Inovação é uma das principais formas para tornar empresas mais competitivas, diz Ricardo Pelegrini

Executivo da IBM no Brasil e líder da Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI) alerta para o papel da indústria como aceleradora do processo de inovação. Segundo ele, governo e iniciativa privada devem trabalhar conjuntamente nesse processo

A inovação é fundamental para o desenvolvimento e a competitividade das empresas. A avaliação é de Ricardo Pelegrini, executivo de Inovação da IBM no Brasil e um dos líderes da Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI). Em entrevista à Agência CNI de Notícias, ele afirmou que um dos principais trabalhos da MEI, coordenada pela Confederação Nacional da Indústria, é o de conscientizar e incentivar o empresariado quanto à importância de inovar.

Pelegrini observa que o Congresso Brasileiro de Inovação da Indústria, que será realizado pela CNI e o Sebrae, nos dias 27 e 28 de junho, em São Paulo, dará visibilidade ao tema e mobilizará empresários, uma vez que reunirá especialistas brasileiros e estrangeiros para dois dias de debates sobre o avanço da inovação no mundo e os desafios locais desta agenda. “A ideia é que cada empresário possa enxergar o que está acontecendo e se estimular a inovar”, enfatiza. O executivo detalhou também o Projeto Watson, da IBM, que já é uma realidade baseada na inteligência artificial. Confira a entrevista:

AGÊNCIA CNI DE NOTÍCIAS - Como está o Brasil em relação à agenda de inovação?

RICARDO PELEGRINI
- A agenda de inovação tem crescido nos últimos anos. Iniciativas dentro da própria CNI, como a Mobilização Empresarial pela Inovação, a MEI, que temos desde 2008, demonstram exatamente o objetivo de estimular a inovação. Hoje, o Brasil tem um problema crônico de produtividade, pois a economia não tem crescido nos últimos anos. A agenda em geral no país é um desafio, mas atuando dentro do setor produtivo a gente enxerga que uma das principais formas de a indústria ter maior competitividade é através da inovação. Estamos avançando, mas temos uma estrada bastante longa para trilhar dos dois lados, com investimento público e privado. É preciso de um montante público constante e bem aplicado para estimular o investimento privado, que também não é suficiente hoje e precisará aumentar aos padrões globais.

AGÊNCIA CNI DE NOTÍCIAS - O trabalho da MEI tem colaborado para que as empresas inovem mais?

RICARDO PELEGRINI
- Com certeza sim. A gente nunca está satisfeito com o número do Brasil, mas o que a gente tem feito tem colaborado com a inovação no país. Temos programas e parcerias com laboratórios globais de inovação, visitas e imersões, e estamos criando frentes de trabalho com conceitos de ecossistemas atuando de forma setorial e também horizontal. No ano passado, fizemos três programas levando empresas brasileiras para o exterior, visitamos nos Estados Unidos grandes laboratórios, centros de pesquisas e universidades.

No Brasil, também trouxemos empresas para centros de pesquisas de grandes empresas, como IBM e GE. Visitamos também no começo do ano laboratórios do SENAI CIMATEC, em Salvador. Montamos programa de aceleração em inovação e manufatura avançada com a Ohio University. Tivemos imersão no ano passado à Alemanha, onde vimos os conceitos da Indústria 4.0. São exemplos de que essas iniciativas têm agregado valor. Além disso, o governo federal também tem uma participação importante, porque ele tem que ser um grande facilitador do acesso à inovação.

AGÊNCIA CNI DE NOTÍCIAS - Como reverter o cenário de baixos investimentos em inovação no país?

RICARDO PELEGRINI
- É fundamental que tenhamos a conscientização da importância da inovação no desenvolvimento das empresas, ver o que existe de recursos disponíveis e atacar os principais gargalos. São essas as dimensões em que temos procurado trabalhar. O nosso Congresso Brasileiro de Inovação da Indústria, que acontecerá na próxima semana, será fundamental para isso. Vamos dar visibilidade ao que já está acontecendo na inovação. Há um crescimento do empreendedorismo nessa área que também vamos dar visibilidade.

A ideia é que cada empresário possa enxergar o que está acontecendo e se estimular a inovar. A partir daí, é necessário continuar acelerando programas de inovações, com as parcerias da MEI com a CNI e outros órgãos como Sebrae e SENAI. Precisamos remover bloqueios, dando visibilidade ao governo quanto à importância de financiamentos em inovação, educação e propriedade intelectual. São agendas que temos trabalhado na MEI.

AGÊNCIA CNI DE NOTÍCIAS - O Brasil aparece hoje em 69º lugar no Índice Global de Inovação. Essa posição é incompatível com o tamanho da economia do Brasil?

RICARDO PELEGRINI - Sim. Incompatível também com a importância da indústria no país. O Brasil tem cada vez mais participação de diferentes segmentos da indústria na economia. Dados estatísticos globais mostram que muito da inovação que existe em outros países, mesmo aqueles em que o setor industrial não tenha grande presença, tem a indústria como aceleradora porque ela demanda inovação. Portanto, é super importante ter o protagonismo da indústria nesse processo de inovação no país.

AGÊNCIA CNI DE NOTÍCIAS - Como a IBM tem atuado para promover a inovação no Brasil?

RICARDO PELEGRINI - A IBM, que neste ano completa seu centenário no Brasil, vem atuando de forma muito participativa e ativa há muitos anos. A inovação está no DNA da empresa. Trouxemos em 2010 o laboratório de pesquisas para o Brasil, foi o primeiro que a IBM abriu no Hemisfério Sul. O laboratório traz muita inovação com pesquisa e desenvolvimento. São 3 mil pesquisadores ao redor do mundo, sendo cinco prêmios Nobel. Há mais de 10 de laboratórios de desenvolvimento no Brasil e mais de 140 pesquisadores trabalhando ativamente no país como parte do ecossistema dos 3 mil pesquisadores globais.

A IBM cresce muito alinhada com tudo o que vem acontecendo na revolução tecnológica global, como com a inteligência artificial, que é o grau mais alto de inovação no mundo. O laboratório brasileiro está inserido no Projeto Watson, que é a parte de inteligência artificial que se conecta com internet das coisas, com sistemas de big data, com a leitura de dados de redes sociais e a parte de mobilidade urbana e sensoriamento. O laboratório brasileiro está inserido dentro da demanda global dessa tecnologia. Portanto, o Brasil continua investindo muito em inovação e nas mais atuais tecnologias.

AGÊNCIA CNI DE NOTÍCIAS - A inteligência artificial é uma das megatendências da inovação. O senhor pode dar detalhes do Projeto Watson?
 
RICARDO PELEGRINI - A inteligência artificial é real hoje, já tem aplicação na indústria. Por exemplo, em uma planta de manufatura você pode educar o sistema e mapear quais são os processos da planta, os equipamentos e os tempos para uma máquina performar. A partir daí, o sistema monitora todos os parâmetros, como temperatura e umidade. Em tempo real, o sistema captura todas as informações, levantando o que ele foi treinado para operar e fazendo alertas para um expert que esteja numa sala de comando. Sempre interagindo em linguagem humana.

O Watson fala com a pessoa e faz alertas: "naquela máquina a temperatura está muito alta, o que é anormal estatisticamente e, por isso, sugiro dar uma averiguada". Então, ele vira um consultor para você adotar ações inteligentes de forma preventiva e pró-ativa. Você não vai esperar que exploda uma caldeira porque a temperatura está muito alta, o que geraria perdas diversas. Tudo isso está funcionando, já temos clientes trabalhando dessa forma.

AGÊNCIA CNI DE NOTÍCIAS - Qual a importância do Congresso Brasileiro de Inovação da Indústria para a agenda de inovação no Brasil, com a vinda de diversos especialistas brasileiros e internacionais?

RICARDO PELEGRINI
- É de fundamental importância. O Congresso, que ocorre a cada dois anos, está se transformando em uma grande âncora de inovação, todos esperam esse momento com a participação global e local de especialistas, empresas, universidades e laboratórios. Eles estarão aqui fazendo uma imersão de dois dias, discutindo os desafios locais e trazendo o que está acontecendo no mundo. Temos que considerar a indústria como parte de um ecossistema global, que compete e faz parceria com empresas globais o tempo todo. O Congresso reúne o maior volume de informações sobre inovação concentradas em um só evento no Brasil.

AGÊNCIA CNI DE NOTÍCIAS - Será um momento para empresários se atualizarem sobre o avanço da inovação no cenário mundial?

RICARDO PELEGRINI - 
Estamos estimulando e vamos dar visibilidade quanto ao fato de que hoje as empresas já têm muitos dados disponíveis, porque o sensoriamento já existe. O mercado estima hoje que tenhamos mais de 10 bilhões de sensores no mundo e que, em 2020, haverá de 20 a 30 bilhões de sensores. 80% desses dados não estão sendo utilizados. O dado é o recurso natural do Século XXI e isso é uma joia, está dentro das empresas e a tecnologia já permite que se explore esse campo.


CONGRESSO DE INOVAÇÃO - Acesse o site oficial para mais informações sobre o evento. Acompanhe a cobertura completa do Congresso Brasileiro de Inovação da Indústria:


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