Para inovar é preciso formar redes, melhorar educação e ter programas de governo eficientes

Opinião foi expressada por empresários e especialistas em inovação nos dois primeiros painéis do 5º Congresso Brasileiro de Inovação da Indústria, promovido pela CNI, em São Paulo

A inovação no Brasil depende de diversos fatores, como a formação de redes (empresas, fornecedores, governo, academia, etc), educação para formar profissionais capazes, programas governamentais enxutos e eficientes, financiamento à disposição e uma indústria disposta a inovar, a correr riscos, a buscar novos mercados, produtos e serviços. Se conseguir conjugar tais fatores, o país alcançará níveis de inovação semelhantes aos das economias mais avançadas e disputará mercados com as principais empresas do mundo.

A opinião foi expressada por empresários e especialistas em inovação nos dois primeiros painéis do 5º Congresso Brasileiro de Inovação da Indústria, promovido nesta terça-feira (3) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), em São Paulo.

Glauco Arbix

O presidente da Financiadora de Estudos e Projeto (Finep), Glauco Arbix, salientou que “quem imaginou que a indústria brasileira poderia fazer mais do mesmo com gestão melhor e continuar crescendo, imaginou errado”. Segundo ele, “ou aprendemos a fazer produtos novos, serviços novos e apresentamos isso para o mundo, ou não teremos a menor condição de trabalhar aquilo que é o maior problema da indústria brasileira, que é a falta de produtividade”, ressaltou. A tecnologia e a inovação são ferramentas fundamentais para o sucesso disso e, com isso, é possível ter um crescimento sustentável, completou Arbix.

Carlos Fadigas

Carlos Fadigas, presidente da petroquímica Braskem, deu três sugestões para que as empresas possam acelerar os investimentos em pesquisa e desenvolvimento e inovar mais. “A primeira delas é ter uma carga tributária diferenciada para produtos de origem natural. A segunda, facilitar a importação de conhecimento e de equipamentos. E a terceira sugestão que faço é a de melhorar os processos de compras governamentais”, disse. Ele citou que, dos R$ 70 bilhões que o governo federal compra por ano, somente 0,06% são de produtos de origem sustentável.

Fadigas salientou os produtos naturais porque a principal inovação promovida pela Braskem nos últimos anos foi a criação do plástico verde, com origem na cana-de-açúcar. Ele acrescentou, no entanto, que outros setores também seriam favorecidos por essas medidas, como o agronegócio, o de combustíveis renováveis e o de energia renovável, entre outros.

Luiz Fernando Furlan

Luiz Fernando Furlan, da Brasil Foods, acrescentou que a inovação no Brasil deve ter como alvo a agregação de valor. “A minha empresa exporta produtos com marca, rótulo e caixinha”, resumiu. Ou seja, vende para o exterior produtos de alto valor agregado. “Somos a quarta maior empresa exportadora do Brasil. As três primeiras não têm rótulo nem caixinha”, brincou. Ele citou o exemplo do café. “O Brasil é o maior exportador mundial de café em volume, mas os dois maiores em valor de vendas são Alemanha e Itália, que agregam nome, marca e desejo ao café”, explicou.

Mauro Kern

INVESTIMENTOS - O presidente da Embraer, Mauro Kern, enfatizou a busca da excelência dos produtos e da linha de produção por meio da inovação. “Isso não se consegue de graça. Tem de haver investimento sistemático e constante. Demanda esforço de desenvolvimento de novos produtos, de olho nas tecnologias pré-competitivas, que são aquelas que farão parte do nosso dia-a-dia no futuro”, disse.

Segundo ele, a competição hoje é cada vez maior entre as redes de desenvolvimento, não somente entre as empresas. “Para desenvolver produtos, é importante ter competitividade dos mecanismos de suporte (como os programas governamentais e os financiamentos)”, complementou.

Horácio Piva

O papel da educação na cadeia de inovação também foi discutido durante o evento. Segundo Horácio Lafer Piva, da Klabin, infelizmente os engenheiros e técnicos que hoje vão para o mercado de trabalho não têm a formação ideal. “Os técnicos que saem do SENAI têm uma formação melhor, porque a conversa entre o SENAI e as empresas é mais constante. Mas os demais são quase sempre despreparados para o ambiente empresarial e precisam de treinamento”, salientou.

Marco Antonio

O secretário de Educação Profissional e Tecnológica do Ministério da Educação, Marco Antonio de Oliveira, concordou com Piva sobre a necessidade de se formar melhores quadros. E resumiu: “Nenhum país do mundo avançou na inovação sem um grande esforço na área da educação”.

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