Desafios para indústria de máquinas e equipamentos são discutidos em encontro na FIEB

"Nossa indústria virou representante de empresas internacionais", alertou o diretor-executivo da Associação, Camilo Sotelo

Os processos de desindustrialização e desnacionalização da indústria brasileira, assim como as recentes medidas governamentais de proteção ao setor e as oportunidades de negócio no horizonte de mercado foram tema do 1° Encontro Empresarial Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos), realizado nesta terça-feira (31), no auditório da FIEB.
 
"Nossa indústria virou representante de empresas internacionais", alertou o diretor-executivo da Associação, Camilo Sotelo, enquanto apresentava os resultados de um estudo feito pela Abimaq sobre o desempenho dos segmentos máquinas e equipamentos no primeiro semestre de 2012. De acordo com o levantamento, mais de 70% do valor do faturamento obtido no período corresponde à comercialização de produtos de fora do país.
 
Os dados revelam as consequências da falta de uma política para a indústria nacional que desburocratize o setor e crie oportunidades de expansão, como queda dos juros, diminuição de carga tributária, melhoria na infraestrutura e logística, maior agilidade nos processos alfandegários e investimento em educação e tecnologia. "Os empresários estão pressionados, muitos estão vendendo seus negócios a preço de banana por não conseguirem se manter", lamenta o diretor-executivo da Abimaq.
 
Sotelo, porém, afirma que ainda é possível reverter a situação e diz que as medidas que o governo federal vem implantando no âmbito do Plano Brasil Maior - à exemplo da Desoneração da Folha de Pagamento*, que passa a valer a partir desta quarta-feira (01) - representam um avanço em prol dos empresários brasileiros. "Parece que o governo percebeu que o crescimento não pode se basear somente no aumento do mercado consumidor, é preciso ampliar a participação da indústria no PIB, pois não existe país desenvolvido sem uma indústria de transformação forte", acrescentou.
 
Oportunidades - Convidado para falar sobre o apoio do governo baiano ao desenvolvimento do setor naval, o secretário estadual de Planejamento, José Sérgio Gabrielli, apresentou as áreas em crescimento que oferecem oportunidades de investimento e comercialização de máquinas e equipamentos, como as de Petróleo e Gás, Petroquímica, Energia e Mineração e Agroindústria. “Logicamente, em todo investimento existe o risco, mas o aporte de recursos em projetos nestas áreas e o potencial de industrialização são enormes”, assegurou.
 
O representante do Estaleiro Enseadas do Paraguaçu, Carlos Castro, lembrou que a construção do empreendimento trará uma série de possibilidades para os empresários brasileiros, dadas as exigências de conteúdo local. No entanto, na visão de Castro, é preciso oferecer oportunidades para que os potenciais fornecedores sejam certificados ou as multinacionais poderão criar mecanismos para burlar a regulamentação e viabilizar negócios. "Talvez seja possível propor que a certificação seja reconhecida por meio de ‘outras moedas’, como capacitação de pessoal".
 
Para os fabricantes de máquinas e equipamentos, o coordenador do catálogo Navipeças da Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip), Jorge Bruno, falou das oportunidades viabilizadas por meio do Programa Plataformas Tecnológicas (Platec) para a Indústria de Petróleo e Gás, cujo objetivo é atender às demandas por inovação tecnológica da indústria de petróleo, gás e naval. O programa busca identificar fornecedores brasileiros com potencial para a nacionalização de bens e serviços atualmente importados. "No esforço de promover o conteúdo local, a Onip ‘destrinchou’ petroleiros e FPSOs e descobriu que há cerca de 1.000 itens que podem ser fabricados aqui no Brasil", explicou Bruno, que anunciou a realização de um Workshop Tecnológico Platec E&P Onshore na Bahia, em setembro.
 
*A Desoneração da Folha de Pagamento faz parte o pacote governamental "Brasil Maior" introduzido pela MP 540 em agosto de 2011 para fortalecer a indústria nacional e manter os empregos no País em decorrência da invasão dos produtos importados, e também dar vantagens à indústria exportadora. A MP 540 foi convertida na Lei 12.546/2011. Posteriormente, esta Lei foi alterada pela MP 563 de 03 de abril 2012 retificada em 04-04-2012 e também em 23-04-2012, ampliando os produtos (Lista TIPI/NCM) da Desoneração da Folha e reduzindo os percentuais devidos em DARF.
 
A desoneração da folha consiste em substituir ou reduzir o encargo patronal previdenciário de 20% sobre a folha de pagamento de empregados, avulsos e contribuintes individuais (autônomos e prolaboristas) por um percentual a ser aplicado sobre o faturamento bruto mensal deduzido das receitas de exportações, das devoluções e dos descontos incondicionais concedidos.

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