Conselho debate como o Brasil pode avançar em direção à Indústria 4.0

Modernização do parque industrial e estratégias para expansão da Internet das Coisas no país foram debatidos no Conselho Temático de Política Industrial da CNI

Acompanhar o ritmo acelerado de transformações impostas pelas tecnologias digitais é o desafio posto à indústria global. Para não ficar para trás e aumentar o déficit de competitividade em relação às economias desenvolvidas, o Brasil precisa definir uma estratégia para modernizar seu parque industrial. Como fazê-lo foi o principal tema da 2ª reunião do Conselho Temático de Política Industrial da Confederação Nacional da Indústria (CNI), realizada na última segunda-feira (29), em Brasília. 

A Bosch tem visto o tema com atenção e acredita que a atualização precisa se estender às cadeias, incluindo fornecedores de médio e pequeno portes. A aposta da gigante alemã é começar pelo retrofit, que é quando a modernização acontece por meio da atualização de máquinas e equipamentos ultrapassados. "Não podemos nos limitar a robôs e investimentos muito altos. É possível melhorar a perfomance utilizando sensores e softwares. Acreditamos que o Brasil precisa passar por um processo de smart retrofit para chegar à Indústria 4.0", afirmou  Besaliel Botelho, presidente da Bosch América Latina. 

Segundo ele, a empresa está financiando um projeto piloto para modernizar a fábrica de uma de suas fornecedoras com este conceito. "É preciso uma 'evangelização' sobre o tema aos empresários e também um incentivo do governo para que elas sigam nesse caminho", completou. 

Para o presidente do COPIN e da Federação de Indústrias do Estado de Santa Catarina (FIESC), Glauco Côrte, é muito importante que o Brasil defina e implemente, rapidamente, uma estratégia para o desenvolvimento da Indústria 4.0. "Nossos principais concorrentes estão fazendo isso e não podemos ficar para trás, sob pena de ver o gap de competitividade com esses países aumentar", afirmou. 

INTERNET DAS COISAS  - Uma das frentes fundamentais para isso é a Internet das Coisas (IoT), por meio da qual máquinas e pessoas estão cada vez mais conectadas. A criação de uma estratégia nacional para criar um ambiente mais favorável à adoção dessas tecnologias está sob a responsabilidade da Câmara de Internet das Coisas, coordenada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC).  O grupo reúne empresas, universidades, centros de pesquisa e representantes do governo para estruturar ações para o desenvolvimento do tema no país. 

Thales Marçal Vieira Neto, coordenador geral da câmara, explicou que até setembro deste ano o governo deve lançar o Plano Nacional de IoT, que buscará fomentar o desenvolvimento de soluções que explorem as tecnologias para solucionar desafios brasileiros. "Vemos possibilidades não apenas para a indústria, como para o agronegócio, a saúde, o comércio, entre outros. O objetivo do Plano Nacional de IoT é aumentar a competitividade da economia e fortalecer nossas cadeias produtivas ", afirmou.  Ele pediu apoio da CNI e dos conselheiros do Copin para divulgação da chamada que o ministério fará em 5 de junho para mapear usuários e desenvolvedores de IoT no Brasil.  

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