Governo exigirá maior conteúdo nacional na indústria automotiva

O governo aumentará exigência de conteúdo nacional para manter os incentivos fiscais da indústria automobilística

O governo aumentará exigência de conteúdo nacional para manter os incentivos fiscais da indústria automobilística. As novas regras, que entrarão em vigor a partir de 2013, estão sendo negociadas com empresários do setor e deverão ser anunciadas em dezembro, informou o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aloízio Mercadante, nesta quarta-feira, 26 de outubro, durante o 6º Encontro Nacional da Indústria (ENAI), em São Paulo.

"Vamos exigir conteúdo local efetivo sobre as autopeças", antecipou Mercadante no 6º ENAI, organizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) , que reúne cerca de 1.500 empresários no Transamérica Expo Center.

No mês passado, o governo elevou o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para veículos vendidos no Brasil. Só ficaram livres do aumento do tributo os carros com 65% de conteúdo nacional ou regional. "Queremos que as empresas estrangeiras venham produzir no Brasil. Vamos exigir transferência de tecnologia e investimentos em pesquisa e desenvolvimento", disse o ministro da Ciência e Tecnologia, lembrando que a China exige 90% de conteúdo nacional nos veículos.

A mesma estratégia será adotada para incentivar a produção de smartphones, tablets e outros equipamentos no Brasil. "Queremos ter fábricas de componentes, de chips e displays no país. Queremos criar uma cadeia de produção de tecnologia da informação", declarou.

Segundo Mercadante, o governo também usará o poder de compra do Estado para incentivar a produção e a consolidação de cadeias industriais em outros setores, como o da saúde. Ou seja, nas licitações públicas, o governo privilegiará a compra de produtos e serviços de empresas que investem em inovação e de setores considerados estratégicos para a criação de empregos.

"A exigência de conteúdo nacional e o poder de compra do Estado são alguns dos instrumentos que vamos usar para fortalecer a indústria, criar empregos e elevar os salários. É isso que vai fazer o Brasil crescer", assinalou.

Para Mercadante, com a atual crise na Europa e a retração das economias dos Estados Unidos e do Japão, o Brasil passou a ser um mercado cobiçado por todo o mundo. "Temos de aproveitar esse momento para dar um salto tecnológico e fortalecer a nossa produção", disse ele no painel Transformações e Desafios da Indústria Globalizada, do 6º ENAI.

Na avaliação dos empresários que participaram do debate, o desenvolvimento tecnológico e a inovação são decisivos para o crescimento da economia e a expansão das empresas. "As medidas de defesa comercial são necessárias para proteger a indústria no curto prazo. Mas, no longo prazo, a saída para a competitividade é a inovação", destacou o presidente do Grupo Ultra, Pedro Wongtschjowski.

Além disso, acrescentou o presidente da Interbusiness Consultoria Internacional de Negócios, Cláudio Frischtak, a competitividade brasileira depende do aumento dos investimentos em infraestrutura e da melhoria da qualidade da educação. Também participaram do painel o presidente da Coteminas, Josué Gomes da Silva, o vice-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), João Carlos Ferraz, e o diretor técnico do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Carlos Alberto dos Santos.

O 6º ENAI termina nesta quinta-feira, 27 de outubro, com debates sobre educação, infraestrutura e meio ambiente.

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