O futuro é agora

Parceria entre a CNI e a Harvard Business School (HBS) discutirá a importância da exploração da bioeconomia brasileira para o futuro da economia e tecnologia do país

A indústria baseada em inovações genéticas já antecipou o futuro. Essa é perspectiva apresentada pelos especialistas em biotecnologia que participam do 2º Fórum de Bioeconomia. O evento, que acontece nesta quinta-feira (10) em São Paulo, é promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) em parceria com a Harvard Business School (HBS), reúne empresários, pesquisadores e representantes do governo para discutir a inserção do Brasil na economia baseada na exploração do código genético.

Para Juan Enriquez, coautor do conceito Bioeconomia e CEO da Biotechnomy,  o código da vida é o grande propulsor do futuro. “Poderemos reprogramar o corpo para a produção de tecidos e fazer outros usos revolucionários da biodiversidade”, declarou o especialista.

As possibilidades da tecnologia produzida a partir do código genético vão desde a criação de antibióticos imunes a qualquer tipo de resistência, cirurgias reconstrutivas de tecidos e órgãos bem-sucedidas a tratamentos para a osteoporose de alto nível, segundo Enriquez. “Já estamos testando com êxito uma cola humana para ossos fragilizados a custos inferiores ao de qualquer outra pesquisa nessa área”, revelou o pesquisador.

Outras inovações possibilitadas pela biotecnologia são a criação de vacinas em formatos digitais e o desenvolvimento de bancos de dados em sistemas de nuvem que armazenem informações sobre bancos genéticos e sobre a saúde humana. Segundo Juan Enriquez, nos últimos 30 anos os países que ficaram ricos foram aqueles que entenderam o valor do código digital.” Agora isso vai se repetir: quem entender o valor estratégico do DNA vai dominar as tecnologias baseadas nas ciências da vida”, concluiu.

Desafio para a Europa

Em proporções distintas, o continente europeu tem um desafio semelhante ao do Brasil no campo da bioeconomia: melhorar seu contexto legal e político para criar um ambiente mais favorável ao desenvolvimento da biotecnologia. Para James Philp, Analista de Políticas da Diretoria para Ciência, Tecnologia e Indústria da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), “Se não tomar cuidado, a Europa vai se tornar um museu da ciência do século XX”.  

Atualmente, dois trilhões de euros (cerca de 2% do orçamento do bloco) e 9% da força de trabalho europeia estão aplicados na indústria da bioeconomia. “Estimamos que até 2030, esse investimento seja de 32%”, declarou Philp. Segundo o especialista, por motivos políticos as mudanças climáticas não estão no topo da lista de preocupações dos países. “Nosso grande desafio precisa ser garantir a segurança energética do planeta”, defendeu.

O analista da OCDE é otimista em relação ao Brasil e acredita que o país tem pode se consolidar como líder na produção de biocombustíveis. “Os estudos apontam que a era do petróleo barato acabou”, ressaltou Philp. Ele também citou que Brasil teve um crescimento significativo entre 2001 e 2009 na produção de bioplásticos degradáveis. “A estimativa é que em 2016 o país atinja o maior volume de fabricação do material: 776 toneladas métricas”, destacou.

Relacionadas

Leia mais

Biodiversidade gera oportunidades para elevar a competitividade do Brasil
Indústria debate propostas para a Convenção da Biodiversidade na Coreia do Sul
A bioeconomia serve para desvincular crescimento econômico de danos ambientais, defende diretor da OCDE

Comentários