Indústria 4.0 é destaque na maior feira industrial do mundo, na Alemanha

Extensa e movimentada, a Feira de Hannover é a vitrine perfeita da materialização de ideias que pareciam ser possíveis apenas em obras de ficção científica

Extensa e movimentada, a Feira de Hannover é a vitrine perfeita da materialização de ideias que pareciam ser possíveis apenas em obras de ficção científica. A edição 2016 do maior salão industrial do mundo é dedicada à nova era dos processos produtivos, chamados pelos alemães de Indústria 4.0. Com 5 mil expositores, o evento marca o lançamento anual de tecnologias e tendências.

Uma delegação de 16 empresas brasileiras está na cidade para conhecer as novidades do mercado e buscar parcerias comerciais. A ação é fruto de uma parceria entre a Confederação Nacional da Indústria (CNI) - via Rede Brasileira de Centros Internacionais de Negócios ( Rede CIN ) - Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS) e Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).

Esta é uma oportunidade para aprendermos sobre a Indústria 4.0, cujas discussões ainda são incipientes no Brasil, e permitir que as indústrias, inclusive as pequenas, tenham uma visão mais ampla das apostas da concorrência internacional”, afirma o gerente-executivo de Política Industrial da CNI, João Emílio Gonçalves, representante da instituição na missão.

FÁBRICAS INTELIGENTES – As atrações da feira são dividas em cinco temas: pesquisa e desenvolvimento, automação industrial, suprimentos industriais, energia e indústria digital. Um dos destaques do último tema é a Fábrica do Futuro, criada pela alemã SAP, desenvolvedora de softwares.

Em cases reais, a SAP mostra aos visitantes como suas soluções digitais transformam a produção das empresas que usam seus sistemas ao permitir maior autonomia na produção por meio da conectividade e de estações de controle unificadas. Clientes podem escolher as especificações e fechar pedidos pela internet. Os dados são enviados diretamente para as máquinas, que recebem e enviam informações em tempo real para o sistema.

 

"As start-up de base tecnológica são as indutoras da inovação. Precisamos incentivá-las e dar condições para que tenham o ambiente adequado para desenvolver tecnologia" - Matthias Machnig, ministro de Assuntos Econômicos e Energia da Alemanha

Os controles permitem, por exemplo, que as máquinas produzam em grande escala produtos altamente customizados. “Desta maneira, além de atender exigências detalhadas dos clientes, a produção é condicionada à demanda. Ou seja, não existe estoque. Há uma redução significativa dos custos”, explica Stephan Meier, engenheiro da empresa. Em outra aplicação, o sistema de rastreamento contínuo dos produtos reduz a margem de erro na produção e elimina a chance de errar a entrega ao cliente.


PEQUENOS NEGÓCIOS - Apesar das demonstrações impressionantes de grandes empresas, como Volkswagen, os alemães acreditam no papel determinante dos pequenos negócios no desenvolvimento de tecnologia. “As start-ups de base tecnológica são as indutoras da inovação. Precisamos incentivá-las e dar condições para que tenham o ambiente adequado para desenvolver tecnologia”, afirmou o ministro de Assuntos Econômicos e Energia da Alemanha, Matthias Machnig, em painel realizado na manhã desta terça-feira (26).


A percepção de que pequenas empresas têm menos condições ou mesmo necessidade de soluções tecnológicas de ponta não parece fazer sentido para os alemães. No stand da Siemens, a empresa deixa claro que o mesmo sistema que a BMW usa para desenhar e testar digitalmente seus motores é usado por pequenas indústrias, como uma fabricante de pranchas de surf nos Estados Unidos. Ao compartilhar a técnica que cria um ‘gêmeo virtual’ do produto real, as empresas buscam melhorar o design, a qualidade do produto, o controle da produção e conseguir ganhos de produtividade.

 

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