SindBebidas de Minas Gerais dá exemplo da força do associativismo para o desenvolvimento da indústria

Entidade conduziu negociações com o Governo do estado para a criação de regimes tributários especiais para produtores de cachaça e cerveja artesanal

O Sindicato das Indústrias de Cerveja e Bebidas em Geral do Estado de Minas Gerais (SindBebidas-MG) é um exemplo do poder que o associativismo tem.  A entidade conduziu negociações com o Governo do estado que resultaram na criação de regimes tributários especiais para produtores de cachaça e cerveja artesanal. A conquista não apenas ajudou na competitividade das empresas existentes como se tornou um incentivo para consolidar o estado como um polo referência no setor. O sindicato também desenvolveu mecanismos de comunicação para estreitar o relacionamento com a base.

À frente do sindicato há seis anos, está Mário Morais Marques, mineiro de Araxá, dono da reconhecida cachaçaria Dona Beja. Ele celebra os feitos do sindicato, mas não perde de vista os desafios que estão pela frente. "Estamos trabalhando para assegurar a inclusão do setor no Simples Nacional e temos ainda o grande desafio de preparar nossas indústrias para o mercado externo e, desta forma, mostrarmos ao mundo a qualidade de nossas bebidas", afirma. Confira a seguir a entrevista concedida por ele à Agência CNI de Notícias.

Agência CNI de Notícias – O SindBebidas tem como base territorial todo o estado de Minas Gerais e representa as indústrias mineiras produtoras de cachaça, cerveja, refrigerantes, sucos, energéticos e água mineral. Que avanços e desafios o senhor enxerga para o setor? 

Mário Morais Marques – O SindBebidas foi o agente de transformação de alguns aspectos muito importantes para o nosso setor. O maior avanço, sem dúvida, foi a construção de uma negociação com o Governo do Estado que resultou na concessão de benefícios tributários importantes para os setores de cachaça e cerveja artesanal. Neste mesmo aspecto tributário, estamos numa forte mobilização política em prol da inclusão de alguns tipos de bebidas alcoólicas no  Simples Nacional. Conseguimos uma grande vitória com a aprovação do PLP 25/2007 pela Câmara dos Deputados na 3ª-feira passada e agora estamos vigilantes para assegurar que a redação final seja sancionada sem vetos. Também avançamos na organização política de alguns setores, como as microcervejarias. Resta ainda o grande desafio de preparar nossas indústrias para o mercado externo e, desta forma, mostrarmos ao mundo a qualidade de nossas bebidas. 

Agência CNI de Notícias – Nos últimos anos, o SindBebidas registrou um crescimento significativo do número de empresas associadas, passando de 31 a 150. Que ações do sindicato relacionadas à defesa dos interesses do setor contribuíram para a maior participação das empresas no sindicato? 

Mário Morais Marques – A principal prática foi ter adotado uma estratégia de atrair novos associados quando conseguimos aprovar os regimes especiais de ICMS para os setores de cachaça e cerveja artesanal. 
Inicialmente o Sindicato negociou com a Secretaria da Fazenda a concessão de regimes especiais de tributação de ICMS para dois setores representados pelo Sindicato. Após a autorização dos benefícios pela Secretaria da Fazenda, criamos uma estratégia de atração de novos associados baseada no suporte dado às indústrias para a obtenção e aprovação dos regimes especiais por cada indústria. Embora o regime especial fosse para todo o setor, se a empresa se associasse ao SindBebidas ela recebia orientação técnica especializada e todos os documentos necessários para acessar o regime especial e usufruir do benefício da redução da carga tributária. Além disto, investimos na capacitação técnica na área tributaria de nossos colaboradores, de forma a orientar as indústrias no planejamento tributário e na implantação das melhores práticas contábeis e fiscais. Isso resultou numa economia significativa no recolhimento dos impostos e consequente melhoria do fluxo de caixa das indústrias. 

Agência CNI de Notícias – O Sindicato também tem oferecido uma série de serviços para as indústrias representadas, a exemplo da assessoria tributária e de cursos para formação de cervejeiros. Em que medida esses serviços contribuem para a competitividade das indústrias e para o aumento da base de associados do sindicato? 

Mário Morais Marques – No caso da assessoria tributária, o ganho de competitividade vem da melhoria do fluxo de caixa das indústrias, possibilitado por uma análise profunda da situação fiscal e tributária desta indústria. Essa ação permite que indústrias de micro e pequeno porte possam acessar um planejamento tributário especializado e gratuito. A oferta de capacitação especializada para os colaboradores e empresários gera ganho de competitividade na medida em que permite difundir conteúdos mais relevantes, contribuindo para a melhoria de processos e produtos. As capacitações são realizadas em parceria com entidades como SENAI, IEL e Sebrae. 

Agência CNI de Notícias – Outro fator que faz a diferença na atuação de um sindicato é a sua capacidade de se comunicar com a base industrial. Como o SindBebidas gerencia sua comunicação com a base? 

Mário Morais Marques – A criação de um banco de dados de e-mails segmentado foi a nossa principal ação de comunicação e surgiu a partir de uma necessidade de uma rotina de comunicação com um custo de implantação baixo e que aumentasse o grau de proximidade do Sindicato com seus stakeholders. Como o Sindicato tem base estadual e pelo fato de Minas Gerais ser um estado territorialmente grande, tornou-se necessário estreitar o relacionamento com a base de associados e filiados de forma eficaz e rápida, já que os custos de deslocamentos são altos. Também foi necessário segmentar a comunicação em diversos níveis, pois o segmento industrial que o SindBebidas representa é bastante heterogeêneo, composto desde micros até empresas de grande porte. Embora a comunicação seja a distância, o que garantiu a efetividade da ação foi a relevância da comunicação, possibilitando que cada informação seja remetida para a pessoa certa e no tempo certo, gerando credibilidade e proximidade. Nesse sentido, a comunicação por e-mail foi a principal ferramenta escolhida, pois é efetiva e tem baixo. Com o Outlook foi possível definir níveis diferenciados de destinatários das mensagens a partir da criação de um mapa de fluxo de comunicação. Esta prática foi inclusive reconhecida e  publicada no Catálogo Online de Boas Práticas da CNI.

Agência CNI de Notícias – Recentemente o senhor recebeu, em Minas Gerais, 14 lideranças sindicais empresariais do setor de bebidas de todo o país para o 2º Intercâmbio de Lideranças Setoriais da Indústria de Bebidas. Como o senhor avalia essa iniciativa?

Mário Morais Marques – O Intercâmbio é uma excelente parceria entre a CNI, as federações e os sindicatos e permite aproximar de forma estratégica as lideranças de nosso setor. O encontro realizado em Belo Horizonte foi o ponto de partida de um estreitamento na relação de lideranças que não existia até então e tem contribuído para um alinhamento político de nosso setor. 

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