O Brasil piorou sua situação em índices globais de educação e inovação divulgados em dezembro de 2013. Saiu da 53º posição no Programa Internacional de Avaliação dos Estudantes (PISA) em 2009 para a 58º este ano. Já a taxa de inovação total, segundo a Pesquisa de Inovação (PINTEC), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), caiu de 38,1%, em 2008, para 35,6% em 2011.
A educação e a inovação são fatores-chave da competitividade. São, portanto, fundamentais para o Brasil aumentar sua participação na economia global. Os desafios que o país terá de superar para mudar essa situação serão debatidos no primeiro painel desta quinta-feira (12) no 8º Encontro Nacional da Indústria (ENAI), realizado em Brasília.
Na opinião do diretor de Educação e Tecnologia da CNI, Rafael Lucchesi, para se tornar mais competitivo, o Brasil precisa produzir com mais eficiência. A produtividade do trabalho, medida pela relação entre o Produto Interno Bruto (PIB) e o pessoal ocupado, coloca o Brasil numa situação grave, se comparado a outros países. Fica em um nível três vezes menor do que na Coreia do Sul; quatro vezes menor que na Alemanha; e cinco vezes menor que nos Estados Unidos. Isto é, para produzir o que um trabalhador americano produz, o Brasil precisa de cinco trabalhadores.
“Sem educação de qualidade, que prepare adequadamente as pessoas para o mundo do trabalho, não conseguiremos alterar esse quadro”, diz Lucchesi, que será um dos debatedores do painel. A escolaridade dos trabalhadores – segundo ele – vem aumentando, mas os impactos na produtividade ainda não foram percebidos. Isso porque, avalia Lucchesi, o Brasil ainda precisa enfrentar o desafio da educação de forma ampla, ampliando o acesso e, ao mesmo tempo, garantindo qualidade e preparando adequadamente os cidadãos para o trabalho.
A CNI defende que a educação profissional é uma das soluções para melhorar essa realidade. No Brasil, o ensino técnico ainda é uma opção de poucos jovens. Enquanto na média dos países mais ricos, 35% dos jovens cursam educação profissional, no Brasil, esse número é de apenas 6%. Ao lado disso, a educação básica também precisa melhorar. O estudante brasileiro deve desenvolver maiores habilidades de raciocínio lógico e os trabalhadores devem ser preparados para aprender a aprender.
FORMAÇÃO DE ENGENHEIROS - A baixa qualidade da formação dos trabalhadores reduz a capacidade de o Brasil inovar. A escassez de recursos humanos qualificados é apontada pela PINTEC como o segundo principal entrave às atividades de inovação na indústria. Nesse sentido, a CNI defende, entre outros pontos, a reestruturação dos currículos de formação de engenheiros. Eles são capital humano fundamental para a inovação, que juntamente com os técnicos, formados na educação profissional, permitem a adoção de novas tecnologias, processos e produtos dentro das empresas.
Outra proposta a fim de aumentar o incentivo à inovação, apoiada pela CNI, é a ampliação dos benefícios da Lei do Bem para as empresas tributadas no lucro presumido no Simples – hoje restritos a empresas de regime de tributação de lucro real. Assim, indústrias de pequeno e médio porte também teriam acesso ao incentivo.
Além do diretor de Educação e Tecnologia da CNI, Rafael Lucchesi, participam do painel o ministro da Educação, Aloizio Mercadante; o governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia; o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho; o presidente do Conselho de Administração do Grupo Gerdau, Jorge Gerdau Johannpeter, e o professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Mozart Neves Ramos.