Efeitos da crise internacional levam CNI a reduzir a 2,1% a estimativa de crescimento do PIB e a 1% o da indústria

As informações são do estudo Informe Conjuntural, referente ao segundo trimestre. Diz a análise serem “decepcionantes” e “motivo de preocupação” o crescimento da economia no primeiro trimestre

Os efeitos no país do agravamento da crise econômica internacional foram um dos motivos que levou a Confederação Nacional da Indústria (CNI) a rever para baixo suas estimativas dos principais indicadores da economia em 2012. A previsão para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) se reduziu a 2,1%, contra 3% estimados anteriormente, e a da indústria recuou de 2% previstos no primeiro trimestre para 1,6%. As informações são do estudo Informe Conjuntural, referente ao segundo trimestre, divulgado na quarta-feira, 11.07.

Diz o estudo serem “decepcionantes” e “motivo de preocupação” o crescimento da economia no primeiro trimestre  e os dados do comportamento da indústria no segundo trimestre. “A reação esperada para o início do ano não se materializou, mesmo com a entrada em vigor de algumas das medidas do Plano Brasil Maior, a elevação dos gastos públicos e a queda nas taxas de juros”, assinala o documento.

O gerente-executivo da Unidade de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco, que apresentou o estudo, disse que a estagnação da economia mundial, com os consequentes estreitamento dos mercados e a maior concorrência dos produtos importados no mercado doméstico, tornaram mais visível a perda de competitividade da indústria brasileira. Destaca o Informe Conjuntural ser “cada vez mais claro que não enfrentamos apenas um problema conjuntural de demanda: a economia brasileira tem dificuldades de competitividade que se acentuaram com a crise mundial”.

O Informe Conjuntural prevê que nos três segmentos industriais, a indústria de transformação terá a menor expansão este ano, com apenas 1%, seguida pela. indústria extrativa, com 2%,  e pela indústria da construção, com expectativa de 3% de crescimento. A manutenção de estoques elevados e o atendimento de parte da demanda interna pelas importações estão entre as principais causas apontadas pela CNI para a baixa performance do setor industrial, que se refletirá necessariamente no comportamento do PIB.

Choque de competitividade - Castelo Branco vê no maior esforço para se diminuir os altos custos de produção no país e no imediato aumento dos investimentos em infraestrutura a melhor alternativa para que a economia reaja. “Investir  em infraestrutura tem um efeito  multiplicador muito grande na economia”, lembrou.

A CNI enfatiza, no Informe Conjuntural, ser este o momento para se promover um choque de competitividade na economia.”A mudança no ambiente macroeconômico, com a queda dos juros básicos e o novo patamar do câmbio, é um fato positivo. É necessário aproveitar essa oportunidade para promover um choque de competitividade que induza a um aumento substantivo na taxa de investimento”, preconiza o estudo.

O Informe Conjuntural alerta que, embora na direção correta, as medidas tomadas pelo governo para sustentar a demanda, como o aumento dos gastos públicos, “se mostram insuficientes para conter o processo de desaquecimento e iniciar um novo ciclo de crescimento econômico e de retomada da atividade industrial”.  Sublinha que o alto nível de inadimplência e o comprometimento da renda com o pagamento de dívidas atenuam o impacto do consumo das famílias como o  principal fator de crescimento do PIB.

Investimento menor – Outras reduções nas previsões da CNI para os principais indicadores da economia ocorreram com os investimentos, que irão crescer 2,5% em 2012, contra a estimativa do primeiro trimestre de 5,6%. A expectativa do consumo das famílias caiu de um aumento de 4% para 3,5%.

A estimativa da taxa de emprego não mudou de um trimestre para o outro, mantendo-se em 5,5%, assim como não se alterou a perspectiva da inflação, de 5% em 2012. A CNI reestimou a taxa real média anual de juros, de 4% no primeiro trimestre para 3,3%, e a taxa de câmbio, de R$ 1,80 para R$ 1,94 em dezembro.

Foram igualmente reduzidas, entre o primeiro e o segundo trimestres, as previsões da entidade para as exportações (de US$ 275,4 bilhões para US$ 263,2 bilhões), importações (de US$ 254,6 bilhões para US$ 243 bilhões) e do saldo comercial, de US$ 20,8 bilhões para US$ 20,2 bilhões.

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