Sindicatos devem inovar para acompanhar mudanças nos negócios

Além das transformações tecnológicas, sindicatos também têm o desafio de inovar no modelo de gestão e atuação junto às bases

Os processos de inovação são digitais e não há mais volta. A afirmação é de Silvio Meira, umas das vozes mais ativas do país quando o assunto é inovação e tecnologia da informação. O professor associado da Fundação Getúlio Vargas Rio (FGV) abriu o debate do último dia do Encontro Nacional da Indústria (ENAI), que se debruçou sobre novas formas de atuação sindical. “A internet digitalizou os negócios e as pessoas. Consequentemente, afeta as formas de articulação sindical”, disse.

Presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte (FIERN) e também do Conselho Temático de Micro e Pequenas Empresas (COMPEM) da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Amaro Sales reiterou o papel das federações e sindicatos em trabalhar para facilitar a vida dos empresários. “Inovação é isso. Buscarmos a eficiência e a melhora no ambiente de negócios. Inovação vem com pessoas e com formas de gestão”, disse. Ele citou exemplo recente da FIERN, que, sob a nova gestão, buscou os órgãos fiscalizadores para aproximar o governo das empresas e melhorar o relacionamento com o setor produtivo.

Além das transformações tecnológicas, sindicatos também têm o desafio de inovar no modelo de gestão e atuação junto às bases. Um exemplo disso vem do Ceará. O Sindicato das Indústrias de Panificação e Confeitaria (SIndpan) do estado inverteu a lógica e contratou agentes de mercado para abordar empresas e apresentar os serviços oferecidos pela entidade aos associados. “Nosso setor é basicamente formado por pequenas empresas, que demandam muito a presença do empresário. Por isso, resolvemos ir até eles. Tem dado certo”, afirmou Lauro Martins, presidente do Sindpan-CE. Segundo ele, o sindicato tem registrado aumento no número de empresas na base, que se associam de maneira espontânea. 

Outro exemplo de inovação sindical que ajudou o setor aconteceu em Amazonas, onde o Sindicato das Indústrias de Construção Civil (Sinduscon) agiu para acabar com as dúvidas sobre o órgão responsável pela aprovação de novos projetos. “As empresas pararam de buscar dois órgãos diferentes e passaram a ir direto à Prefeitura para registrar e aprovar projetos. Isso é exemplo de defesa de interesses do setor”, explicou Eduardo Jorge, presidente da entidade. 

Hans Bethe, que comanda o Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Blumenau e Pomerode (SIMMMEB-SC), lembrou que, em períodos de crise, há oportunidades para os sindicatos. “As empresas passam por momentos delicados, muitas estão endividadas. Essas situações são oportunidades para que sindicatos mostrem seus serviços e competências para ajudar as empresas”, disse o líder catarinense.

ENAI – O objetivo do ENAI, promovido pela CNI nestas quarta e quinta-feira (12), foi discutir a crise econômica brasileira e os entraves ao aumento da competitividade. Durante os dois dias, os representantes da indústria debateram com ministros, parlamentares, empresários e especialistas o tema “Brasil: ajustes e correções de rota”. O encerramento foi feito nesta quinta-feira pelo ex-presidente dos Estados Unidos Bill Clinton, que proferiu palestra magna sobre a economia global pós-crise.

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