A era dos robôs: tecnologia amplia produtividade, transforma educação e salva vidas

Como a robótica tem modificado o mercado de trabalho e a vida das pessoas? Qual a importância de ensinar a tecnologia para crianças? É o que a Agência CNI de Notícias mostra a partir de hoje na série especial Robótica na Vida da Gente

A robótica está cada vez mais presente em nossa realidade. Quase 254 mil robôs foram comprados pela indústria de todo o mundo apenas em 2015, segundo a Federação Internacional de Robótica (IFR, em inglês). De quatro a seis cirurgias robotizadas são feitas por semana em um hospital do Rio de Janeiro, que atende pelo Sistema Único de Saúde (SUS).  As aplicações desse tipo de tecnologia só crescem e criam novas possibilidades em áreas tradicionais, como a educação.

O Serviço Social da Indústria (SESI) identificou lacunas na formação dos cidadãos do futuro e, há cinco anos, passou a organizar, no Brasil, o Torneio de Robótica FLL .

Ao participar da disputa, promovida em dezenas de países, estudantes de escolas públicas e particulares desenvolvem valores como inspiração, trabalho em equipe e profissionalismo. São jovens de 9 a 16 anos atuando de forma conjunta para montar robôs, elaborar programações complexas e projetos de pesquisa capazes de solucionar problemas reais da sociedade. “O torneio é mais que um evento de robótica, é uma metodologia educacional”, afirma o diretor de operações do SESI, Marcos Tadeu de Siqueira.

Os robôs aparecem como uma forma lúdica e ativa de aprendizagem. Atualmente, cerca de 400 escolas do SESI de ensino fundamental e médio de todo o Brasil contam com o programa no currículo, independente da participação no torneio. O contato dos jovens com a tecnologia incentiva a criação de futuros profissionais mais conectados à inovação, ressalta Marcos Tadeu. 

Foi o que descobriu o professor de Fisioterapia do Instituto Metodista Izabela Hendrix, em Belo Horizonte, Cláudio Scianni. Depois que passou a adotar a robótica em sala de aula, notou grande diferença no rendimento dos alunos. Tanto a atenção quanto os resultados obtidos por eles nas avaliações melhoraram significativamente. Ouça:

Para o professor, o conhecimento fica mais solidificado desta maneira. “Enquanto para as crianças você ajuda a ensinar física e matemática, no ensino superior podemos ensinar anatomia e biomecânica. As coisas ficaram mais claras e as dificuldades que eles tinham deixaram de existir”, explica Scianni em entrevista à Agência CNI de Notícias.
 

TRANSIÇÃO DOLOROSA - Quanto mais cedo o contato com a tecnologia, mais adaptável estará o profissional. A transição do “analógico” para o “digital” fica mais complicada à medida que o tempo passa. Segundo Ullyanov Toscano, cirurgião de cabeça e pescoço, esse processo foi trabalhoso. O médico, que hoje realiza cirurgias roboticamente no Instituto Nacional do Câncer (INCa), no Rio de Janeiro, não teve a oportunidade de interagir com robôs na escola e nem na faculdade. 

O INCa foi o primeiro hospital do Brasil a oferecer esse tipo de tratamento para pacientes do SUS. Além dele, outros dois contam com a tecnologia: um em Curitiba e outro em São Paulo, segundo a Coordenação Geral de Equipamentos e Materiais de Uso em Saúde (CGEMS) do Ministério da Saúde.

A cirurgia robótica é menos invasiva e mais rápida, explica o médico Ullyanov Toscano. Na maioria dos casos, o robô evita cortes ao utilizar cavidades do corpo do paciente, como a boca, para fazer os procedimentos cirúrgicos. Além disso, o tempo de operação, que chegava a seis horas, pode cair para até 30 minutos. Desde 2013, quando o robô chegou ao INCa do Rio de Janeiro, foram feitos 500 procedimentos com a tecnologia. 
 

ROBÔS NA LINHA DE PRODUÇÃO – Na indústria, os robôs fazem parte da rotina há muito mais tempo. Robotização que vai crescer ainda mais nos próximos anos. Em 2019, o setor deve adquirir 400 mil novas máquinas, estima a Federação Internacional de Robótica. Apenas na indústria brasileira, serão 3.500 novas unidades nas fábricas, mais que o dobro do registrado em 2015: 1.407 unidades.

Mesmo com o aumento esperado, o país ainda segue muito distante de outras grandes potências. O Japão, por exemplo, tem estimativa de adquirir 43 mil novos robôs em 2019. Isso mostra o quanto esse mercado, no Brasil, é emergente e tem muito a crescer. Investir na área é apostar nos profissionais do futuro. 

HISTÓRICO - O primeiro trabalhador-robô a ir para o chão de fábrica foi o Unimate, em 1969. Ele realizava trabalhos desagradáveis ou perigosos demais para as pessoas e dobrou a produção de carros por hora, conforme a Associação das Indústrias Robóticas (RIA).

Hoje, a indústria automotiva é a maior consumidora de robôs no mundo todo. Para se ter uma ideia, só em 2015 foram comercializadas 97,5 mil novas unidades, de acordo com a IFR. Para Diego Gonçalves, especialista em manutenção da General Motors de Gravataí (RS), houve uma grande transformação no dia a dia da fábrica.

“Lembro que, quando entrei na GM, em 2000, havia muitas máquinas manuais e os desafios da área eram inúmeros. Com a chegada dos robôs, tivemos vários benefícios, incluindo o aumento da produtividade, e o mais importante, da segurança”, ressalta Gonçalves.

Uma das principais preocupações em relação à utilização de robôs no mercado é sobre as vagas de trabalho ocupadas por eles, substituindo pessoas. O especialista da GM é enfático neste ponto. “Não substitui, porque eu tenho técnicos para programar o robô e técnicos para fazer a manutenção dele. É mais uma questão de qualidade e segurança, já que ele faz o serviço mais bruto e repetitivo”, afirma. Para Diego Gonçalves, o que ocorre é um aumento nas oportunidades que necessitam de mais qualificação. 

TORNEIO DE ROBÓTICA – Desde 2013, o Serviço Social da Indústria (SESI) é o organizador oficial do Torneio de Robótica FIRST Lego League. A cada temporada, estudantes de 9 a 16 anos, de escolas pública e particulares, são desafiados a apresentar soluções inovadoras para determinados temas. Na temporada 2016/2017, o desafio Animal Allies incentiva os alunos a pesquisar sobre a relação entre homens e animais, de que maneira um interfere ou pode ajudar a vida do outro. 

Durante a competição, cada equipe precisa apresentar um projeto de pesquisa com uma solução inovadora para o tema, além de planejar, projetar e construir robôs com peças Lego. Esse mesmo robozinho terá de cumprir missões na mesa da competição, em partidas de até dois minutos e meio. E, finalmente, cada grupo de estudantes precisa mostra que sabe trabalhar em equipe. É assim que os times são avaliados. 

A etapa regional da competição começou em novembro do ano passado. As melhores equipes participam do Torneio Nacional de Robótica, entre os dias 17 e 19 de março, em Brasília. Quer saber tudo sobre o Torneio de Robótica? Acesse o site oficial da competição!

LEIA NA REPORTAGEM DE AMANHÃ – A segunda reportagem da série Robótica na Vida da Gente vai mostrar a trajetória de alguns estudantes de robótica que estão brilhando nas universidades do Brasil e até do exterior. Vai ver também que a indústria está de olho nesses profissionais. Não perca!

AS REPORTAGENS DA SÉRIE:

1ª - A era dos robôs: tecnologia amplia produtividade, transforma educação e salva vidas

2ª- Robótica impulsiona carreira de estudantes e profissionais

3ª - Estudantes de robótica desenvolvem projetos que ajudam animais, pessoas e a indústria

4ª - VÍDEO: Robótica pode abrir portas do mercado de trabalho

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