Soluções para problemas do Daia são apresentadas em seminário promovido pela Fieg

Durante o dia houve diversos encontros individuais com representantes de vários órgãos municipais, estaduais e federais

Diversas soluções e encaminhamentos (veja lista abaixo) de problemas enfrentados pelas indústrias no Daia, em Anápolis, foram apresentados no dia 10/06/2014, no seminário "Daia - Perspectivas e Soluções", promovido pela Fieg. Durante o dia houve diversos encontros individuais com representantes de diversos órgãos municipais, estaduais e federais. Cada um recebeu previamente a pauta e apresentou alguma solução no âmbito de suas respectivas responsabilidades.

Na ocasião, a Fieg lançou o primeiro estudo da série Polos Industriais de Goiás, neste caso, sobre Anápolis. Constituído de três partes, o levantamento sobre o Polo Industrial de Anápolis traz informações gerais sobre: a) o perfil da atividade industrial na região; b) uma análise dos principais problemas que dificultam a operação e o crescimento das empresas; c) uma pesquisa de campo com as empresas do Daia sobre temas como recursos humanos, logística, mercados fornecedores e compradores, meio ambiente, burocracia, dentre outros. No futuro, a Federação das Indústrias dará continuidade à série, com diagnósticos dos polos industriais de Aparecida de Goiânia, Rio Verde, Catalão, Itumbiara, Norte Goiano, Entorno do Distrito Federal e Goiânia.

PESQUISA

A pesquisa quantitativa realizada pela Fieg, por meio do IEL Goiás, abordou aspectos como perfil das empresas, recursos humanos, comercialização, meio ambiente, entre outros, e teve como base as indústrias localizadas no Daia. A amostra de 47 empresas foi considerada significativa. Contudo, optou-se por uma análise que não leva em conta a margem de erro, mas sim que os resultados alcançados sejam suficientes para se chegar à compreensão do objeto como um todo.

Perfil das empresas
- 70% das indústrias têm mais de dez anos de atuação;
- 85% das indústrias são de pequeno ou médio porte;
- A maioria é pertencente ao segmento de produtos químicos (28%);
- 74% são de origem goiana;
- 51% dos pesquisados são unidades únicas, ou seja, não possuem filial.

Contratação de pessoas
- 98% das empresas que pretendem contratar encontraram obstáculos no recrutamento de colaboradores. Principais dificuldades: a incapacidade dos candidatos para achar soluções e resolver problemas, seguido de falta de conhecimento do processo de trabalho (visão sistêmica) e falta de conhecimento específico da ocupação.

Qualificação dos colaboradores
- 73% das indústrias possuem plano de capacitação ou capacitam seus colaboradores regularmente;
- 61% dos entrevistados apontam a alta rotatividade como principal dificuldade de investir em qualificação de mão de obra, seguido de pouco interesse dos funcionários (39%).
OBS: A questão admitiu mais de uma resposta.

A maior parte dos entrevistados (55%) informou que, no momento da entrevista, existia demanda na empresa para contratação imediata de pessoas para trabalhar no setor de produção/manutenção. Poucas empresas informaram vagas abertas para as áreas de apoio, administração ou gerência.

Comercialização
- 93% dos entrevistados informaram ter Anápolis como destino de venda de sua produção;
- 95% dos entrevistados informaram ter outros municípios goianos mercado de seus produtos (Goiânia, Aparecida de Goiânia e Rio Verde, principalmente);
- 95% dos entrevistados informaram ter outros Estados como destino de comercialização (São Paulo, DF, Tocantins, Minas Gerais, Pará e Rio de Janeiro, principalmente);
- 11% dos entrevistados informaram exportar seus produtos para outros países.
OBS: a questão admitiu mais de uma resposta.

Planos para expansão de vendas
- 70% das empresas informaram possuir planos estruturados para expansão de vendas.
Para aquelas que pretendem ampliar, 52% apontou a carência de mão de obra qualificada como maior obstáculo para concretizar a expansão.

Matéria-prima
- 61% das empresas compram matéria-prima em Anápolis;
- 68% das empresas compram matéria-prima em outras cidades goianas (Goiânia, Aparecida de Goiânia e Rio Verde, principalmente);
- 91% das empresas compram matéria-prima em outros Estados (São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, principalmente);
- 39% das empresas compram matéria-prima em outros países (China, Índia e Rússia, principalmente).
OBS: a questão admitiu mais de uma resposta.

Produtos e serviços que a empresa gostaria de adquirir de fornecedores locais
- Matéria-prima (24 indústrias);
- Manutenção (16 indústrias);
- Embalagem (15 indústrias);
- Serviços de transporte (5 indústrias);
- Publicidade (1 indústria).

Motivos pelos quais a empresa não compra matéria-prima/insumos de fornecedores locais
- Insuficiência de ofertas (78%);
- Maior preço do produto local (32%);
- Falta de preparo dos fornecedores (10%).
OBS: a questão admitiu mais de uma resposta.

Obstáculos encontrados no transporte dos produtos finais
- Alto custo do transporte (77%); 93% dos entrevistados apontaram esse obstáculo como de alto impacto;
- Deficiência das estradas (55%); 60% dos entrevistados apontaram esse obstáculo como de alto impacto;
- Falta de caminhões (34%); 30% dos entrevistados apontaram esse obstáculo como de alto impacto.
OBS: a questão admitiu mais de uma resposta.

Licenciamento ambiental
- 79% das indústrias queixam de demora na análise dos pedidos de licenciamento;
- 29% das empresas apontam dificuldade de identificar e atender aos critérios técnicos exigidos;
- 21% das empresas alegam dificuldades com custos de preparação de estudos e projetos para apresentar ao órgão ambiental.

Maiores problemas enfrentados no Daia
De forma estimulada, considerando os problemas apresentados no Daia, os entrevistados elegeram as deficiência de maior gravidade e que mais causam impacto nas empresas. Foram eles:
- Congestionamento de veículos no acesso ao Daia (64%);
- Falhas no suprimento de energia (53%);
- Insuficiência de transporte coletivo de acesso ao Daia (36%);
- Falta de regularização da situação e equacionamento do valor cobrado do IPTU para as indústrias instaladas no distrito, com a devida contrapartida em serviços (26%);
- Deficiência no tratamento de esgoto (23%).
OBS: a questão admitiu mais de uma resposta.


SOLUÇÕES DE PROBLEMAS DO DAIA

Prefeitura de Anápolis
PROBLEMAS
1. IPTU: A queixa dos empresários é que a prefeitura cobra o tributo, porém não há a contrapartida desejável de serviços. Outro agravante: em alguns casos, as dívidas do IPTU são "herdadas" por investidores que adquirem áreas no Daia e, muitas vezes, ficam até sem condições de receber certidões por conta desse entrave;
2. Comércio: Com frequência, chegam às entidades classistas reclamações dos empresários estabelecidos no Daia com relação ao comércio existente nas proximidades de algumas empresas à margem de qualquer tipo de fiscalização, inclusive sobre venda de bebidas alcoólicas, o que é totalmente incompatível para aquela região;
3. Paradas de ônibus: Um problema enfrentado pelos trabalhadores do Daia é a precária estrutura dos pontos de ônibus do transporte coletivo, uma vez que a cobertura inexiste em alguns ou é precária em outros, deixando os usuários expostos ao sol ou à chuva;
4. Transporte coletivo: Qualidade precária do transporte coletivo, bem como da mobilidade para os trabalhadores com deficiência;
5. Áreas residenciais próximas ao Daia.

SOLUÇÕES
O prefeito de Anápolis, João Batista Gomes Pinto, apresentou a seguinte resposta aos empresários:
- A prefeitura já negociou os IPTUs anteriores com o Estado e eles estão sendo quitados (via Goiásindustrial). O pagamento está sendo parcelado. Caso seja interrompido, as empresas voltarão a ter problema;
- O prefeito disse que a responsabilidade principal de fiscalizar o comércio de ambulantes é da Goiásindustrial, mas que está disposta a colaborar para resolver o problema. Os ambulantes que atualmente trabalham são poucos, disse ele, e não foram legalizados pela prefeitura;
- Sobre a deficiência no transporte coletivo, o prefeito informou que está aguardando definição judicial sobre a concorrência que foi feita operação do transporte coletivo no município. A ação está no Tribunal de Justiça;
- Sobre melhorias nos pontos de ônibus, a prefeitura alegou que não tem recursos para investir em novos abrigos e que a responsabilidade será, no futuro, da empresa concessionária;
- Sobre áreas residenciais próximas ao distrito industrial, foi informado que o assunto está sendo tratado no novo plano diretor da cidade.


DNIT
PROBLEMAS
1. Trevo do Daia: A obra do governo federal, reivindicação antiga das entidades empresariais de Anápolis, encontra-se praticamente parada, mal sinalizada e mal iluminada, além do que os desvios feitos para escoar o tráfego – que é bastante intenso tanto de veículos leves como pesados – têm trechos em péssimas condições, com vias esburacadas e com trecho sem cobertura asfáltica, sendo que tais condições expõem a riscos de acidentes todos que por ali circulam;
2. Trecho entre o trevo do Daia e trevo de Brasília: Falta iluminação, serviço que, ao que consta, estava previsto no pacote do contorno viário e começou a ser executado, mas não há indícios de que tenha sido ou será retomado;
3. Trevo de Brasília: As alças de acesso ao trevo, tanto para quem sai de Anápolis ou para quem chega, são demasiadamente estreitas causando intensos congestionamentos nos horários de pico.

SOLUÇÕES
O superintendente regional do DNIT em Goiás e no DF, Flávio Murilo G. Prates de Oliveira, apresentou a seguinte resposta aos empresários:
- Sobre o engarrafamento no trevo do Daia, o DNIT informa que a partir de amanhã, 11 de junho, será liberada a alça do lado direito, uma solução paliativa, reconheceu. A conclusão da obra do trevo está prevista para o fim de setembro e irá resolver o trânsito entre Goiânia – Brasília, reconheceu o superintendente;
- A solução para o fluxo do trânsito entre Anápolis – Daia ocorrerá com a construção de nova trincheira, que precisa de autorização federal. Ficou acertada visita de comissão, liderada pela Fieg e DNIT, ao Ministério do Transporte para negociar uma solução e viabilizar os recursos.


Ferrovia Centro-Atlântica
PROBLEMA
Ferrovia Centro-Atlântica: Uma preocupação recorrente dos empresários do Daia é com relação à Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), no que diz respeito à necessidade de uma melhor sinalização ao longo do trecho, já que a mesma corta o Daia. Além disso, os empresários esperam que seja feita a integração da Centro-Atlântica com a Ferrovia Norte-Sul, quando esta última estiver em plena operação. Outro fator de suma importância é criar uma passagem para carros, caminhões e pedestres no ponto onde a ferrovia cruza a pista (passagem de nível) de acesso a Plataforma Multimodal de Anápolis, uma vez que, quando o trem está manobrando no Porto Seco de Anápolis, o mesmo interrompe o trânsito muitas vezes por mais de uma hora todos os dias, causando prejuízo às indústrias.

SOLUÇÃO
O gerente de Relações Institucionais da VLI, José Osvaldo Cruz, apresentou a seguinte resposta aos empresários:
- A curto prazo, a VLI estuda melhorar a sinalização e aumentar a área de manobra dos trens. O gerente solicitou à Fieg que organize reunião com a Ferrovia Centro-Atlântica para discutir, com detalhes, a solução definitiva da questão do cruzamento de trem no Daia. Como medida de longo prazo, a VLI apontou como solução a construção de trincheira ou passagem aérea, o que poderá ser discutida nessa reunião a ser agendada.


Celg
PROBLEMA
Energia: O suprimento de energia, em quantidade e qualidade, é uma das mais relevantes preocupações dos empresários estabelecidos no Daia. Em alguns casos, empresas que estão ampliando suas plantas produtivas têm de recorrer à instalação de grupos geradores. Há preocupação sobre a suficiência da produção para atender às demandas atuais e futuras do distrito, uma vez que há muitos projetos de novas indústrias e ampliações. Assim, tal questão requer um atendimento por parte das autoridades competentes com a maior urgência.

SOLUÇÃO
O diretor de Planejamento e Expansão da Celg, Humberto Eustáquio Tavares Corrêa, apresentou a seguinte resposta aos empresários:
- O diretor anunciou que até 2016 a Celg dobrará a capacidade de suprimento de energia no Daia. Isso decorrerá de investimento em nova subestação, transferirá da subestação do Daia para outras o fornecimento de energia para os municípios de Leopoldo de Bulhões e Goianápolis e com parcerias com indústrias do Daia para melhorar a infraestrutura de distribuição de energia.


Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh)
PROBLEMAS
1. ETE – Estação de Tratamento de Esgoto: A ETE há meses está exalando um odor desagradável, que, em determinados horários, alcança quase toda a cidade de Anápolis, como já foi amplamente divulgado pela imprensa, inclusive com aplicação de multas por parte dos órgãos ambientais. É necessário ainda um estudo sobre a capacidade da ETE para atender a atual e futura demanda das empresas instaladas e a se instalarem no Daia, visto que esse é um serviço essencial, assim como, também, se fazem necessários melhor orientação e acompanhamento sobre o pré-tratamento que as empresas devem fazer antes de lançarem seus resíduos na ETE;
2. Resíduos Sólidos: resíduos sólidos no Daia, na grande maioria das vezes sem o tratamento apropriado.

SOLUÇÃO
A secretária estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Jacqueline Vieira da Silva, apresentou a seguinte resposta aos empresários:
- A secretária disse que a responsabilidade pela solução da ETE no Daia é da Goiásindustrial, mas a Semarh está disposta a ajudar no que for necessário para resolver o problema. Comentou também que a solução tem que ser dada urgentemente, devido a prazos estabelecidos pelo Ministério Público;
- Quanto aos resíduos sólidos, a secretária disse que essa responsabilidade é das próprias empresas.


Polícia Militar
PROBLEMA
Segurança: Desde o ano passado, reuniões vêm sendo realizadas com a participação de empresários e trabalhadores, juntamente com as forças de segurança de Anápolis, para discutir a questão da segurança. Embora a polícia afirme que o índice de ocorrências na região do Daia não seja significativa, são constantes, nas indústrias, através dos seus departamentos de Recursos Humanos, reclamações sobre crimes contra o patrimônio e contra a pessoa. O que indica que está havendo uma incidência maior do que a que consta nos registros policiais. E, sendo assim, é necessário uma ação para garantirmos um reforço no policiamento no Distrito Agroindustrial.

SOLUÇÃO
O comandante do 3º CRPM, cel. Juverson Augusto de Oliveira, apresentou a seguinte resposta aos empresários:
- O comandante da PM citou a evolução no número de apreensões nos últimos anos, mas culpou a "frouxidão das leis" pelos altos índices de reincidência;
- O coronel reconheceu que é preciso melhorar a segurança e pediu apoio das lideranças empresariais para apoiar politicamente a demanda por mais 4 viaturas, 2 motos e 40 novos policiais para reforçar 24 horas por dia a segurança no Daia;
- Ficou acertado que os empresários colaborarão, com a instalação de câmaras de segurança, que inibirão a ação de bandidos e facilitarão o trabalho da polícia;
- O comandante lembrou que é de responsabilidade das empresas a segurança dentro das áreas de suas empresas.



Secretaria Estadual de Indústria e Comércio e Goiásindustrial
PROBLEMAS
1. Áreas no Daia: Com grande potencial econômico, faltam áreas no Daia para instalação de novas indústrias. O governo estadual tem sinalizado que fará a expansão, mas preocupa o fato de a mesma caminhar de forma lenta, considerando-se que a ampliação não implica apenas na aquisição de áreas, mas também sua adequação com a infraestrutura necessária para receber as indústrias, o que demanda vultosos investimentos e tempo para execução das obras;
2. Dados do Daia: Em que pese sua importância para a economia de Goiás, o Distrito Agro Industrial de Anápolis não possui um banco de dados que possa ser alimentado de forma contínua com informações sobre as empresas os empregos diretos e indiretos gerados, geral e por setor de atividade e uma série de outros levantamentos estatísticos importantes. Enfim, um material que possa ser utilizado como ferramenta estratégica para a gestão do próprio Daia e para a divulgação a investidores;
3. Estacionamento de caminhões: A cada dia cresce o número de caminhões que circulam pelo Daia e a falta de local adequado para paradas tem causado grandes transtornos às empresas, a quem precisa circular pelo distrito, assim como aos próprios caminhoneiros.

SOLUÇÃO
O secretário estadual de Indústria e Comércio, William O'Dwyer, e o presidente da Goiásindustrial, Ridoval Chiareloto, apresentaram a seguinte resposta aos empresários:
- Foi anunciada nova área para o Daia, onde serão instaladas 47 novas empresas;
- Foi assinado convênio entre SIC e Goiásindustrial para resolver o problema da ETE, num valor aproximado de aproximadamente R$ 8 milhões;
- O secretário anunciou que o anel viário do Daia está sendo implantado. Os recursos de R$ 10 milhões já foram viabilizados e a obra deve ser concluída no início de 2015;
- Ridoval informou que está sendo estudada a desapropriação de novas áreas para ampliação do distrito e que já há 67 empresas aguardando novos espaços;
- Ridoval comentou a necessidade de serem instaladas no Daia: creche, centro de convivência para os trabalhadores, estacionamento dos caminhões com acomodações para motoristas, bancos e escolas profissionalizantes. Para que isso aconteça, ele irá submeter tais propostas à assembleia geral do Daia, presidida pelo secretário William O'Dwyer;
- A Goiásindustrial está desenvolvendo ações para retomar áreas que foram concedidas, mas que não foram utilizadas pelos concedentes.

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