Estudo inédito da CNI revela desconcentração da indústria no país

Nos últimos dez anos, aumentou a participação no PIB de três estados do Sudeste, e de outros localizados nas regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste, fazendo São Paulo perder espaço

O estado de São Paulo, o maior parque fabril do país, vem perdendo espaço na produção da indústria brasileira. Apesar de responder por 29,8% de tudo o que é produzido pelo setor no Brasil, a participação do estado perdeu peso na composição do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Em uma década - de 2002 a 2012 -, a participação da indústria paulista no PIB industrial recuou 7,9 pontos percentuais, a maior queda registrada entre os demais estados e o Distrito Federal.  Por outro lado, aumentou a participação no PIB dos outros três estados do Sudeste, e de outros localizados nas regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste. Também são esses estados que estão contratando mais trabalhadores.

A disseminação da contribuição dos estados na produção nacional mostra que há desconcentração da indústria no Brasil, segundo documento inédito divulgado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) nesta quinta-feira (6), durante o Encontro Nacional da Indústria (ENAI), em Brasília. O estudo Perfil da Indústria nos Estados apresenta informações sobre a evolução da participação da indústria de cada estado na economia local, no PIB industrial nacional, na geração de emprego, nas exportações, além dos principais segmentos industriais em cada unidade da federação.

A contribuição das fábricas do Rio de Janeiro para o PIB industrial brasileiro aumentou 3,9 pontos percentuais na década. Do total da produção industrial, 14,3% vêm do Rio. Minas Gerais e Espírito Santo registraram aumento na participação de 1,5 ponto percentual cada um. O Pará aparece em quatro lugar, com incremento de 1,1 ponto.

"Os dados mostram que, nos últimos dez anos, tem havido aumento da industrialização fora de São Paulo. A desconcentração industrial é positiva porque leva desenvolvimento para outros estados do país. Mais indústrias significam mais empregos de maior qualidade, salários mais elevados e distribuição de renda", afirma o gerente-executivo de Pesquisa e Competitividade da CNI, Renato da Fonseca.

GERAÇÃO DE EMPREGO FORA DO SUDESTE - Nas regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste, foi onde a indústria mais elevou a sua participação no emprego. Em Mato Grosso do Sul, o aumento foi de 6,3 ponto percentual e,  atualmente, as empresas industriais daquele estado são responsáveis por 22,2% do emprego com carteira assinada. Rondônia aparece em segundo lugar entre os estados em que mais cresceu a participação do setor no total de empregados locais (5,1 pp). Em seguida, vêm Pernambuco (4,1 pp), Goiás (4,0 pp) e Bahia (3,9  pp). Por outro lado, em São Paulo, apesar de as indústrias serem responsáveis por 26,1% dos empregos formais, houve uma ligeira redução na década, de 0,1 ponto percentual.

O Espírito Santo é onde os industrializados têm maior importância para compor o PIB estadual. Do total da riqueza gerada no estado, 39,2% são oriundos de empresas industriais. Em seguida, aparece o Pará (37,6% do PIB) e o Amazonas (36,7%). No outro extremo, vem o Distrito Federal. Apenas 5,7% do PIB da capital do país é produzido pela indústria.

No Norte e no Nordeste os produtos industrializados têm peso maior no volume que é vendido para o exterior. Mais de 90% das exportações de Alagoas, de Sergipe, do Amazonas e de Pernambuco são de industrializados. Em São Paulo, os produtos industrializados respondem por 85,8% das exportações. No Rio de Janeiro, por 39,9%, e, em Minas Gerais, por 35,1%.

Quando se analisa a participação da indústria na geração de empregos, verifica-se que na região Sul é onde tem mais importância. De cada 100 empregos com carteira de trabalho assinada em Santa Catarina, 36 estão nas fábricas. No Rio Grande do Sul, a indústria emprega 30% da mão de obra. No Paraná, 28%. Em seguida aparecem o Amazonas e São Paulo, onde as indústrias são responsáveis por  28% e 26% dos empregos formais, respectivamente.

Faça o download da pesquisa:

Download de Arquivos

Perfil da Indústria nos Estados 2014 (PDF 13,2 MB)

O Brasil precisa ter uma agenda com metas claras e objetivos definidos sobre o que pretende alcançar para tornar-se mais competitivo. Precisamos estar preparados para, em 2018, responder sobre o quanto melhoraram os indicadores de competitividade", afirma o diretor de Políticas e Estratégia da CNI, José Augusto Fernandes.

Mais notícias

Relacionadas

Leia mais

ENAI 2014: CNI defende correção de rota da economia para aumentar competitividade da indústria até 2018
ENAI 2014: Presidente da República deve liderar agenda de competitividade
ENAI 2014: Mais de 1.800 empresários discutem, em Brasília, a agenda do Brasil para os próximos quatro anos

Comentários