em novembro treinam cerca de oito horas por dia e têm à disposição um professor orientador para cada área do conhecimento, além de acompanhamento psicológico em grupo e individual. Tudo isso é necessário para fazer os ajustes técnicos e melhorar o desempenho, a fim de que o resultado seja o melhor possível na competição”, diz Andreza.
Nas provas, os competidores devem interpretar e resolver desafios semelhantes aos enfrentados no ambiente real de trabalho. Os quesitos de avaliação são definidos a partir das exigências do mercado de trabalho e das atualizações tecnológicas das empresas. Vencem o torneio os estudantes que conseguem as melhores notas nos quatro dias de provas.
Este ano, o SENAI/CE terá a participação de dois alunos competidores na categoria portadores de deficiência, ambos do Centro de Formação Profissional Waldyr Diogo de Siqueira, na Barra do Ceará. Esta será a primeira vez que a Olimpíada do Conhecimento contará com provas específicas para que tal público mostre suas habilidades.
Avaliação da qualidade
O desempenho dos alunos na Olimpíada do Conhecimento forma um conjunto de indicadores que ajuda o SENAI a avaliar a qualidade da educação profissional. Esses indicadores, que apontam tendências tecnológicas e mudanças nos perfis profissionais, também orientam a atualização dos currículos nas escolas da instituição. Com isso, o SENAI mantém seus cursos sintonizados com as necessidades das empresas.
Além de mostrar ao país o talento dos jovens profissionais brasileiros, a Olimpíada do Conhecimento é a vitrine da qualidade da educação profissional patrocinada pela indústria brasileira e uma exposição das novas tendências nos processos industriais e dos perfis profissionais exigidos pelo mercado de trabalho.
Entenda todas as etapas
Seleção (etapa escolar)
Cada centro de formação do SENAI é responsável por escolher seus melhores alunos para a etapa estadual. Os competidores devem ter no mínimo 400 horas em cursos de aprendizagem ou qualificação industrial, ou formação técnica de nível médio na área. Podem ter no máximo 21 anos completos no ano da realização da etapa nacional, nunca terem participado da Olimpíada do Conhecimento e serem inscritos em apenas uma modalidade.
Etapa estadual
Cada unidade do SENAI que deseja competir deve elaborar propostas de provas para as ocupações, englobando planejamento, forma de execução e elaboração de produto final, que serão selecionadas para a aplicação na etapa estadual. Os competidores são avaliados e os melhores colocados se classificam para representar seu estado no torneio nacional. São conferidas medalhas de ouro, prata e bronze e certificados de participação aos concorrentes.
Etapa nacional
Esta fase é similar à anterior, porém com maior competitividade e responsabilidade. Uma parceria com o Senac possibilitou a inclusão de três áreas do setor de comércio e serviços. É também decisiva para quem sonha em chegar ao WorldSkills, representar Brasil no exterior e conquistar experiência internacional. Para muitos, é também uma grande vitrine profissional, na qual os melhores colocados são disputados por empresas e obtêm excelente posição no mercado de trabalho.
WorldSkills
Como uma olimpíada esportiva, competidores de todo o mundo confrontam suas habilidades profissionais em busca de uma medalha.
Eficiência a toda prova
Germano Costa Ferreira, de 33 anos, sofreu um acidente que o fez perder o movimento das pernas quando tinha 24 anos. Mexer com carros sempre foi uma habilidade sua, e por isso há oito anos ele resolveu abrir um negócio em sua própria residência: adaptação de veículos para pessoas como ele, cadeirantes ou ainda amputadas ou com nanismo. Para ampliar seus conhecimentos de autodidata, Germano entrou no Centro de Formação Profissional Waldyr Diogo de Siqueira para fazer o curso Mecânica Geral, por meio do Programa SENAI de Ações Inclusivas (PSAI).
Também no mesmo programa, na mesma escola, está o deficiente visual Antônio Fernandes, de 29 anos, aluno do Curso de Informática. Os dois são as apostas do Ceará, este ano, na modalidade para portadores de deficiência, na Olimpíada do Conhecimento. Eles fazem parte de um grupo de 40 pessoas com deficiência em todo o Brasil que participará da competição pela primeira vez em 2012.
A exemplo do que é exigido dos demais estudantes, durante as provas, os alunos deficientes deverão executar tarefas do dia a dia do trabalho nas empresas dentro de rigorosos prazos e padrões de qualidade. Os portadores de Síndrome de Down vão competir na ocupação de panificação. Os cadeirantes disputarão medalhas na ocupação de mecânica de automóveis. Os deficientes visuais competirão em tecnologia da informação e os auditivos participarão de provas de costura industrial.
Para Germano Costa, é gratificante estar entre os oito cadeirantes do país que vão participar da competição. Diz que ele mesmo fez algumas adaptações para utilização dos equipamentos e ferramentas no desempenho das atividades e que vem contando com o apoio integral dos profissionais de sua escola do SENAI para intensificar e mais bem se preparar para a competição. “É um privilégio fazer parte dessa competição que vai abrir portas para outras oportunidades e também para superar meus próprios desafios. Eu estou me dedicando muito aos treinamentos.”
O professor de mecânica do SENAI da Barra do Ceará, Wellington Belo, é quem orienta Germano Costa. Apesar de reconhecer que o mercado de trabalho, de uma forma geral, ainda não está totalmente preparado para receber esses profissionais, afirma que o nível de conhecimento e habilidades de Germano tem alto nível de excelência, o que o torna um profissional diferenciado.
Antônio Fernandes, que vai competir na área de informática, no manuseio do pacote Office, também está em fase de treinamento. Segundo ele, é necessário fazer alguns ajustes no seu treinamento para que possa alcançar um bom desempenho nas provas. “Estamos treinando bastante para superar as dificuldades.” O professor orientador de Fernandes, João Batista de Oliveira, ressalta que toda a adaptação necessária para sua atuação, como leitores de telas e softwares especializados, foram colocados à disposição para as aulas e treinamento.
Inclusão social
De acordo com a gestora do Programa SENAI de Ações Inclusivas, Loni Mânica, o SENAI oferece capacitação profissional para pessoas com deficiência. Nas olimpíadas anteriores, esse trabalho era apresentado em oficinas demonstrativas. Neste ano, os deficientes participarão das provas e concorrerão a medalhas e certificados que confirmarão a qualificação técnica e pessoal para o desempenho da profissão.
Loni explica que o objetivo de colocar deficientes na competição é fazer com que esses alunos sejam vistos pelo público e pelos empresários da indústria como indivíduos competentes. “Os empresários que visitarem a Olimpíada do Conhecimento verão que essas pessoas são capazes de desenvolver ações dentro das empresas.” Outro ganho, diz, é a convivência entre os jovens estudantes: “Eles vão dividir com os demais competidores o auditório e o refeitório. Isso favorecerá a inclusão social dos deficientes”.
RESULTADO DA FASE ESTADUAL - JUNHO 2012
UNIDADE |
OCUPAÇÃO |
COMPETIDOR |
WCC |
Tornearia |
Josué Santos Teixeira |
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Mecânica de Usinagem |
Cícero Emerson Ferreira |
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TI- soluções em software |
Juliana Bezerra Patrício |
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Confecção de Roupas |
Jéssica de Lima Nonato |
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WDS |
Eletrônica Industrial |
Mauri Saraiva dos Santos |
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Instalação e Manutenção de Redes PC |
Edilaine Santiago de Oliveira |
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Mecânica de Automóveis |
Ramires Nascimento Moreira |
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Mecânica de Automóveis |
Germano Costa – PCD |
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TI |
Antônio Fernandes de Oliveira – PCD |
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Mecânica de Manutenção |
Alexandre Benício e Francisco Heleno |
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Mecatrônica |
Daniel Garrison |
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AUA/CETAE |
Fresagem |
Anderson Soares |
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Aplicação de Revestimentos Cerâmicos |
Yago Rodrigo |
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Construção em Alvenaria |
Gustavo Régis |
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CETAFR |
Eletricidade Industrial |
Alexandre Ferreira da Conceição |
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CERTREM |
Panificação |
Allison Mateus Tomas Moraes |
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Confeitaria |
Amanda Karine Jales de Matos |
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AABMS |
Design da Moda |
Ana Carla Andrade Luz |