Mais de 130 diplomatas se reúnem para discutir parcerias em educação

Será a primeira vez que a instituição responsável pela formação de trabalhadores na indústria brasileira irá apresentar os projetos que desenvolve fora para representantes de embaixadas no país

Na edição anterior do Briefing Diplomático, realizada em junho deste ano, o tema foi infraestrutura

O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) vai se reunir com um grupo de 130 diplomatas de 92 países para tratar de oportunidades de acordos internacionais nas áreas de educação profissional e tecnologia. Essa é a primeira vez que a instituição responsável pela formação de trabalhadores na indústria brasileira irá apresentar os projetos que desenvolve no exterior para representantes de embaixadas no Brasil. O encontro Briefing Diplomático será realizado nesta quinta-feira (27), na sede da Confederação Nacional da Indústria (CNI), em Brasília. Já estão confirmados embaixadores africanos de Cabo Verde e Angola, e também representantes do BRICS (grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e Àfrica do Sul), como o ministro conselheiro da Embaixada da China.

​​A segunda edição do Briefing Diplomático faz parte de um esforço da CNI para se aproximar diretamente das representações de outros países no Brasil. A primeira edição, realizada em junho deste ano, teve como tema infraestrutura.  A escolha do tema sobre educação profissional e tecnologia foi definida pelos próprios diplomatas.

CENTROS DE FORMAÇÃO EM OUTROS PAÍSES – O interesse pelo tema da educação se explica pelo fortalecimento do SENAI como ator da cooperação internacional brasileira. Nos últimos quatro anos, a instituição triplicou o número de parcerias internacionais. Saiu de 22 em 2010 para 68 em 2014, quando os valores chegaram a R$ 154 milhões, com atividades em todos os continentes.

Entre as ações de maior destaque está a construção de nove centros de formação profissional em outros países. O mais novo deles será inaugurado em dezembro em Lima, no Peru. Os outros têm sede na Guatemala, Jamaica, Paraguai, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Angola e Timor-Leste. A atuação dessas unidades é sempre ligada a educação profissional, inovação ou tecnologia. O SENAI, em conjunto com equipes locais, define o escopo técnico (formato e equipamentos) e o perfil da equipe que ficará responsável pelas unidades. Depois disso, os próprios países mantêm o funcionamento.

Centros de formação 

- O Centro de Formação Profissional Angola-Brasil, na cidade de Cazenga, apoiou a reconstrução nacional do país africano com formação e reciclagem de trabalhadores desmobilizados em função da guerra civil que perdurou por mais de 40 anos. De 1999 a 2006, mais de 3.000 angolanos foram formados pelo Centro. 

- Primeiro projeto iniciado em Timor-Leste pelo governo brasileiro, a criação do Centro de Promoção Social, Formação Profissional e Desenvolvimento Empresarial de Becora contou com a participação do SENAI que capacitou profissionais nas áreas de construção civil, marcenaria, costura industrial, hidráulica, eletricidade, panificação e informática. O Centro foi erguido nas instalações de uma antiga escola que, nos anos de conflito, havia sido destruída. O trabalho de recuperação desse espaço serviu como parte do treinamento dos alunos. De 2002 até hoje, 1,6 mil pessoas concluíram os cursos oferecidos pelo Centro. 

​​Cooperação triangular 

A primeira experiência com esse tipo cooperação envolveu Brasil (por meio do SENAI), Alemanha e Peru na construção do Centro de Tecnologias Ambientais Brasil-Peru, localizado em Lima, a ser inaugurado em dezembro de 2014. A unidade – ligada ao governo nacional – oferecerá formação para profissionais e desenvolvimento de tecnologias nas áreas de água e saneamento, eficiência energética e mecanismos de desenvolvimento limpo e, dessa forma, apoiará o país andino a seguir o que determina o Protocolo de Quioto. Firmada em agosto de 2010, a parceria no valor de R$ 8 milhões, pretende atender os setores produtivos e, em especial, a indústria local. 

​​Empresas brasileiras no exterior 

Em novembro de 2013, o SENAI assinou contrato com a Biocom. A joint venture do setor sucroalcooleiro e bioenergético, da qual a Odebrecht faz parte, tem sede cidade de Cacuso, em Angola. Em 2013 e 2014, 770 angolanos foram capacitados nas ocupações de operador de processo da indústria sucroalcooleira, analista de laboratório industrial, mecânico e eletricista industrial, soldador, caldeireiro e segurança no trabalho, dentre outras. Os cursos de curta e média duração foram executados pelo SENAI da cidade de Dourados, no Mato Grosso do Sul. A região é um importante polo sucroalcooleiro e bioenergético brasileiro e nos últimos dois anos, qualificou mais de 6 mil pessoas para o setor. Em 2010, um grupo de 60 angolanos, que também trabalham na Odebrecht em Angola, recebeu treinamento em Mato Grosso do Sul.

Além disso, o SENAI também vem estabelecendo parcerias com países desenvolvidos – foram 25 entre 2010 e 2014. Segundo o gerente executivo de Relações Internacionais do SENAI Frederico Lamego essa é uma forma de manter-se atualizado em relação à tecnologia. A entidade recorreu, por exemplo, ao Instituto Fraunhofer, da Alemanha, em busca de apoio na elaboração dos planos de negócios para a gestão da rede de 26 Institutos de Inovação e Tecnologia. Trata-se de um conjunto de unidades do SENAI voltada à pesquisa aplicada e inovação para que empresas de grande, médio e pequeno porte transformem suas ideias em produtos e processos inovadores.

​​ “Buscamos tecnologia em países mais desenvolvidos e a repassamos a empresas brasileiras aqui ou no exterior, por meio da formação de profissionais e da prestação de assessoria e de serviços técnicos e tecnológicos”, afirma. Lamego afirma que a partir dessa experiência, o SENAI passou a atender também empresas brasileiras no exterior. Atualmente, das 21 indústrias nacionais com atuação na África e na América Latina, 11 já receberam ou estão negociando algum tipo de apoio técnico do SENAI no exterior.

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