Os acadêmicos do curso de Administração da UCDB (Universidade Católica Dom Bosco) lotaram, na noite de ontem (03/05), o auditório do Bloco B do campus Tamandaré da instituição de ensino superior, para acompanhar a palestra do presidente da Fiems, Sérgio Longen, sobre os processos logísticos de Mato Grosso do Sul e as ações do Sistema Indústria para reduzir os gargalos nessa área. Ao todo, participaram 9 turmas do curso, do 1º ao 8º semestres, que têm a disciplina de administração de materiais e recursos patrimoniais, ministrada pelo professor Ivanir Casagranda.

Esse foi o caso da acadêmica Jaqueline Sake, que atua em uma empresa de elaboração de softwares e aproveitou a palestra para colher dados sobre a situação do setor industrial do Estado e os gargalos que elas enfrentam na área de logística. "A logística está muito presente no dia a dia de todos os tipos de empresas e, durante a apresentação do presidente Sérgio Longen, foi possível constatar que Mato Grosso do Sul, assim como o resto do Brasil, ainda tem muitas deficiências nessa área. Na empresa onde trabalho, nós prestamos consultorias para muitos empreendimentos do Estado e acredito que agora será possível enriquecer um pouco mais a minha contribuição", garantiu.

Já o acadêmico Etiene Batista Ferreira reforçou que palestras como a ministrada pelo presidente da Fiems sobre logística ajudam os estudantes a vivenciarem um pouco da realidade do mercado de trabalho que encontrarão depois de formados. "Foi gratificante poder participar de uma apresentação do empresário Sérgio Longen, que tem muito experiência, tanto na administração de empresas, quanto no comando de uma entidade do porte da Fiems. As informações repassadas por ele vão me ajudar na elaboração de um projeto que estou desenvolvendo para as indústrias do segmento da construção civil", assegurou.

O acadêmico Elton de Quadros Campos reforçou que a palestra serviu para demonstrar a realidade que as indústrias do Estado vivenciam hoje na área da logística, principalmente, na parte de escoamento da produção. "As necessidades que elas têm atualmente estão muito longe de serem sanadas. Esperamos que debates e explanações como as dessa palestra venham a ajudar para o encontro de soluções", disse. A acadêmica Natália Amarante pontuou que a apresentação de Sérgio Longen serviu para agregar mais conhecimento à sua formação profissional. "Ele nos deu uma visão muito ampla do dia a dia das indústrias estaduais. Foi possível perceber que o maior problema da logística atualmente é a burocracia do Governo Federal em apresentar soluções para esse gargalo. Para mim, falta mais investimento nos modais ferroviário e hidroviário", declarou.

Para o reitor da UCDB, padre José Marinoni, a palestra do presidente da Fiems agregou mais informações aos acadêmicos do curso de Administração, pois se trata de um empresário com muito conhecimento sobre a questão logística estadual. "Os nossos alunos são criativos e com muito desejo de acertar. Por isso, acredito que a palestra serviu para contribuir que o tema logística invadisse a mente de todos", declarou. Já o coordenador do curso Ricardo Garcia, recordou que há muito tempo queria proporcionar uma apresentação do presidente Sérgio Longen para os acadêmicos, mas, por questão de agenda, apenas agora isso foi possível. "Devido à importância do palestrante e do tema conseguimos lotar o auditório", ressaltou.

A palestra

No início de sua apresentação, o presidente da Fiems divulgou que a indústria hoje conta com 11.250 estabelecimentos, que juntos empregam 136.906 trabalhadores e são responsáveis por uma receita de exportação de US$ 1 bilhão, somente até abril deste ano. Ele também detalhou um pouco sobre o Sistema Fiems, que é formado por 24 sindicatos industriais e reúne o Sesi, Senai e IEL, promovendo atividades diversas, como serviços técnicos e tecnológicos, educação básica e profissional, lazer, saúde, cultura, estágio e capacitação empresarial diretamente nos municípios onde atuam.

Com relação ao tema logística, Sérgio Longen destacou que se trata de uma área voltada ao planejamento e realização de projetos, controlando e identificando oportunidades de redução de custos, redução nos prazos de entrega e aumento da qualidade no cumprimento dos prazos. "A logística está dividida em atividades principais, que engloba transportes, gerenciamento de estoques e processamento de pedidos, e secundárias, que incluem armazenagem, manuseio de materiais, embalagem, compras, programação de produtos e sistema de informação. Tanto comercialmente, quanto do ponto de vista estratégico, a logística é o coração de uma empresa, de uma cidade, de um Estado e de um País", reforçou.

O empresário relatou ainda que o Sistema Fiems não tem medido esforços para contribuir com a melhoria da logística nas empresas e também em Mato Grosso do Sul, citando como exemplo o Centro de Operações Logísticas do Senai. Um espaço que conta com estrutura para atuar na educação profissional e serviços técnicos e tecnológicos, oferecendo cursos de qualificação, de aperfeiçoamento e de nível técnico, além de serviços como estudos de arranjos de layout, dimensionamento e planejamento de estoques, balanceamento de linhas de produção, mapeamento do fluxo de valores, otimização de produção, modelagem e simulações do ambiente fabril, estudos e viabilidade de implantação de sistemas diversos, entre outros.

"O local está equipado com simuladores e toda a infraestrutura técnica necessária para atendimento das demandas das indústrias, dispondo de laboratório de informática com aplicativos de simulação virtual de operações logísticas, maquete de simulação de operações de transportes em quatro níveis (ferroviário, aeroviário, hidroviário e rodoviário) e armazém didático para simulação de operações de suprimentos", informou o presidente da Fiems, detalhando que, em parceria com a Famasul, foi desenvolvido o Projeto Logístico Centro-Oeste Competitivo, que fez um planejamento estratégico da infraestrutura de transporte e logística de cargas do Centro-Oeste.

Ele informou aos acadêmicos do curso de Administração da UCDB que a consultoria contratada para fazer o projeto apontou, entre outras coisas, os potenciais logísticos do Estado, como malha ferroviária de bitola larga implantada na região norte, acesso às hidrovias Tietê-Paraná e Paraguai e porta de entrada e saída de cargas para a Bolívia. "O nosso estudo ainda sugere uma maior interação com os países fronteiriços e a oportunidade de movimentar cargas pelos portos do Uruguai e Argentina. Também relata as ameaças, como a dependência de portos do Sul e Sudeste (Santos e Paranaguá), grandes restrições ambientais e indígenas ao desenvolvimento e gargalos burocráticos, alongando o desembaraço de mercadorias, o que impacta no custo do transporte estadual", destacou.