SENAI vai avaliar impacto de seu primeiro centro de formação profissional aberto no exterior

Primeiro centro de formação profissional do SENAI criado fora do Brasil passará por um processo de avaliação de impacto

Um dos mais antigos e principais parceiros da Agência Brasileira de Cooperação (ABC), o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) iniciará, em 2016, uma nova fase de sua atuação internacional. O primeiro centro de formação profissional criado fora do Brasil pela instituição passará por um processo de avaliação de impacto. A unidade a ser analisada funciona em Cazenga (Angola) desde 1999 e está sob a administração do governo nacional há dez anos. O objetivo agora é medir o que foi deixado de capacidade instalada no país para que o centro de formação pudesse, de fato, tornar-se sustentável. A expectativa é que até o fim deste ano o trabalho esteja concluído.

Entre 1999 e 2005, o centro localizado em Cazenga treinou aproximadamente 3 mil angolanos em áreas como mecânica, construção civil, tecnologia da informação, alvenaria, eletricidade e outras. O número de estudantes atendidos a cada ciclo aumentou de 144, em 2000, para mais de 2 mil nos últimos anos. Em 2014, esse número chegou a 3,4 mil alunos. Atualmente, 15 cursos são oferecidos. Algumas das opções iniciais já foram substituídas de modo a responder melhor à demanda da indústria local.

A área internacional do SENAI está neste momento sistematizando a metodologia para avaliações de resultado e de impacto. “Essa necessidade é fruto de nosso esforço de manter a atuação internacional ligada à consecução dos objetivos estratégicos da instituição. Com esses resultados das avaliações, conseguimos construir uma agenda internacional assertiva”, explica o gerente-executivo de Relações Internacionais do SENAI, Frederico Lamego.

A equipe responsável pelo trabalho conta com o apoio da especialista em avaliação de impacto Karin Vasquéz. Ela presta assessoria política de cooperação triangular Sul-Sul e também coordena pesquisas na área no Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), Banco Mundial e Banco Interamericano de Desenvolvimento. De acordo com ela, a própria natureza dos projetos de cooperação entre países em desenvolvimento (Sul-Sul) é um desafio para as avaliações de impacto. “Por serem baseados na transferência de conhecimento e tecnologias, esses projetos têm resultados mais difusos e diluídos no tempo”, diz.

Karin acredita que avaliações de resultado, impacto e estudos de caso como o do Centro de Formação Profissional de Cazenga podem contribuir para a melhoria de processos internos. Ela cita como exemplos a melhoria na gestão do conhecimento, na aplicação das lições aprendidas no desenho de novos projetos e até mesmo nas de parcerias formadas.

EXPERIÊNCIA – A avaliação dos centros de formação no exterior não é assunto novo no SENAI. O Centro de Formação Profissional Brasil–Timor Leste, implementado e administrado pelo SENAI entre 2002 e 2014, já passou por avaliação de resultados. “O que queremos agora é tornar a avaliação de resultados, num primeiro momento, e de impacto, posteriormente, atividade intrínsecas aos projetos de cooperação internacional do SENAI e do SESI (Serviço Social da Indústria)”, conta Frederico Lamego.

Para essas duas instituições, a cooperação internacional apoia o sistema produtivo e a superação dos obstáculos à competitividade da indústria brasileira. A experiência adquirida nas últimas décadas permitiu compartilhar conhecimento, replicar experiências e apoiar a capacitação e formação de quadros e a estruturação de centros de formação profissional e tecnológica. “Além disso, consideramos ganhos do aumento do valor de nossas marcas pela presença internacional, da ampliação de nossa capacidade de atendimento a clientes globais, da potencialização de nossa capacidade de inovação tecnológica e metodológica, do desenvolvimento de nossos quadros; e do acesso a fundos internacionais de financiamento”, diz.

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