Banco Central deve antecipar cortes nos juros esperados para os próximos meses, avalia CNI

Redução acentuada na taxa Selic estimulará a economia que ainda não encontrou forças para crescer. Reforma da Previdência também é crucial para o país, destaca o Informe Conjuntural

A aceleração do ritmo de queda dos juros básicos da economia é decisiva para a retomada do crescimento. Com a forte redução da inflação, o Banco Central deveria promover hoje os cortes na taxa Selic esperados para os próximos meses, avalia a Confederação Nacional da Indústria (CNI).  Isso ajudaria a recuperar a situação financeira das empresas e dos consumidores e eliminaria um dos fatores de valorização do câmbio. Além disso, reduziria os custos da dívida pública.

Os setores público e privado seriam aliviados de uma restrição que impede o crescimento da economia", diz a CNI no Informe Conjunturaldivulgado nesta quarta-feira (12). De acordo com o estudo trimestral, a indústria estima que a inflação fechará o ano em 4,2%, abaixo do centro da meta de 4,5% fixado pelo governo. Os juros básicos da economia, atualmente em 12,25% ao ano, cairão para 8,5% ao ano no fim de 2017. 

Mas esse cenário só será possível com a aprovação de uma reforma da Previdência "robusta". "A aprovação da reforma eliminaria incertezas quanto ao ajuste fiscal de longo prazo, pavimentando o caminho para uma política monetária adequada a um novo ciclo de crescimento", afirma a CNI.

O Informe Conjuntural mostra que a economia brasileira enfrenta dificuldades para voltar a crescer. "A crise econômica ainda não foi superada e o país não iniciou o processo de crescimento", diz o estudo. A previsão da indústria é que o Produto Interno Brasileiro (PIB) crescerá apenas 0,5% neste ano. Depois de três anos consecutivos de queda, o PIB industrial terá uma expansão de 1,3%. O consumo das famílias aumentará 0,2% e os investimentos crescerão 2%. A taxa de desemprego aumentará e fechará o ano em 13,3%.

CONSUMO E EMPREGO - As dificuldades para a recuperação da atividade se devem, especialmente, à retração do consumo, provocada pelo desemprego e pelo endividamento das famílias. "Sem a contribuição do consumo, os vetores esperados da retomada - as exportações e o investimento privado - seguem fracos e não suportam isoladamente o crescimento", observa o estudo. "A presença de uma elevada capacidade ociosa na indústria, tanto na transformação como na construção, inibem as decisões de investimento no setor", completa.

Diante disso, a CNI estima que o PIB do primeiro trimestre ainda será negativo, mas a queda será inferior ao 0,9% registrado no quarto trimestre de 2016.  A expectativa é que a tendência de queda do PIB se interrompa no segundo trimestre. No entanto, o crescimento mais expressivo da economia só é esperado para 2018.

A atividade industrial também deve se recuperar gradativamente nos próximos trimestres. A manutenção da trajetória de queda dos juros e o aumento das exportações serão responsáveis pela melhora da indústria. A CNI estima que as exportações crescerão 5,3% em relação a 2016 e fecharão o ano em R$ 195 bilhões. As importações aumentarão 9,8% e alcaçarão R$ 151 bilhões. O saldo comercial será positivo em R$ 44 bilhões. 

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