CNI defende mudança no modelo de governança para elevar competitividade

Seminário 'Os caminhos para o Brasil de 2022' abordou modelos de uma governança voltada para a competitividade e como o país pode ter um Estado mais eficiente, transparente, profissional, e com instrumentos mais eficazes de fiscalização até 2022

Para a CNI, a competitividade deve ser uma bandeira da sociedade e estruturada por um modelo de governança liderado pelo presidente da República

Confederação Nacional da Indústria (CNI) reuniu nesta terça-feira (23), em São Paulo, seis especialistas em gestão para discutir proposta de reforma na estrutura de governança brasileira nos próximos anos. Os debatedores participaram do seminário Os caminhos para o Brasil de 2022, que abordou modelos de uma governança voltada para a competitividade e como o país pode ter um Estado mais eficiente, transparente, profissional, e com instrumentos mais eficazes de fiscalização até 2022, ano em que o Brasil completa 200 anos de independência. 

O encontro, promovido em conjunto com o Grupo Estado, aprofundou a discussão sobre eficiência, que engloba sete das 42 propostas apresentadas pela CNI aos candidatos à Presidência da República para elevar a competitividade. A instituição entende que a questão central que trava a competitividade da economia brasileira é a governança. “O país demanda por um Estado mais eficiente. Hoje há desperdício de recursos, redução do potencial de crescimento e aumento de custos”, afirma o diretor de Políticas e Estratégia da CNI, José Augusto Fernandes. 

A proposta da CNI é de que a competitividade deve ser uma bandeira da sociedade e estruturada por um modelo de governança liderado pelo presidente da República. Deve envolver diferentes setores, ter caráter decisório e capacidade de ação, além de objetivos e prioridades bem definidos, com monitoramento e avaliação de resultados. Pela proposta, o setor privado precisa ser envolvido no processo desde o início. “Temos convicção de que o êxito da governança para a competitividade depende da mobilização dos empresários”, afirma o diretor da CNI em São Paulo, Carlos Alberto Pires, que abriu o seminário. 

O tema entrará na agenda do próximo presidente da República independentemente de quem for eleito, na opinião do diretor da Macroplan Prospectiva, Estratégia & Gestão, Gustavo Morelli, um dos participantes do debate. “A forma de gerir políticas vai variar de acordo com quem ganhar a eleição, mas nenhum governo será capaz de fazer avançar a competitividade se não atuar, necessariamente, na governança”. 

"Hoje há desperdício de recursos, redução do potencial de crescimento e aumento de custos” - José Augusto Fernandes

PROPOSTAS – De acordo com o sócio-executivo da Prada Administradora de Recursos, Pedro Parente, o Brasil terá de reduzir gastos públicos. “É preciso levar em conta a altíssima carga tributária. Não vejo como ter mais competitividade se não resolvermos a questão básica de fazer muito mais com menos dinheiro”, afirma. Marcos Lisboa, vice-presidente do Insper, também aborda a questão da carga tributária como inibidora da competitividade. “Só a Argentina tem tanta carga elevada quanto a brasileira quando se compara os países da América do Sul. A nossa é de 36% do PIB (Produto Interno Bruto), enquanto a média dos nossos vizinhos é de 20% e eles têm melhores indicadores de saúde, educação e segurança. Temos um Estado grande e que provê pouco.” 

Além da redução, é necessário aprimorar a forma como o dinheiro é gasto, na opinião da coordenadora do mestrado profissional em gestão e políticas públicas da Fundação Getúlio Vargas, Regina Pacheco. “A capacidade estatal não vai melhorar apenas com contratação de mais pessoas para trabalhar no serviço público. Precisamos fazer avaliações de mérito dos profissionais, com flexibilidade, avaliação de desempenho e quebra da estabilidade rígida”, resume. 

O especialista em gestão e também secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente, Francisco Gaetani, defende ainda um marco regulatório que incentive a inovação e que abra caminhos para uma integração técnica internacional. “O Brasil está muito longe dos demais países. Precisamos estar mais ligados a centros de conhecimento globais e universidades. Competitividade envolve integração constante com o que há de melhor no mundo. Nosso marco regulatório é nacionalista, vê com desconfiança e não nos aproxima”, afirma. 
 

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