Mulheres já representam 25% do total de trabalhadores da indústria no Estado

Segmento industrial que mais emprega mulheres é o de alimentos e bebidas, com 15.606 trabalhadoras, enquanto em seguida aparece as indústrias têxtil e do vestuário, com 6.241, e, em terceiro, está a construção civil, com 3.219

No mês em que se comemora o Dia Internacional das Mulheres, levantamento do Radar Industrial da Fiems aponta que elas já representam 25% do total de trabalhadores no setor industrial sul-mato-grossense. Dos 143.197 funcionários das mais de 11 mil empresas instaladas e em operação no Estado, 35.650 são do sexo feminino, demonstrando que as mulheres conquistaram, em definitivo, esse nicho de mercado de trabalho que era exclusivo do sexo masculino.

Ainda conforme os dados apurados pelo Radar da Fiems, com base nas informações do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) do Ministério do Trabalho e Emprego, o segmento industrial que mais emprega mulheres é o de alimentos e bebidas, com 15.606 trabalhadoras, enquanto em seguida aparece as indústrias têxtil e do vestuário, com 6.241, e, em terceiro, está a construção civil, com 3.219. Também merecem destaque os segmentos da indústria química, com 2.626 colaboradoras, indústria de calçados, com 1.630, e indústria de papel, celulose e gráfica, com 1.498.

Um exemplo de mulher que está presente no setor industrial é Márcia Alves dos Santos, 48 anos, funcionária do Frigorífico JBS. "É muito gratificante trabalhar em um frigorífico e, de certa forma, estou realizando um sonho. Hoje em dia, a mulher tem que trabalhar muito e ajudar financeiramente em casa. Não dá mais para ficar só dependendo do marido", declarou. Assim também pensa Silvane Gomes Matos, 35 anos, outra funcionária da unidade frigorífica. "Muitas vezes a mulher é pai e mãe em casa. Esse emprego na indústria é importante porque me ajuda a manter a minha família", ressaltou.

Para a auxiliar de produção do JBS, Ana Lúcia Leite, 24 anos, que está grávida de 8 meses, trata-se de uma oportunidade única estar empregada em uma indústria frigorífica. "Esse é o meu primeiro emprego com carteira assinada e eu estou gostando muito. Às vezes a gente dá conta de fazer coisas que o homem não consegue. As mulheres são muito mais unidas que os homens", garantiu. Na avaliação da auxiliar-administrativa Irene Leganoski, 48 anos, que há 10 anos trabalha no JBS, ser colaboradora de uma indústria lhe ajudou a vencer na vida. "Com todo esse tempo, eu formei uma família, que trabalha junta e divide responsabilidades", reforçou.

A planejadora de manutenção da fábrica da Fibria em Três Lagoas, Jackeline Malaquias Chaves, ressalta que escolheu trabalhar em uma área com maior presença masculina porque gosta de desafios. "Apesar de ser conhecida como uma área masculina, vejo que a mulher tem o seu lugar e ela também consegue se impor, assim como os homens. Recebemos a mesma capacitação e hoje conquistamos o nosso espaço", declarou.

Qualificação

Cada vez mais as mulheres estão conquistando fatias do mercado de trabalho que antes eram preenchidas somente por homens e um exemplo disso é a procura delas pelos cursos oferecidos pelo Senai para atender o setor industrial de Mato Grosso do Sul. De acordo com dados da gerência de educação da entidade no Estado, no ano passado, das 70,5 mil matriculas efetuadas nos 269 cursos oferecidos pelo Senai, 35.695 foram realizadas por mulheres, ou seja, mais de 50% do total foi composto por elas.

Segundo o diretor-regional do Senai, Jesner Escandolhero, a cada ano que passa, mais e mais mulheres procuram as unidades em busca de cursos até então exclusivos do universo masculino. "A velha máxima de que essa ou aquela qualificação era apenas para homens não existe mais, ficou ultrapassada e fora de uso. Agora, as mulheres disputam vagas em qualquer um dos nossos cursos, seja na construção civil ou na automação industrial, nada está fora do escala de interesse delas", garantiu.

Ele acrescenta que a construção civil, considera a última profissão considerada um grande tabu para as mulheres, deixou de ser um terreno masculino para receber mais e mais trabalhadoras. "Hoje, as empresas de construção civil preferem as mulheres nos serviços de acabamento e pintura. Elas são mais cuidadosas e caprichosas e isso já foi comprovado nesses empreendimentos que estão sendo erguidos em Campo Grande, onde boa parte dos empregados que fazem o acabamento é composta por mulheres", destacou.

Nathália Ortega Gugel, 19 anos, aluna do curso técnico de manutenção automotiva da FatecSenai Campo Grande, é um exemplo de que não existe mais esse negócio de profissão exclusivamente para homens. "Gostar de trabalhar com mecânica automotiva já é de família e também me interessei pela área por não ser uma tão comum para as mulheres. Sempre gostei de mecânica e resolvi fazer o curso no Senai porque é renomado no mercado de trabalho e pretendo sair qualificada para trabalhar em uma indústria", afirmou.

Já Gabriela Malandrin Domingues, 18 anos, aluna do curso técnico em logística da FatecSenai Campo Grande, informa que está fazendo a formação profissional porque sabe que a área está oferecendo muitas oportunidades de trabalho. "Gostaria muito de trabalhar futuramente na indústria, pois acho muito importante. É um setor que gera muito emprego e qualidade de vida para as pessoas. Além disso, o setor cresce todos os anos no Estado", declarou.

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