ENAI 2014: Redução do déficit em infraestrutura depende de melhor gestão e eficiência do poder público

Desafios que o país tem pela frente nos setores de transporte, logística e energia foram debatidos no painel "Agenda da infraestrutura 2015-2018"

Eduardo Carlos Spalding (ABRACE), José de Freitas Mascarenhas (CNI) e Rodolpho Tourinho Neto (Abdib)

A reversão do déficit histórico em infraestrutura no Brasil exige que os investimentos em logística e energia sejam ampliados com urgência. O crescimento necessário dos aportes, no entanto, depende da melhora na eficiência dos órgãos públicos responsáveis pelo planejamento e gestão do setor. “O déficit brasileiro chega a US$ 600 bilhões, mas pode ser revertido com melhor governança e maior participação do setor privado”, disse José de Freitas Mascarenhas, presidente do Conselho de Infraestrutura da Confederação Nacional da Indústria (CNI), durante o 9º Encontro Nacional da Indústria (ENAI).

Os desafios do Brasil nos setores de transporte e logística e energia foram debatidos no painel Agenda da infraestrutura 2015-2018 , que reuniu também Rodolpho Tourinho Neto, presidente executivo da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib) e Eduardo Carlos Spalding, integrante do conselho da Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace). Na sessão, os empresários cobraram avanços para que os atrasos na execução de obras no Brasil deixem de ser rotina no setor de infraestrutura.

QUALIDADE NOS PROJETOS  – Um dos principais problemas identificados pelos debatedores é a baixa qualidade ou, em alguns casos, inexistência de projetos básicos para grandes obras estruturantes. Eles lembraram que é comum o poder público, por motivação política, lançar a licitação de obras sem contar com o documento, que define os principais parâmetros para que possa ser orçada e executada sem imprevistos. “Do ponto de vista técnico e econômico, não faz sentido que uma obra seja licitada sem um projeto”, criticou Tourinho.

Spalding cobrou que o poder público incorpore metodologias internacionais consolidadas de gerenciamento de projetos, o que pode ajudar o país a minimizar casos de obras paralisadas por inconformidades de projeto ou de orçamento. “O amadurecimento do projeto reduz o grau de incerteza”, disse Spalding. Mascarenhas afirmou que a qualificação do corpo técnico da área de infraestrutura no poder público deve ser melhorada, com estímulo à meritocracia. “É preciso ter gente que entenda esse processo. Construir a engenharia financeira de uma PPP (parceria público-privada), por exemplo, é algo muito complexo”, afirmou.

REGRAS MODERNAS

– Os empresários cobraram a aprovação, pelo Congresso Nacional, de uma nova legislação para licitações, para atualizar a Lei no 8.666, de 1993. Mas apontaram avanços, como a adoção do Regime Diferenciado de Contratação (RDC), modalidade que reduziu a burocracia e o tempo para contratação de grandes obras. “A Lei de Licitações atual completou 20 anos e está completamente fora da realidade”, disse Tourinho.

Mascarenhas lembrou que avanços nesse conjunto de fatores podem acelerar a recuperação do déficit em infraestrutura acumulado pelo país, que investe apenas 2,1% do PIB em obras estruturantes. “Se o aporte dobrasse, o déficit cairia para apenas de R$ 140 bilhões em poucos anos”, destacou. Ouça clicando aqui.

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