Recuperação das exportações para União Europeia depende de acordo comercial, diz CNI

Segundo o diretor de Desenvolvimento Industrial Carlos Abijaodi, indústria brasileira precisa negociar redução de barreiras tarifárias e não-tarifárias com outros países e blocos além do Mercosul

No primeiro bimestre do ano, as exportações brasileiras para a União Europeia caíram 8,5% em relação ao mesmo período de 2013. Na avaliação da Confederação Nacional da Indústria (CNI), a melhor chance para o país reverter o cenário de queda é de retomar a negociação de acordo comercial com o bloco europeu. “O Brasil não pode ficar isolado. A indústria precisa que sejam negociados, além da redução de barreiras tarifárias, as barreiras não-tarifárias com outros países e blocos, além do Mercosul", diz o diretor de Desenvolvimento Industrial da CNI, Carlos Abijaodi. Ouça o áudio aqui.

Uma das explicações para a queda nas exportações é o fim do Sistema Geral de Preferência (SGP), o benefício tarifário dado pelos europeus para economias em desenvolvimento. O SGP expirou em dezembro de 2013 para as exportações brasileiras. Com o Brasil de fora do sistema, importantes setores exportadores viram as tarifas de seus bens subirem significativamente (confira o quadro).

Como o SGP é uma concessão unilateral dada pelos europeus, o Brasil não tem como contestar. Mais uma vez fica claro que negociar acordos é importante. Abijaodi explica que, ao sentar à mesa para trocar ofertas, os governos se comprometem a reduzir tarifas e barreiras não-tarifárias no comércio bilateral. Para os mais de R$ 4 bilhões em bens e mercadorias, que foram beneficiados pelo SGP no passado, o Brasil teria mais facilidade em negociar um acerto tarifário e poderia avançar em outros entraves a relação comercial, já que a negociação das tarifas no acordo com a U.E. partiria do nível de tarifas do SGP e não dos níveis mais elevados praticados atualmente.

SETOR US$ MILHÕES PARTICIPAÇÃO
Máquinas, aparelhos e instrumentos mecânicos  779,7  18,6% 
Combustíveis minerais  619,8  14,8%
Químicos orgânicos  486,8  11,6%
Peles e couros  288,4  6,9%
Plástico e suas obras  227,9  5,5%
Veículos automóveis e tratores  226,7  5,4%
Calçados e suas partes  211,4  5,1%
Máquinas, aparelhos e materiais elétricos  193,5  4,6%
Frutas  165,5  4,0%
Químicos inorgânicos  160,7  3,8%
TOTAL  4.180,6  100,0%

Fonte: Negint/CNI

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