Indústria brasileira busca atrair investimentos chineses

Seminário Brasil-China pretende ampliar os investimentos chineses no Brasil em infraestrutura, agronegócio e indústria

O presidente chinês, Xi Jinping

Ampliar os investimentos chineses no Brasil em infraestrutura, agronegócio e indústria são os objetivos do Seminário Empresarial Brasil-China, organizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) em conjunto com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), o Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC) e a Confederação Nacional do Transporte (CNT), nesta quarta-feira (16). O evento ocorre na sede da CNI, em Brasília, com mais de 200 empresários chineses, dos mais variados setores, como financeiro, telecomunicações, tecnologia da informação, automotivo, alimentos, eletrônicos e de máquinas e equipamentos. 

Devido ao grande interesse dos empresários chineses em negócios no Brasil, o encontro estará focado nas oportunidades de negócios, em projetos de infraestrutura e no Guia do Investidor, elaborado pela Apex. A primeira fase dos investimentos da China no Brasil ocorreu em 2010 nos setores intensivos em recursos naturais (mineração, petróleo, gás e commodities). Em 2011, os chineses passaram a se interessar em infraestrutura, distribuição de energia, veículos, bens de capital e eletrônicos. Desde 2010, as empresas chinesas anunciaram a intenção de investir US$ 70 bilhões em novas aquisições, parcerias e construções de plantas de fábricas. Até o momento, já foram desembolsados US$ 10 bilhões desse total. 

INVESTIMENTOS - A relação entre Brasil e China é muito importante embora esteja desigual. A China se tornou, em 2009, o maior destino das exportações do Brasil e, em 2011, o maior parceiro comercial brasileiro. Na última década, a corrente de comércio cresceu quase 10 vezes e atingiu, em 2013, US$ 83,3 bilhões. No entanto, 85% da pauta de exportação do Brasil são concentradas em minérios de ferro, soja e petróleo, e mais de 90% das compras brasileiras da China são de produtos manufaturados, em especial, bens de consumo, máquinas, partes e peças de bens do setor eletrônico. 

O seminário Empresarial Brasil-China é uma oportunidade de atrair novos investimentos e iniciar diálogos para equilibrar o comércio bilateral. Empresas brasileiras que investiram ou tentam investir na China têm relatado à CNI dificuldades com regimes que limitam a participação do capital estrangeiro e não protegem a propriedade intelectual. Essas restrições acabam por inibir o investimento brasileiro no país e reduzir as exportações de partes e peças. Uma alternativa é reduzir a limitação, imposta pela China, aos investimentos brasileiros por meio de licenças de regulação para proibir, restringir ou direcionar a entrada de capital estrangeiro no mercado chinês. 

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BARREIRAS TÉCNICAS - Além do seminário, a CNI tem desenvolvido agenda ofensiva com a China em busca de ampliar o acesso ao mercado chinês, agregar valor às exportações brasileiras para o país e diversificar os investimentos. Num levantamento recente, a CNI listou 11 setores que esbarram em entraves ao comércio com a China. Suco de laranja, granito e café industrializado sofrem com picos tarifários. O café industrializado, por exemplo, paga a megatarifa de até 30%, e as chapas de granito desembolsam 24% a mais para entrar no país. Suas versões de produtos básicos pagam tarifas próximo a 0%. Essa diferença torna o produto manufaturado menos atrativo. 

A CNI identificou barreiras técnicas e sanitárias às exportações de carnes, couros, equipamentos médico hospitalares e químicos. Assim a indústria entende que os governos brasileiro e chinês devem estreitar o diálogo para derrubar essas barreiras. No caso das máquinas e equipamentos hospitalares, a China deveria seguir os padrões internacionais definidas pelo International Laboratory Accretitation Cooperation (ILAC) e pelo Internacional Accreditation Forum (IAF) para dar maior transparência na adoção de critérios para o credenciamento dos equipamentos exportados do Brasil. 

O fim das barreiras técnicas para o setor de químicos será possível se China seguir seus compromissos assumidos em seu Protocolo de Acessão à Organização Mundial do Comércio (OMC) e dar mais transparência na publicação de informações sobre os requisitos exigidos na certificação de substâncias químicas. O setor industrial também defende que o governo chinês deixe de exigir o certificado sanitário internacional para as exportações brasileiras de couro wet blue (curtido), pois não oferecem risco sanitário, além de abolir a vistoria nos portos chineses de 100% dos contêineres de couro brasileiro já inspecionados no curtume no Brasil. 

Agregar valor às mercadorias: Fortalecer e expandir as ações da Agência Brasileira de Promoção e Exportações de Investimentos (Apex-Brasil) para agregar valor às exportações brasileiras para a China, sobretudo de produtos do setor de alimentos e bebidas. 

Feiras de importação: Coordenar esforços entre governo e setor privado brasileiros para ampliar a participação do País nas feiras de importação da China para promover as exportações do país no mercado chinês. 

Inteligência comercial e nichos de mercado: Ampliar os estudos de inteligência comercial da Apex-Brasil para identificar e definir estratégias de atuação do Brasil em nichos de mercado na China, em especial, no setor industrial.

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