CNI defende a inclusão de termelétricas na base do sistema elétrico

Soluções para ampliação das térmicas foram debatidas em reunião do Conselho de Infraestrutura da CNI. Consultor da CNI sugere que o planejamento do setor inclua uma política de longo prazo

Seguindo uma tendência internacional, o sistema elétrico brasileiro encontra-se em plena transformação. Apesar do grande potencial hidrelétrico ainda disponível, o padrão de expansão da matriz de geração brasileira apresenta sinais de esgotamento, em decorrência da inviabilidade de construção de novas usinas com reservatórios de armazenamento e também da penetração das novas energias renováveis intermitentes - as fontes eólica e solar. O tema foi debatido nesta quarta-feira (31), em Brasília, durante reunião do Conselho Temático de Infraestrutura da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o Coinfra.

Este cenário descrito acima acarreta no aumento da dependência de fontes despacháveis (de utilização imediata), como as termelétricas, que, no Brasil, são tradicionalmente concebidas para complementar a geração hidráulica. No entanto, a operação do parque térmico acionado em momentos de baixa produção de energia, com baixos custos fixos, mas elevados custos variáveis, pode ocasionar valores insustentáveis em cenários cada vez mais prováveis de acionamento frequente e duradouro das térmicas.

Consultor responsável pela elaboração de um estudo da CNI sobre termelétricas, o professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Edmar Almeida defende que o planejamento do setor elétrico inclua uma política de longo prazo para as térmicas de produção contínua, com um plano que envolva também o setor de gás. “Toda vez que a caixa d’água esvazia, temos que chamar o carro pipa. É isso o que ocorre com as termelétricas quando chove menos. Há um novo paradigma de operação no setor elétrico brasileiro em função das transformações que vêm ocorrendo. Se nada for feito, vamos ter que acionar as termelétricas emergenciais, e isso custará cada vez mais caro”, afirmou Almeida. 

Para ele, em um cenário de utilização crescente de térmicas, a viabilização de centrais com produção mais contínua, respaldadas por contratos de combustível de longo prazo menos custosos, é fundamental para a sustentabilidade futura do setor elétrico nacional. Já a maior frequência da geração térmica pode possibilitar o aproveitamento de recursos domésticos mais competitivos. 

O consultor da CNI acrescentou que a metodologia atual de contratação impõe riscos muito elevados aos projetos térmicos, uma vez que há penalidades elevadas por não geração de energia, além do fato de os contratos exigirem suprimento flexível de gás, o que, em geral, aumenta os custos.

CONJUNTURA HIDROLÓGICA – Outro tema debatido na reunião, comandada pelo presidente do Coinfra e da FIEMG, Olavo Machado Junior, foi a situação hidrológica do país. Hoje, mais de 64% da energia produzida no Brasil vem de matriz hidrelétrica. O consultor da CNI Carlos Senna alertou que, se os reservatórios das usinas de Três Marias (MG) e Sobradinho (BA) voltarem a enfrentar a pior situação hidrológica que já experimentaram, em 2014 e 2016, respectivamente, haverá esgotamento de ambos em novembro deste ano. Ele observou que, hoje, o preço real da energia paga pelo consumidor corresponde à metade do valor real da conta.

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