ENAI 2013: Governança e gestão são decisivas para reduzir atraso em infraestrutura e logística

Para reverter o quadro prejudicial à competitividade da economia brasileira e destravar obras, o Brasil precisa dar um salto de qualidade na governança e na gestão dos grandes projetos de infraestrutura e logística

Uma estimativa da Empresa de Planejamento e Logística (EPL) do governo federal oferece uma dimensão do déficit da infraestrutura no Brasil: R$ 400 bilhões. Isso é resultado de décadas de baixo investimento em obras na malha de transportes e serviços logísticos. Para reverter o quadro prejudicial à competitividade da economia brasileira e destravar obras, o Brasil precisa dar um salto de qualidade na governança e na gestão dos grandes projetos de infraestrutura e logística.

A conclusão foi do debate Infraestrutura e Logística: o custo do atraso, realizado nesta quinta-feira (12) como parte da programação do 8º Encontro Nacional da Indústria (ENAI). Na avaliação dos participantes, não basta o país ter um diagnóstico das deficiências logísticas e das obras que precisam ser feitas. Antes, é preciso desenvolver a eficiência nos órgãos gestores da infraestrutura. “Há uma consciência clara do problema e vontade de resolver, mas ainda pecamos na gestão”, afirmou o presidente de Conselho Temático de Infraestrutura da Confederação Nacional da Indústria (CNI), José de Freitas Mascarenhas. Ouça clicando aqui.

Entre os problemas que dão origem ao conhecido enredo de atrasos nas obras e orçamentos estourados estão os projetos básicos deficientes e incompletos. Um estudo feito pelo coordenador-geral de Pesquisa Econômica Aplicada do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Armando Castelar, aponta que este problema, muitas vezes, é o motivo pelo qual obras são paralisadas. “O modelo de contratação de obras públicas é muito ineficiente. A gente não sabe quando uma obra vai acabar”, destacou.

Mesmo no setor elétrico, em que a adoção de um marco regulatório e normas de contratação têm garantido, há anos, agilidade nas obras, os problemas que prejudicam o setor produtivo ainda ocorrem. O presidente da PSR Consultoria e especialista na área, Mário Veiga, disse que os dez apagões que deixaram o Brasil às escuras nos últimos 12 meses decorrem de falhas na gestão. “Esses problemas ocorreram, não por falta de investimentos, mas por falta de manutenção”, lembrou Veiga.

Na avaliação dos participantes do painel Infraestrutura e logística: o custo do atraso não basta o país ter um diagnóstico das eficiências logísticas e das obras que precisam ser feitas

CAPACITAÇÃO – A baixa qualificação dos agentes públicos responsáveis pela concepção e acompanhamento das obras é um problema que o governo pretende enfrentar a curto prazo, disse o ministro dos Transportes César Borges. Ele destaca que R$ 13 bilhões estão sendo investidos pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), valor superior aos R$ 2 bilhões que eram investidos anualmente, em média. “A realidade que vivemos hoje é a que queremos superar. É preciso garantir que os órgãos públicos funcionem com eficiência”, afirmou.

O ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Aroldo Cedraz garantiu que, como órgão fiscalizador, a corte tem buscado acelerar os processos de análise das obras projetadas, mas ainda enfrenta problemas antigos como projetos básicos de má qualidade. Segundo ele, 45% das 200 obras fiscalizadas neste ano apresentaram problemas no processo inicial de concepção do projeto de infraestrutura. “Hoje, buscamos trabalhar de maneira preventiva e atuar de forma didática para evitar que se repitam os atrasos nas obras”, destacou.

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