A baixa qualidade da educação está no centro das razões para que o Brasil seja uma das economias mais mal avaliadas no quesito competitividade. O baixo investimento focado nessa política e a falta de gestão dos recursos deixou o país com anos de atraso em relação a seus concorrentes internacionais. Na avaliação dos participantes do painel Competitividade: desafios para as áreas de educação e inovação, realizado dentro da programação do Encontro Nacional da Indústria 2013 (ENAI) em Brasília na manhã desta quinta-feira (12), o país só vai conseguir mudar isso se governos e sociedade atuarem de forma sistêmica para atacar esses fatores.
Para o diretor de Operações do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), Gustavo Leal, os desafios estão prioritariamente no ensino fundamental, com a melhoria nos indicadores de proficiência em matemática, língua portuguesa e ciências, e no ensino médio. Ele destaca que o perfil generalista desse nível de educação leva em conta que todos os jovens irão para a universidade. A realidade, porém, é que menos de 20% dos jovens brasileiros hoje estão no ensino superior. “Precisamos criar alternativas educacionais que incluam essas pessoas, de modo a oferecer-lhes um caminho de formação profissional”, diz Leal. Ele destaca que o ensino técnico, por ter diálogo mais forte com o setor produtivo, deve ser valorizado como alternativa de carreira.
Aliado a isso, defende o professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Mozart Neves Ramos, a oferta dos cursos de educação profissional precisa dialogar com a demanda da economia local, para que se garanta a empregabilidade dos jovens. “Se não criarmos condições para que os jovens possam se qualificar adequadamente para trabalharem pelo desenvolvimento social e econômico do Brasil, estaremos desperdiçando nosso bônus demográfico. A juventude brasileira é nosso ativo mais valioso, não podemos perdê-la”, complementa Gustavo Leal.
Os debatedores do painel Competitividade: desafios para as áreas de educação e inovação, defenderam união de forças entre governo e sociedade
O secretário executivo do Ministério da Educação, Henrique Paim, defende que os desafios estão em todos os níveis da educação, da pré-escola até a educação profissional, e argumenta que os resultados das políticas atuais deverão ser percebidas apenas daqui uma geração. “Nosso investimento em educação é historicamente baixo. Destinamos à política três vezes e meia menos que a média dos países da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico)”, ressalta. Ele cita como desafios o acesso a creches e pré-escola e a readequação do currículo do ensino médio, que deverá se voltar para áreas do conhecimento em lugar da divisão por disciplinas.
Segundo o assessor da Presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) David Kupfer, o diagnóstico sobre a baixa produtividade brasileira ainda não é suficientemente claro. No que diz respeito à educação, ele sugere que o caminho seja o de aprofundar a qualidade e ampliar a cobertura. “Não vamos conseguir isso se seguirmos apenas uma dessas direções. Isso deve ser planejado e pactuado politicamente entre a sociedade e governos”, avalia.
O presidente do Conselho de Administração da Gerdau, Jorge Gerdau Johanpeter, reforçou que a educação é a peça chave para o desenvolvimento. Ouça clicando aqui.
Gerdau lembrou ainda que a falta de produtividade não está apenas dentro das empresas. É preciso que o governo assuma a gerência de problemas críticos, como custo logístico e a elevada carga tributária.
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